Trânsito

Trânsito de SC está entre os piores no ranking de acidentes e mortes do Brasil

Em 2020, o Estado ocupou o segundo lugar em número de acidentes em rodovias, sendo o terceiro em quantidade de ocorrências a cada 100 quilômetros de estrada, e o quarto em quantidade de mortes.

Divulgação

Santa Catarina é destaque em diversos segmentos socioeconômicos, educacionais e índices de desenvolvimento humano acima da média nacional.

Mas os dados de trânsito destoam das estatísticas positivas do cenário econômico colocando os catarinenses em das piores posições no ranking de acidentes e mortes no país.

Em 2020, o Estado ocupou o segundo lugar em número de acidentes em rodovias, sendo o terceiro em quantidade de ocorrências a cada 100 quilômetros de estrada, e o quarto em quantidade de mortes.

Conforme a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a BR-101 é a rodovia campeã em acidentes e mortes no Estado. Esta semana a Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina) e o Grupo ND iniciam a segunda fase da campanha SC Não Pode Parar justamente com ações de conscientização sobre os acidentes e o papel de cada pessoa no trânsito.

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) fez um levantamento para calcular os prejuízos gerados pelas ocorrências nas rodovias federais que cortam o Estado. Entre 2011 e 2020 foram 134.22 acidentes com 4.689 mortes.

Os custos materiais e sociais estimados nesse período chegam a R$ 22,2 bilhões. O cálculo considera, por exemplo, as despesas com atendimento médico pelo SUS e os danos decorrentes das ocorrências registradas nas rodovias.

Egídio Antônio Martorano, gerente de sustentabilidade e logística da Fiesc, acompanha os resultados da pesquisa da CNT. Segundo Martorano, o valor das perdas estimadas pela CNT pode ser ainda maior porque não contabiliza as pessoas que ficam impossibilitadas de se movimentar em razão de sequelas dos acidentes.

“Se nós formos aqui para o Hospital Regional da Grande Florianópolis podemos ver cenas de ‘guerra’ principalmente relacionadas aos motociclistas”, comenta.

Excesso de velocidade, embriaguez e falta de cinto

Parte dos acidentes é provocada pela falta de atenção dos motoristas e pelo desrespeito às regras de trânsito. Entre as infrações mais rotineiras flagradas pelos policiais rodoviários federais estão o excesso de velocidade, embriaguez, dirigir sem habilitação, não usar o cinto de segurança, conduzir veículo usando o celular, criança fora da cadeirinha de segurança e trafegar pelo acostamento.

Em 2020, mais de 23 mil motoristas foram flagrados sem o cinto de segurança nas rodovias federais e quase sete mil multados porque mexiam no celular ao mesmo tempo em que conduziam o veículo.

“O sonho de todo policial rodoviário é sair em ronda e não precisar fazer multa nenhuma, zero, esse é o objetivo do policial, mas infelizmente o que acontece é um festival de imprudência, é todo tipo de conduta que coloca em risco a segurança dele e a de outros usuários das rodovias”, enfatiza Adriano Fiamoncini, chefe de comunicação da PRF/SC.

Na visão da PRF, o alicerce para um trânsito seguro precisar estar fundamentado em três pilares. O primeiro é a infraestrutura adequada das rodovias para dar condições estruturantes de trafegabilidade. Em seguida, as fiscalizações com maior número de agentes para coibir o descumprimento das leis.

E o terceiro, é a educação, principalmente nas escolas onde estão os futuros motoristas. A ideia não é ter uma matéria isolada sobre trânsito, mas o tema inserido de forma interdisciplinar no conteúdo curricular.

“Para que as crianças aprendam a disciplina e ao mesmo tempo já tenham noções de trânsito para que quando sejam adultas não precisem ser punidas”, reforça Fiamoncini.

Formação e conscientização

“O papel do motorista no trânsito é respeitar e ser respeitado”. É com essa frase que o instrutor de trânsito Aron Muniz chama a atenção dos alunos que iniciam a preparação em busca da primeira habilitação.

Antes de qualquer coisa é preciso conhecer as placas, as leis, as sinalizações e a rotina do trânsito. A teoria é a base do processo de formação de novos motoristas. Conforme o instrutor, os alunos querem passar rápido por esta etapa e ficam ansiosos para pegar logo na direção.

Quando finalizam a autoescola nem sempre colocam em prática o aprendizado adquirido em sala de aula. “As pessoas sabem que não podem estacionar e parar, a placa diz lá, ela liga o pisca alerta e fala dois minutinhos vou ali, ou sobe na calçada ou volta de ré. Então ele não respeita e quer o respeito. Como você vai fazer isso infringindo as leis?”, questiona Muniz.

Laura passou pelas aulas teóricas e está na metade das 20 aulas práticas. A estudante de 20 anos sente na pele a pressão de ser uma aprendiz de motorista. No carro identificado da autoescola, os condutores mais experientes demonstram com frequência impaciência com quem está aprendendo.

Ela ouve buzinas, percebe a falta de respeito e fica difícil controlar o receio. “A gente não sabe o que os outros vão fazer, temos que prestar ainda mais atenção em tudo que está a nossa volta”, desabafa.

Em Chapecó, no Oeste, uma escola do Sistema S inseriu este ano o tema trânsito em todas as disciplinas oferecidas no plano curricular. Os 150 alunos têm contato com o assunto nas mais diversas áreas do conhecimento.

Por exemplo, em matemática, os estudantes analisam gráficos com os números de acidentes. Em física e química aprendem sobre a mecânica e o funcionamento dos veículos. É uma estratégica de estimular a conscientização em uma nova geração de motoristas.

Conforme o coordenador de educação da escola, Márcio Gonçalvez da Rosa, a mudança de comportamento do motorista passa também pela educação.

“A ideia é despertar nos estudantes a consciência de que todos somos responsáveis pelo trânsito que é um local público, as rodovias, as estradas, são ambientes públicos e todos têm responsabilidade nisso”, lembra.

Com informações do site ND Mais

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