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Laguna completa 338 anos

Foto: Marco Bocão

Foto: Marco Bocão

No inverno de 1676, o bandeirante Domingos de Brito Peixoto chegava em Laguna. Passado 338 anos, a vila se transformou numa cidade com 42 mil habitantes. 

Nesta terça-feira, dia 29, ponto facultativo, o Governo Municipal, através da 33ª Semana Cultural, conta com uma programação especial para comemorar o aniversário da cidade. No Centro Cultural terá exposições e recreação infantil; às 10h tem solenidade da imprensa catarinense; exposição de quadros no espaço cultural do Chachá; às 14h30min tem contação de histórias Entre, Atos e Cia de Teatro; às 16h30min tem recital de piano com Pedro Dominguez, às 19h comemoração ao aniversário da cidade e às 21h, show com Ave de Rapina.  

Para o presidente da Fundação Lagunense de Cultura, Leonardo Pascoal, a ideia das festividades é incentivar a cultura no município. “Queremos valorizar nossos artistas e as atividades que a população de Laguna aprecia”, disse Pascoal.

Desenvolvimento 

O prefeito Everaldo dos Santos salienta o desenvolvimento que a cidade está passando. “Estamos transformando esta cidade. Pagamos dívidas e agora vamos colocar a casa em ordem. Daqui para frente muitas obras acontecerão”, salientou o prefeito.  

A recuperação da avenida João Marronzinho, na ordem de R$ 13 milhões, foi a primeira citada pelo prefeito. O início da obra deverá iniciar nos próximos dias. Sobre o acesso norte, já foi solicitado recursos de R$ 22 milhões para o Governo do Estado para a execução da pavimentação. Mesmo aconteceu com a rodovia Ageu Medeiros (SC 436), ligação principal do centro da cidade à BR-101. “Será uma iniciativa do Governo do Estado. Vamos cobrar”, declarou.

Nas obras em andamento, o prefeito enumerou a revitalização do Mercado Público. Com previsão para ser feita em dois anos, a obra está avaliada em R$3.779.742,16. Também a transformação do Cine Teatro Mussi, recursos de R$ 5 milhões, as obras do saneamento básico totalizando um investimento previsto de R$ 36.515.797,34 e a ponte Anita Garibaldi, entorno de R$ 480 milhões.

No Centro Histórico, a execução da obra de revitalização da rua Raulino Horn e rua 15 de Novembro (calçadão), também a construção da rede subterrânea de distribuição de energia, incluindo o entorno da praça da matriz foi apresentada aos presentes. A obra está avaliada em R$ 8 milhões. Ao todo são nove projetos de revitalização do Pac das Cidades Históricas, onde Laguna foi contemplada com aproximadamente R$ 18 milhões.

Outra importante obra em benefício da população e turistas foi a pavimentação da SC-100, rodovia que liga o município à localidade de Barra do Camacho, em Jaguaruna. Com recursos do Pacto por Santa Catarina, o Governo do Estado investiu o montante de R$ 20,9 milhões na pavimentação do trecho de 15,5 quilômetros de extensão. “Somos um governo de diálogo, seremos uma referência nacional”, apontou.

O prefeito também lembrou do crescimento turístico com os empreendimentos imobiliários que estão acontecendo na região de Ilhas, com o loteamento sendo o principal investidor o atacante Ronaldinho Gaúcho e do Guga Kuerten, na Praia do Sol. 

Outro ponto levantado será a ponte flutuante, entre a rodovia SC 100 e o bairro Magalhães, a construção de teleférico no Morro da Glória e o aeroporto Anita Garibaldi. “Estamos em busca de possíveis investidores”, disse o prefeito. 

História da cidade

Com seus 338 anos de fundação Laguna tem muita história para contar, que começou com o povo pré-histórico, colonização açoriana e resultou num belo conjunto arquitetônico tombado pelo patrimônio nacional, belas praias, um dos maiores sítios arqueológicos de sambaquis da América e diversas peculiaridades de uma cidade que se transformou em roteiro histórico cultural.

A história de Laguna começou há seis mil anos com os primeiros registros de comunidades pré-históricas, os sambaquis, chamado pescadores-coletores, formações elevadas compostas de conchas, ossos, restos de fogueiras e artefatos, alguns com 35 metros de altura. Eram hábeis pescadores e mergulhadores de águas profundas, navegavam de canoa e chegavam a capturar golfinhos e arraias. Gerações de famílias viveram nos sambaquis, que em tupi guarani quer dizer amontoado de conchas.

O povo dos sambaquis, de acordo com estudos, teve contato com os xoklengs e carijós vindos do oeste, e absorveu a cultura de outras tribos. Os índios se adaptaram a região devido à proximidade com a lagoa, uma fonte de alimentos.

De acordo com levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) o município conta com 43 sítios arqueológicos, de artefatos do povo sambaqui e dos guaranis.

Laguna nasceu em terras de disputa colonial. Durante os séculos XVII e XVIII, entre as metrópoles portuguesa e espanhola resultaram no Tratado de Tordesilhas (1494). Desse conflito entre metrópoles, uma extensa colônia passava a se formar.

De 1500 a 1700, mas de 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil-Colônia. Portugal temia invasões espanholas no Sul do Brasil, principalmente, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, áreas estratégicas para se chegar ao Rio da Prata.

O litoral permitia o abastecimento de água e alimentos às embarcações. Na disputa, a necessidade de alargar as fronteiras da colônia Brasil. Contudo, somente no século XIX, foram dados os primeiros passos para uma ocupação mais efetiva do território, com políticas de povoamento para o Sul.

Foi no ano de 1676, em 29 de julho, que o bandeirante vicentista Domingos de Brito Peixoto chegou em Laguna. Por ser devoto ao Santo Antônio, o bandeirante batizou o lugar como Santo Antônio dos Anjos de Laguna. A primeira  providencia foi a construção de uma capelinha, construída de pau a pique, mesmo local da atual. Poucos moradores fixaram residências na localidade neste período. 

Segundo o historiador Antônio Carlos Marega, Laguna foi colonizada em duas etapas: a primeira, no século XVIII, meados de 1740, desbravou a região costeira da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, região que vai do Bananal até a Madre, passando por Ribeirão Pequeno. Esses primeiros colonizadores, conhecidos como portugueses dos açores, procuraram habitar o local em busca da pesca e do solo produtivo.

Já na segunda etapa da colonização, na primeira metade do século XIX, com o crescimento do porto, os chamados Portugueses do Continente, trouxeram o desenvolvimento econômico para a cidade. "Foram eles que injetaram dinheiro no local, formando a cadeia genealógica (famílias tradicionais) e a cultura lagunense", acrescenta o historiador. 

Foi o porto de Laguna que veria em 1839 transformar a pacata vila em cenário revolucionário. A República Rio Grandense fundada pelos farroupilhas precisa prosperar e para isso necessitava chegar até o mar. Os imperialistas controlavam os portos e rios do estado vizinho. Com apoio do italiano Giuseppe Garibaldi montaram uma manobra para surpreender os imperialistas através da lagoa Santo Antônio, entrando pela lagoa Garopaba do Sul e barra do Camacho e seguindo pelo rio Tubarão.

Entre os anos de 1748 e 1756, vieram os imigrantes açorianos, incentivados pela Coroa Portuguesa com a intenção de impulsionar as vilas litorâneas do sul do Brasil com aumento populacional. 

Isto provoca uma grande modificação nos usos e costumes da Vila, maior desenvolvimento da agricultura e dos moinhos de farinha de mandioca.

Os açorianos ao chegarem adaptaram-se a nova vida. Modificaram alguns de seus hábitos, entre eles os alimentares. Substituíram a farinha de trigo, base da alimentação, pela farinha de mandioca e a carne pelo peixe. O peixe era salgado para consumo ou exportação. Até o início do século XIX a economia continuou sendo de subsistência. existência do porto como fator preponderante ao desenvolvimento de Laguna.

Laguna em 1847, por Decreto Imperial, foi elevada a categoria de cidade.