Política

Criciúma tem novo prefeito, mas incertezas permanecem

Foto: Daniel Búrigo, Deize Felisberto / Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo, Deize Felisberto / Clicatribuna

Clésio Salvaro (PSDB) é o prefeito de Criciúma desde ontem. Ele tomou posse no fim da manhã, em sessão solene da Câmara de Vereadores. O ex-prefeito, Márcio Búrigo (PP), deixou o cargo acreditando que o afastamento é temporário e que retomará a cadeira que agora é ocupada pelo adversário político, outrora aliado.

O primeiro dia de um e último dia do outro foi de trocas de discursos,críticas edesabafos. “A Justiça devolveu um direito que é do povo: o de ter administrando a cidade aquele que foi eleito”, comentou o novo prefeito. Ele deve anunciar hoje ao menos uma parte da nova equipe de governo.

No ato de posse, Salvaro se defendeu de relatos feitos por Búrigo de que a administração municipal se encontrava em dificuldades financeiras. “Essa notícia plantada foi veiculada em vários meios de comunicação. Mas eu deixei a Prefeitura no dia 31 de dezembro de 2012 com 3.574 funcionários e apenas 38,46% das receitas (correntes líquidas) comprometidas com a folha de pagamento”, declarou o tucano, na Câmara.

Ele exibiu um extrato bancário do último dia de mandato, alegando que havia R$ 36 milhões em caixa. “De 2009 a 2012, esta Casa não estava em sintonia com o Poder Executivo. Tenho aqui 18 denúncias de irregularidades que foram feitas contra a minha administração. E, hoje, são 18 denúncias arquivadas, porque foram feitas apenas prejudicar o nosso trabalho”, disse.

A posse foi prestigiada por correligionários como o senador Paulo Bauer (PSDB), a deputada federal Geovania de Sá (PSDB), o ex-deputado estadual Dóia Guglielmi (PSDB), o ex-presidente da Casan, Dalírio Beber, e os ex-prefeitos de Cocal do Sul e Nova Veneza, Nilso Bortolatto (PSDB) e Rogério Frigo (PSDB). Políticos de outros partidos também acompanharam, como os vereadores – quase todos compareceram – e o ex-deputado estadual Jailson Lima (PT).Depois da posse, foi até o Paço Municipal, onde foi recebido por servidores e outros criciumenses.

Lembre o caso

A posse de Salvaro se deu graças a uma decisão liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que devolveu a validade dos votos atribuídos ao tucano em 2012. Naquele ano, Salvaro fez mais de 70% dos votos, mas a Justiça Eleitoral entendeu que ele se enquadrava na Lei da Ficha Limpa e lhe negou o registro de candidatura. Com isso, houve nova eleição, em 2013, quando Márcio Búrigo, apoiado por Salvaro, foi eleito. A ação que resultou na volta do ex-prefeito ainda não foi julgada definitivamente.

Márcio promete voltar: “meu governo não está encerrado”

Prefeito até ontem, Márcio Búrigo concedeu uma entrevista coletiva na sede da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) à tarde, quando já não ocupava mais o cargo. Ele esteve acompanhado de quase todo o secretariado e ocupantes de cargos importantes na administração, além dos vereadores do PP, do PMDB e do PT. O adjetivo “temporário” foi repetido à exaustão para definir o afastamento determinado pelo Supremo. Também encheu de elogios os servidores públicos.

“Estamos trabalhando com os advogados mais experientes. Vamos à Justiça para que seja validado o pleito limpo, claro e transparente que me elegeu prefeito de Criciúma”, disse, em referência à eleição suplementar de 2013. “Por isso, não estou fazendo uma prestação de contas. Não estou me despedindo. Meu governo não está encerrado. Ainda vou voltar e deixar marcas indeléveis para esta cidade”, declarou o ex-prefeito.

Márcio rebateu as declarações de Salvaro e disse que herdou a administração em situação complicada financeiramente. “Sabíamos o valor de cada centavo. Chegamos a não ter dinheiro para o combustível de ambulâncias que levavam pacientes a Florianópolis”, declarou.

O ex-prefeito também criticou a decisão de Lewandowski, tomada antes de ouvi-lo, e o fato de não poder dar andamento ao trabalho. “Só tem um que se acha vencedor desse processo. Todas as outras pessoas na cidade entendem que todos estamos perdendo com isso”, disse.

Com informações do site Clicatribuna