Economia

Transportadoras da região sentem reflexo de manifestações

A Fontanella Transportes está apenas com um percentual entre 10% a 20% de sua frota em operação

Foto: Rodrigo Medeiros

Foto: Rodrigo Medeiros

As manifestações realizadas pelos caminhoneiros que interditam as principais rodovias do país têm gerado reflexo na região. Conforme a presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Criciúma e Região (Sinditac), Iolanda Ventura Fernandes, muitos motoristas estão evitando viajar durante essa semana para não serem barrados nas rodovias.

“Em Santa Catarina, a concentração maior acontece na região Oeste e no Norte, principalmente em Itajaí. O movimento está muito forte em todo o Brasil, porém, na nossa região não foi aderido à greve”, conta Fernandes.

A Fontanella Transportes, com matriz em Lauro Müller e filial em Criciúma e outras cidades do país, está com um percentual entre 10% a 20% de sua frota em operação. Dos 300 veículos da empresa, somente 30 a 60 caminhões estão conseguindo transportar.

“Estamos com 30 caminhões parados em Minas Gerais, também com veículos parados na Bahia. A orientação para os motoristas é que não fiquem parados nas manifestações e, sim, em postos credenciados e que também não saiam de suas filiais até voltarmos à normalidade”, explica o gerente de frota da transportadora, Everton Fontanella.

A presidente do Sinditac reforça que em Santa Catarina as manifestações estão ocorrendo pacificamente, mas em cidades como São Paulo e no Rio de Janeiro atos de violência estão sendo registrados.

O gerente explica ainda que o grande impacto das paralisações é sentido na indústria. “Teremos um impacto econômico muito grande. São Paulo, que é o foco da empresa, dos 60 caminhões que circulam normalmente, estamos com apenas 15. Com isso, as empresas estão ficando sem matéria-prima para produzir, já que acabam trabalhando no limite de seus estoques, e com isso, terão que parar sua produção”, esclareceu Fontanella em entrevista ao Portal Clicatribuna.

Os frigoríficos da Aurora em São Miguel do Oeste e Maravilha, no oeste de Santa Catarina, paralisaram o abate de suínos e aves pela falta de matéria-prima.

Lei do Motorista é uma das principais justificativas

Roubo de cargas e veículos, isenção dos pedágios, alto custo dos combustíveis, defasagem do frete, criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas, vinculada diretamente à Presidência da República, e à Lei do Motorista estão entre as principais reivindicações da classe.

“A Lei 12619 foi feita sem discussão e imposto a categoria que reprovou uma série de obrigatoriedades, apesar de aprimorar uma série de outros itens”, observa Fernandes.

Após meses de discussão, os motoristas querem agora que as alterações propostas por uma comissão sejam aprovadas pelo governo. A principal delas aumenta de quatro para seis horas o tempo de direção sem descanso para os motoristas profissionais (a lei obriga meia hora de descanso a cada quatro horas) e que os períodos de descanso e direção possam ser fracionados.

“As manifestações têm o objetivo de pressionar a aprovação das mudanças”, reforça Fernandes. A punição para quem não cumprir o tempo de direção é de R$ 127 e cinco pontos na carteira de habilitação.

As entidades como a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e a Federação dos Caminhoneiros do Estado de São Paulo (Fecamsp) também defendem a inclusão da obrigatoriedade de construção de pontos de apoio e descanso para o caminhoneiro em contratos futuros ou renovação de contratos de concessão de rodovias.

A proposta ainda prevê que, se o caminhoneiro extrapolar o tempo máximo de direção contínua de cinco horas e 30 minutos e a rodovia não oferecer locais próprios e seguros para a parada, ele poderá, então, prolongar o tempo de direção por mais duas horas, sem ser penalizado.

Segundo as entidades, a lei como é hoje acabou por dificultar o próprio exercício da profissão, principalmente para o autônomo. A nova lei para motoristas profissionais entrou em vigor em 17 de julho do ano passado.

Correios adotam medidas para inimizar atraso nas entregas

Em razão da paralisação, os Correios estão adotando medidas alternativas para minimizar atrasos na entrega de cartas e encomendas, entre elas a transferência, em alguns estados, do transporte para o modal aéreo.