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Unesc aprova projeto para encontrar soluções para tratar solos e águas contaminados

Gerador de ozônio será testando no tratamento de drenagem ácida gerada pela mineração de carvão

A Unesc, a Fundação Patria (Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências), a empresa Brasil Ozônio (Brasil Ozônio Indústria e Comércio de Equipamentos e Sistemas Ltda), de São Paulo, e a INB (Indústrias Nucleares do Brasil), com sede no Rio de Janeiro, aprovaram junto ao BNDES um projeto para o desenvolvimento de uma solução tecnológica que visa recuperar solos contaminados e tratar das Drenagens Ácidas de Mineração (DAM). O projeto busca solucionar um passivo ambiental causado por uma mina de urânio desativada, em Caldas (MG), que contamina as águas da região com metais pesados e sulfatos.

“Por estar inserida em uma região altamente impactada pela mineração do carvão a Unesc não pode se furtar de participar de forma ativa na busca de soluções para esses problemas, pois esta temática faz parte da missão desta universidade”, destacou o professor doutor da Unesc Elídio Angioletto, que é o responsável pelo projeto, com a colaboração do pesquisador Márcio Fiori, vice-reitor da Universidade.

“A primeira etapa do projeto será desenvolvida em Minas Gerais, na região de Caldas, porém a Unesc contará com um gerador de ozônio para paralelamente ir testando a eficiência deste tratamento na drenagem ácida gerada pela mineração de carvão. A Unesc será a beneficiada com todos os equipamentos e com bolsas de mestrado”, explicou Elídio Angioletto.

A participação da Unesc será como Instituição Tecnológica que é a instituição responsável por fazer toda a parte científica entre o problema e o resultado esperado, utilizando a ferramenta da instituição parceira, neste caso, geradores de ozônio da Brasil Ozônio.

“De forma mais específica a Unesc irá aplicar, avaliar e construir indicadores da efetividade da aplicação de ozônio em solos na redução da produção de  drenagem ácida. Irá ainda aplicar, avaliar e construir indicadores da aplicação de ozônio para tratamento de DAM. Deverá ainda extrapolar a aplicabilidade do sistema de tratamento proposto para outros locais sujeitos à drenagem ácida de mineração e comparar o uso do ozônio com outras alternativas de tratamento existentes”, complementou o professor.

Investimento

O BNDES autorizou a concessão de apoio não reembolsável de R$ 9,6 milhões. Orçado em R$ 10,8 milhões, a Brasil Ozônio é responsável por uma contrapartida de R$ 1,2 milhão.

Desenvolvimento

O projeto contempla atividades de pesquisa e desenvolvimento e a construção de uma planta piloto na unidade desativada de tratamento de minérios das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caldas (MG).

Estruturado para ser executado ao longo de 24 meses, o projeto destina cerca de R$ 1 milhão para 12 bolsas de pesquisa, a serem pagas a pesquisadores das instituições de ciência e tecnologia participantes. Serão adquiridos equipamentos e contratados sete profissionais com dedicação exclusiva, pelo período da execução do projeto, além de serviços de terceiros e consultoria.

Caldas (MG)

Apesar de ter sido encerrada, a extração de minério na unidade de Caldas deixou um grande passivo ambiental: são 45 milhões de toneladas de rejeitos — amontoados de terra, pedra, argila e metais pesados, como urânio e manganês — e água contaminada acumulada nas cavas da mina. Pela rota tecnológica tradicional, seriam necessários cerca de 700 anos  de tratamento até a descontaminação total do terreno.

Em 2006, foi elaborado um plano que reduziu esse prazo para 20 anos, mas com um custo estimado de R$ 400 milhões, em razão da solução tecnológica prevista na época.

Uma nova proposta

O projeto apoiado pelo BNDES vai testar a descontaminação dos solos e da água por meio da injeção de gás ozônio. Caso a alternativa se mostre viável, poderá trazer benefícios ambientais e econômicos a todo o setor de mineração.

No sistema de tratamento proposto, a água contaminada recebe uma injeção de ozônio para oxidação dos metais pesados, que serão retirados poderão posteriormente serem aproveitados. A água segue para um tanque, onde é adicionado cal para ajuste do pH e decantação de metais remanescentes.

Para as montanhas de rejeito a solução proposta não encontra paralelo. A ideia é injetar diretamente o gás nas montanhas de resíduos para eliminar a bactéria Thiobacillus ferrooxidans, catalisadora de reações que produzem ácido sulfúrico.

Colaboração: Assessorias de Imprensa do BNDES e da Unesc