Economia

Suinocultura acumula prejuízos

Foto: Divulgação

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Insumos cada vez mais caros e tendência de queda no preço do quilo do suíno vivo. Com esta realidade posta, alguns suinocultores chegam a pensar em deixar a atividade.

A informação é de Adir Engel, representante regional da Associação Catarinense de Criadores de Suínos – ACCS, que comenta que o milho passou de R$ 36 para R$ 57 a saca de 60 quilos, e a soja subiu de R$ 1,1 mil para R$ 1,7 mil a tonelada. Esses são elementos que compõem a alimentação base dos suínos produzidos na região do Vale do Braço do Norte. 

“Não sei precisar quanto foi que aumentou em percentual o preço da alimentação do suíno, mas o que podemos dizer com certeza absoluta é que o impacto é muito grande”, comenta. A pior parte, porém, é que o mercado não absorveu o aumento no preço final, que acabou sendo consequência do encarecimento da produção. 

“De R$ 2,60 o preço do quilo do suíno vivo chegou a R$ 3,70, mas agora já está em R$ 3,50 e com tendência de queda. Os grãos, porém, só aumentam. O produtor chega a falar em abandonar a atividade. Como nossa região vende para o mercado interno, muitos estão endividados, fazendo empréstimos para manter a produção, apostando em uma melhoria, mas não temos perspectiva”, lamenta. 

Adir enfatiza que, diferentemente de produtos mais básicos, como o leite, o arroz e o feijão, que também têm tido aumento, o suíno é uma carne que pode ser substituída nas mesas por opções mais baratas, como o frango, o que faz com que o mercado não absorva o aumento do custo de produção. 

O problema é uma realidade estadual. De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos – ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, o alto custo de produção agravou a produtividade do suinocultor. 

“Enquanto o preço dos insumos teve enormes reajustes, o quilo do suíno teve queda de 5%. Esse descompasso está acabando com a suinocultura catarinense. O descontrole é fruto da alta do dólar, que só este ano já somou uma alta de 25% com relação ao ano passado. Esses fatores fazem com que o mercado seja desanimador para a nossa suinocultura”, lamenta Losivanio.

Em determinadas semanas de 2016, já foi registrado R$ 130 de prejuízo por animal comercializado. “Esse fator gera desespero para o produtor. Nenhuma das ações propostas pela ACCS para tentar amenizar a crise no setor foi atendida por conta da crise política. Muitos políticos se preocuparam apenas em assegurar suas cadeiras, deixando a população de lado”, analisa Losivanio.

Em Santa Catarina, há relatos de produtores que estão reduzindo plantel e muitos até cogitam deixar a atividade. Losivanio lamenta a atual situação, pois o Estado, que tanto se preparou para ser excelência na produção de suínos, perde mão de obra qualificada.

Reivindicações

Adir salienta que os suinocultores não têm recebido atenção às suas demandas junto ao governo federal. “Uma delas seria a isenção de PIS/Cofins para importação de milho do Paraguai e da Argentina. A alegação é de perda de receita, mas nós nunca importamos milho, logo não haveria perda, só não haveria aumento”, enfatiza. 

O governo estadual prorrogou a redução do ICMS para a venda de suínos vivos originários de Santa Catarina, em vigor desde 1º de março e que terá validade até 30 de junho. O imposto passou de 12% para 6% e a redução temporária dará mais competitividade aos produtores que comercializam suínos com outros Estados. Para Adir, porém, isso impacta pouco a produção do Vale do Braço do Norte. “Nosso público é interno”, aponta.

Com informações do Jornal Diário do Sul