Economia

Sul à espera do desenvolvimento

Não se trata de uma mera disputa entre regiões. Muito menos chororô motivado por ciumeira. O fato é que o sul catarinense está a muitos passos do norte do estado no quesito desenvolvimento. Os investimentos em infraestrutura foram fatores determinantes que resultaram nesta disparidade de realidades.

O norte saiu na frente quando o assunto é acessos, tanto por terra, quanto por céu e mar. Além do porto de Itajaí, principal opção para os exportadores e importadores que operam em Santa Catarina, e aeroportos bem estruturados, a BR-101 por lá está duplicada há muitos anos. E tudo isso somado era o que precisava para atrair os investidores. Na prática, significa muito mais vantagens para os empresários.

Já o sul ainda ‘patina’ para ter a rodovia federal duplicada por completo, um aeroporto com mais opções de horários e destinos, e um porto com melhores condições de atender às demandas. Apesar disso, a região não estagnou. Mesmo em ritmo mais lento, diante de tantas dificuldades, a maioria dos municípios cresceu e novos empreendedores investiram por aqui.

Para os próximos anos, as perspectivas são bem mais animadoras. A conclusão das obras no trecho sul da 101 e da Via Rápida de Criciúma, a plena operação do Aeroporto Regional Sul, em Jaguaruna, a duplicação do acesso ao Porto de Imbituba e o aprofundamento do calado, e a concretização do projeto do Terminal Intermodal Sul, em Içara, são alguns dos impulsos necessários para conquistar o sonhado desenvolvimento.

Faltam dois túneis, uma ponte e pistas complementares

Conforme reportagem especial do Jornal Notisul, basta um dia de feriado ou o clima esquentar para lembrar que a BR-101 é o principal entrave do desenvolvimento do sul do estado. Além da dúvida dos investidores quanto a se instalar na região – afinal, ele precisará escoar a produção -, os gargalos que têm provocado filas quilométricas atrapalham um outro setor de extrema importância para geração de emprego e renda: o turismo.

Muita gente deixou de escolher o sul catarinense como destino para os seus momentos de lazer por causa dos congestionamentos. A duplicação da rodovia iniciou em 2005 e, pelo contrato, deveria ter sido concluída em 2009. Quatro anos se passaram após o prazo e ainda há serviços que nem começaram – caso da construção do túnel do Morro dos Cavalos, em Palhoça.

Em Tubarão, um outro túnel está em construção, no Morro do Formigão. A obra de transposição do túnel do Morro do Formigão, quando pronta, totalizará 900 metros – 450 metros de extensão em rocha escavada e mais 450 metros nos acessos necessários às duas entradas.

Tem ainda a pavimentação das pistas complementares, na travessia urbana de acesso a Laguna, trabalho em exceução no momento. Mas o principal moltivo dos engarrafamentos é a pista simples na Ponte de Cabeçuda, também em Laguna. O trânsito tende a ficar complicado no local até a conclusão da Ponte Anita Garibaldi, que terá 2,8 quilômetros de extensão, prevista para o 2014.

De janeiro a outubro de 2013, 198 navios atracaram no Porto de Imbituba e a movimentação de cargas ficou em 2.012.949 toneladas. Para fazer um comparativo com o norte do estado, oito anos atrás o Porto de Itajaí já movimentava três vezes mais que isso, algo superior a seis toneladas.

Potencial existe para ir além. Estrategicamente localizado no “epicentro” do Mercosul, o Porto de Imbituba também tem baixo índice de assoreamento, o que permite manter boas condições de calado por longos períodos de tempo.

Com a importante obra de dragagem, garantida no PAC 2, será possível receber navios da geração Super Post Panamax, que comportam mais de seis mil contêineres. A obra no canal aumentará de dois a três metros a profundidade. Hoje, o canal tem 15 metros de profundidade e os berços 12.

Ferrovia Litorânea é reivindicação antiga

Ligar a Ferrovia Tereza Cristina (FTC), com sede em Tubarão, à malha nacional é uma antiga reivindicação do sul catarinense. O projeto já existe, com previsão de investimento de R$ 20 milhões.  

O trajeto entre Imbituba e Araquari, no norte catarinense, tem 235,6 quilômetros de extensão. O assunto já é debatido há anos, mas as lideranças empresariais das regiões metropolitanas de Criciúma e Tubarão assinalaram a obra como prioridade há pouco tempo.

Os empresários querem sensibilizar o estado para que haja integração férrea no território catarinense. A proposta é focar a atuação da Ferrovia do Frango (que interliga do oeste catarinense) no transporte de granéis. Os grãos seriam escoados pelo Porto de Imbituba, uma vez que a estrutura já possui perfil graneleiro há muitos anos.

Investimentos eleitos

As lideranças empresariais do sul elegeram investimentos macro estruturantes que incrementarão o processo de desenvolvimento regional, gerando riqueza e agregando valor:

• Interligação da malha ferroviária da Ferrovia Tereza Cristina (FTC) ao norte à malha nacional e ao sul à malha férrea do Rio Grande do Sul  por meio da Ferrovia Litorânea.
• Conclusão das obras de pavimentação da SC-100 (Rodovia Litorânea), com traçado ampliado entre Passo de Torres e Garopaba. 
• Rodovia de escoamento industrial e da produção agrícola interligando o oeste catarinense ao Porto de Imbituba.
• Contorno viário na Grande Florianópolis. 
• Unidades hospitalares de referência regional de média e alta complexidade, especializados em traumas, em Laguna, Içara e Araranguá.
• Implementação do projeto de modernização do Porto de Imbituba e viabilização da máxima ocupação da enseada.

Aeroporto Regional facilitará a vida dos empresários

Mais de um milhão de habitantes do sul do estado, principalmente das microrregiões dos municípios de Tubarão, Araranguá e Criciúma, poderão ser atendidos quando o Aeroporto Regional Sul Humberto Ghizzo Bortoluzzi estiver em operação. Apesar da pista estar pronta desde 2006, ainda não há data definida de quando será possível decolar ou aterrissar em Jaguaruna, o que deve facilitar a vida principalmente dos empresários que precisam viajar com frequência.

Fiscais da Agência Nacional de Aviação (Anac) vistoriaram o aeroporto no fim de outubro, mas não estabeleceram prazo para a homologação. As empresas aéreas TAM, GOL, Azul, Brava (antiga NHT) e Passaredo já demonstraram interesse em operar em Jaguaruna, mas aguardam o posicionamento da Anac.

A RDL Aeroportos assumiu a administração do aeroporto regional em agosto deste ano. A parte de infraestrutura do local está concluída e serviços de manutenção são realizados. A pista tem 2,5 mil metros de extensão e 30 metros de largura e há projeto recursos sinalizados para que seja alargada para 45 metros, tamanho necessário para receber aviões como Airbus 320 e Boeing 767. 

Via Rápida

Importante para todo o sul do estado, já que se trata do maior município da região, inclusive com a maior concentração de empresas, facilitar o acesso a Criciúma é fundamental. As fichas estão depositadas na construção da Via Rápida, cujas obras iniciaram em 2013, com expectativa de conclusão até 2015. A nova via terá 12,7 quilômetros de asfalto, com pistas duplicadas, e uma média de 15 viadutos, com o intuito de evitar intercessões. Mobilidade é tudo quando o assunto é desenvolvimento!