Segurança

Umbandistas se manifestam sobre incidente em terreiro

Na madrugada deste domingo um fiel foi ferido com golpes de faca em uma casa de umbanda.

Foto: Divulgação / Grupo Correio do Sul

Foto: Divulgação / Grupo Correio do Sul

A notícia veiculada de que um fiel teria sido ferido na perna com dois golpes de faca por um pai de santo, na madrugada do último domingo, em um terreiro no bairro Mato Alto, em Araranguá, repercutiu entre os religiosos e gerou muitas manifestações em redes sociais.

Um homem de 41 anos declarou ter sido esfaqueado durante a sessão, Conforme a vítima, o autor das facadas seria um pai de santo, de 26 anos, incorporado pelo Exú Tranca Ruas. Já o acusado, declarou não estar incorporado e ter ferido a vítima quando foi conter uma briga generalizada em seu terreiro. A Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência por volta das 2h50min.

A reportagem do Jornal Correio do Sul conversou com um pai de santo e traz explicações aos leitores sobre o funcionamento de uma sessão de umbanda. Conforme o pai Douglas, da Casa de Xangô e Exú Mirim, que funciona em Arroio do Silva, nas sessões de umbanda e quimbanda não são usadas facas. As facas ficam guardadas dentro da cangira (casa de Exú) e não são tiradas de lá durante as sessões. “A nossa religião prega amor, lealdade, paz, não tem porque ter uma faca durante uma sessão, nem porque um Exú sair dando facadas em algum consulente, alguém da terreira, algum médium, algum visitante, alguém da assistência. A entidade vem buscar a luz, ela está ali para evoluir, ajudar e não para atrapalhar”, asseverou.

A Casa de Xangô e Exú Mirim pertence a Federação de Cultos Afros de Umbanda e Candomblé do Brasil, Douglas é pai de santo desde os 16 anos e apenas com 23 anos abriu a própria casa, pois precisou passar por muitas etapas antes de estar preparado. O pai Douglas atenta para o despreparo de alguns homens que se denominam pais de santo. “Eu tenho 33 anos de idade e 23 de religião. O que a gente aprende não é isto, o que a gente aprende é que a gente está aqui para ajudar, a gente incorpora para ajudar alguém que precisa, dar um conforto, a gente não usa objetos cortantes em um culto. Não haveria porque daquela faca estar ali, acredito que tenha sido mesmo uma briga generalizada, como ele informou, eu não acredito que ele estivesse incorporado. No fim os bons acabam pagando pelos ruins, mas isto já vem pelo despreparo das federações. Hoje muitas casas, não são filiadas em federação nenhuma e não tem quem fiscalize, o que deveria ter”, declarou.

Normalmente, nas sessões de umbanda acontecem as giras de roda com incorporações, danças e cantos, são dados passes em todos na casa, passes nas roupas levadas para este fim e realizadas pequenas consultas. As sessões têm que ocorrer no máximo até meia-noite, pois a federação não permite que passem deste horário. As facas são utilizadas apenas em obrigações e nunca em sessões.

A umbanda

Em reportagem publicada em janeiro deste ano, o pai Josivan de Ogum, do Centro de Umbanda Ogum Beira Mar, de Araranguá, explicou o que é a umbanda. De acordo com Josivan, a umbanda é a única religião originariamente brasileira. O primeiro terreiro foi fundado no Rio de Janeiro, em 1908, por Zélio Ferdinando de Moraes, na época o médium incorporava o chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas e foi o responsável pela formação de sete tendas que acabaram difundindo a religião no país. A religião tem origem africana, no Candomblé e que trouxe com ela a Quimbanda.

Na Quimbanda, existem os exus, que são as entidades que trabalham na rua, são os servos dos orixás de Umbanda. Cada orixá tem um exu ligado a ele para fazer a parte da terra. Os orixás são deuses, cada um exercendo uma função na terra e os exus são os contatos com os orixás.

Os exus trabalham para o desenvolvimento espiritual das pessoas, com o intuito de evolução espiritual e também para a proteção do médium. São as entidades mais próximas à faixa vibratória dos encarnados e apresentam muitas semelhanças com os humanos.