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Vinda de novo grupo de imigrantes preocupa município

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

A vinda de novos grupos de imigrantes continua deixando Criciúma em alerta. Há quase um ano, em decorrência da Copa do Mundo sediada no Brasil, imigrantes começaram a chegar até a região Carbonífera em busca de oportunidades. Porém, todos os dias, novos estrangeiros continuam vindo para a região. Na madrugada de ontem, 25 senegaleses e 18 haitianos chegaram em Florianópolis vindos em um ônibus da Eucatur. Os imigrantes, alguns com febre e gripados, foram acolhidos em um ginásio da cidade. Após divulgação de que um cartaz no veículo indicava Criciúma como destino final alarmou a Secretaria de Assistência Social do município sobre o atual quadro social.

A Secretária da pasta, Solange Barp, auxiliou a Casa de Passagem, que abriga atualmente 30 estrangeiros, a não oferecer mais abrigo. Sempre a frente do caso, espera que o problema não saia fora do controle e que o Governo do Estado possa trabalhar em conjunto com o Federal. “Eles continuam vindo e isso não é novidade para ninguém. A Casa de Passagem está superlotada e no inverno fica ainda mais cheia, estamos aconselhando de que esta não é uma boa época. Mas, eles vêm aos poucos e nosso medo é que chegue novamente um grande grupo. Foi bom que aconteceu isso em Florianópolis que é para sentirem a gravidade da situação”, afirmou Solange. O Governo Estadual divulgou o destino de cada imigrante que chegou a capital e apenas um deles teria como destino Criciúma. No entanto, o número de imigrantes ainda é grande na região Sul. Hoje existem três mil estrangeiros que vivem na localidade e cerca de mil somente em Criciúma.

Os imigrantes são assistidos pela Secretária de Assistência Social na busca por emprego, alimento, moradia, documentação, orientação médica e outros serviços, como a cartilha de leis trabalhistas. Mas, Solange afirma que faltam recursos para atender toda a demanda e que o Governo Federal deveria se responsabilizar pelos estrangeiros. “Em novembro do ano passado foi encaminhado para nós um convênio de R$ 60 mil para alugar 20 casas para eles, contratar cozinheira, pagar comida, água e luz. Mas, com esse dinheiro só conseguimos alugar quatro casas e não deu para mais nada. A situação não é brincadeira. A população recebeu bem os imigrantes, mas chegou num ponto que não tem mais infraestrutura. É só não deixarem mais entrar, não é o que os outros países fazem?”, avalia em relação a fácil entrada de imigrantes e o pouco recurso para atendê-los com dignidade.

Sessenta atendimentos diários

Entre os 30 imigrantes que hoje vivem na Casa de Passagem São José, 25 são homens, um é criança e quatro são mulheres, sendo que uma é gestante. Além de toda assistência aos que ali residem, o atendimento do abrigo se torna ainda mais amplo, conforme a assistente social, Sandra Regina da Silva João. “Atendemos todos os dias aproximadamente 60 imigrantes que passam pela casa, auxiliando em busca de trabalho, documentação, fazendo encaminhamento médico e psicológico. Não sabemos como vai ser. Esse não é o primeiro ônibus e esse povo vai ter que ficar em algum lugar. Emprego também está difícil, mas não temos mais lugar”, ressalva.

O frei Jonas Santana Moreira informa que estrangeiros de novas nacionalidades estão chegando ao país em maiores números. Entre os atuais moradores da Casa de Passagem, 11 deles são de Togo. “Antes eram mais ganeses e senegaleses. Agora tem imigrantes de Togo, Camarões, África do Sul e Benim. Temos seis nações dentro casa agora. Eles (Governo) estão distribuindo as pessoas como se fossem animais. Se permitem que ingressem ao país tem que dar acolhimento humano”, avalia.

Com a família toda

Antes visto apenas como um abrigo, hoje a Casa de Passagem também serve como lar para muitos imigrantes e suas famílias. Jacquelin Michel mora no local junto de sua filha, de sua irmã e da esposa, atualmente grávida. Está no Brasil faz dois anos, mas apenas há um mês escolheu Criciúma para residir. Em busca de melhores oportunidades de emprego, chegou primeiramente em Mato Grosso (MG). Sua irmã veio para o Brasil com as mesmas esperanças em janeiro deste ano. No entanto, na família de Michel, apenas ele trabalha. A busca por emprego foi árdua e não faltaram pesquisas para definir ao estrangeiro que Criciúma seria um bom local para viver.

Vagas de empregos caíram

“Entrei em sites sobre trabalho e procurei as informações. Fiz cadastros pela internet, mas na empresa que estou trabalhando hoje fui pessoalmente. Se você vive em Santa Catarina, por exemplo, mas pode ganhar melhor no Rio de Janeiro, você vai para onde ganha melhor”, alegou o imigrante. Solange Barp afirma que as ofertas de emprego deram uma decaída. “Antes tínhamos de 15 a 20 vagas de empregos por dia. Hoje, geralmente é só um. Com a crise em que estamos, estraremos em uma crise social. As empresas, entre o estrangeiro e o brasileiro, vão demitir o brasileiro”, frisou Solange. Para os imigrantes que encontraram algum serviço, o Brasil tem correspondido às expectativas. “Está bom aqui, a minha família toda gosta”, conclui Michel. 

Com informações do site Clicatribuna