Saúde

Transtorno de pânico está entre as fobias mais comuns pós-pandemia, alerta psicóloga

A psicóloga Vanessa Alexandre Tezza orienta as pessoas para que fiquem atenta quanto aos possíveis sintomas do transtorno de pânico, que causa forte sensação de medo e desconforto.

Foto: Divulgação

As consequências na saúde mental pós-pandemia têm preocupado as autoridades de saúde. Entre as fobias mais comum, está o transtorno de pânico. Trata-se de crises repentina, de intensa ansiedade, com forte sensação de medo e desconforto. Geralmente, com duração entre 15 e 30 minutos.

“Estes ataques acarretam preocupações persistentes ou modificações importantes de comportamento em relação à possibilidade de ocorrência de novos ataques de ansiedade. Os indivíduos com agorafobia muitas vezes não conseguem enfrentar as situações temidas e, quando as enfrentam, apresentam um desconforto intenso e procuram estar acompanhados”, explica a psicóloga Vanessa Alexandre Tezza.

A especialista explica de que forma isso é desencadeado. “A região central do cérebro é responsável pelo controle das emoções e da liberação de adrenalina, hormônio que faz com que o organismo se prepare para fugir ou lutar diante de um perigo. No transtorno do pânico, esse `alarme’ cerebral dispara sem que haja um perigo real, provocando a sensação de medo e mal-estar intenso”.

Segundo ela, a ansiedade é um sentimento comum ao ser humano. O que deve ser observado, no entanto, é a intensidade. “Desde a infância, nos sentimos ansiosos com situações e acontecimentos que estão por vir, é um sentimento normal e necessário. Ele ocorre quando criamos expectativas de acontecimentos muito aguardados ou desconhecidos por nós, por exemplo: uma formatura, o nascimento de um filho, o casamento, uma avaliação escolar, a entrega de uma atividade no trabalho… O que difere do transtorno é a intensidade dessa ansiedade”, detalhou.

“Os ataques de pânico acarretam intenso sofrimento psíquico com modificações importantes de comportamento devido ao medo da ocorrência de novos ataques. Os pacientes com TP seguem rotineiramente os mesmos hábitos de visitas às emergências médicas antes do diagnóstico. Essas visitas estão diretamente relacionadas à procura de uma causa orgânica para seus sintomas”, acrescentou.

Nestes casos, pelo menos quatro dos 13 sinais e sintomas devem estar presentes:

  • Medo de morrer;
  • Anestesia ou parestesia;
  • Ondas de calor ou de frio;
  • Palpitações ou taquicardia;
  • Dor ou desconforto no peito;
  • Tremores ou abalos musculares;
  • Falta de ar ou sensação de asfixia;
  • Náusea ou desconforto abdominal;
  • Despersonalização ou desrealização;
  • Sudorese; sensação de sufocamento;
  • Medo de enlouquecer ou perder o controle;
  • Vertigem, sensação de desmaio ou instabilidade.

A relação com a pandemia

A psicóloga Vanessa explica que os transtornos psiquiátricos têm, na sua base, o estresse. Para os trabalhadores da linha de frente da saúde, os desafios diários foram muito mais intensos. “Alto risco de infectividade, sentimento de impotência frente às constantes mortes, ameaças feitas por pessoas em busca de atendimento, falta de recursos o distanciamento social rigoroso, além de enorme angústia, esgotamento e estigmatização”, cita a profissional.

O transtorno do pânico tem ligação direta com o aumento da ansiedade, que, por sua vez, conforme pesquisas, tem tido um aumento significativo em todos os países do mundo. “A pandemia tem sido um desafio muito grande para todas as pessoas. Nos deparamos com o medo diariamente, desemprego, isolamento social, muitas mudanças no cenário socioeconômico, despertando um gatilho para o desenvolvimento de estresse, ansiedade, transtorno de pânico ou outros transtornos”, ressalta.

“Por outro lado, existe também uma grande sobrecarga de informações. A rápida proliferação de notícias falsas, sensacionalistas e sem embasamento científico pode aumentar a ocorrência de negação do problema ou pânico generalizado devido ao contágio psicológico que acontece quando reações como ansiedade, medo e raiva se proliferam entre as pessoas”, complementa.

Estilo de vida saudável é fundamental

Após o diagnóstico feito por profissionais, e boa notícia é que a síndrome do pânico tem tratamento. “O tratamento combina medicamentos antidepressivos e ansiolíticos com psicoterapia e deve ser conduzido por médico psiquiatra. Sua duração vai depender da intensidade da doença, podendo variar de meses a anos, sendo que se trata de um problema que pode ser controlado, mas para o qual não existe a cura completa. A psicoterapia objetiva auxiliar o paciente no resgate da autoconfiança necessária ao domínio das crises, através da consciência de si próprio”, informa Vanessa.

Para todas as pessoas, é recomendado ter um estilo de vida mais saudável. “Nosso organismo produz ao longo de nossa vida uma série de substâncias químicas cerebrais chamadas neurotransmissores. A produção e constância dessa substância se faz necessária para que haja um equilíbrio e uma estimulação entre as nossas células nervosas e outras células do corpo. Quando a produção dessas substâncias está prejudicada, ocorrem desequilíbrios emocionais por fatores biológicos e que atingem níveis elevados associados a outros fatores”, detalha a psicóloga.

Para colocar estes hábitos em prática, algumas ações simples podem contribuir. “É importante buscar manter o equilíbrio e ser resiliente em desafios ou acontecimentos que nos despertem ansiedade, tonando essa sensação menos acentuada. Desviar a atenção dos sintomas de ansiedade ainda estiver em um nível menor de ansiedade, controlando sua respiração, favorece para que não desperte uma crise de pânico. É importante ter autoconhecimento para que possa entender quais os próprios limites”, alerta.

Além disso, a profissional ressalta que a diminuição de tarefas estressoras durante a rotina de trabalho, o excesso de informações e atividades e a autocobrança exagerada também contribuem para baixa autoestima e insegurança, que são gatilhos para uma crise de pânico. “Atividades ao ar livre e de relaxamento também favorecem a diminuição do nível de estresse e da liberação de adrenalina no organismo. Busque sempre cuidar da saúde mental e da saúde física, fortalecendo vínculos de afeto e de boas emoções”, conclui.

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