Segurança

Concursados da PM vivem angústia

Foto: Divulgação / DS

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Após o curso de formação dos novos policiais militares ser suspenso pela Justiça, os 658 candidatos aprovados no último concurso da PM vivem dias de angústia. Muitos deles já tinham se mudado para as cidades onde a preparação ocorreria. Novamente sem emprego, eles esperam que a situação se resolva o mais rápido possível.

Um deles é um tubaronense de 25 anos que não quis de identificar. Ele conta que se programou para morar em Criciúma, já que teria que fazer o curso de formação durante nove meses no Batalhão da PM daquela cidade.

“Aluguei apartamento, comprei as coisas para a casa e me mudei um dia antes do começo do curso de formação. Depois que suspenderam, fiquei sem chão. Não sei o que fazer agora”, diz o candidato, que voltou para Tubarão enquanto espera que a situação na Justiça se resolva.

O jovem aprovado no concurso da PM também conta que os candidatos iniciaram o curso normalmente na última quarta-feira e que só ficaram sabendo da suspensão à noite. 

“Nós nos apresentamos de manhã e fomos informados de que já éramos militares. Passamos o dia todo tendo instrução, aulas, sem nenhum contato com as notícias que tinham saído. Quando eram 20h, o secretário do curso informou sobre a decisão judicial”, lembra. 

“Entregaram uma nota do comando geral que informava que não éramos mais militares, que tudo o que tínhamos feito o dia inteiro tinha sido revogado. Agora estamos todos com dívidas, contratos de aluguel e sem nenhum apoio financeiro do Estado”, diz.

Segundo o tubaronense, alguns dos colegas que ele conheceu no primeiro dia de preparo vivem dramas ainda piores. “Muitos vieram de outros Estados com família”, comenta o jovem.

Para ele, a decepção foi maior por conta do tempo de espera desde a aprovação no concurso. “Fomos convocados no dia 4 de maio, depois de nove meses de espera e depois de todos os quatro adiamentos da chamada.”

Ainda de acordo com o tubaronense, os aprovados no concurso decidiram que vão esperar o recurso da Procuradoria-Geral do Estado, que busca rever a suspensão. “Caso não surta efeito (o recurso), vamos atrás das medidas judiciais cabíveis”, diz.

Suspeita sobre diplomas de 53 candidatos motivou ação

A liminar do Tribunal de Justiça de Santa Catarina – TJSC que determinou a suspensão do curso de formação de novos policiais foi motivada por suspeitas de irregularidades envolvendo diplomas de 53 dos candidatos aprovados. A decisão foi emitida na quarta-feira pelo desembargador Luiz Zanelato.

A maioria das comprovações de curso superior que estão sob suspeita envolvem diplomas emitidos por três faculdades, localizadas no Paraná, em Pernambuco e no Distrito Federal. Os diplomas têm os registros que comprovam a autorização do Ministério da Educação – MEC, mas em caráter presencial, quando o aluno é obrigado a frequentar as aulas na sede da instituição de ensino. 

A suspeita de irregularidade foi levantada porque os endereços fornecidos pelos próprios candidatos à PM não batem com as cidades onde eles deveriam ter frequentado as aulas – um dos documentos exigidos no concurso é o comprovante de antecedentes criminais emitido por cartórios das cidades onde os candidatos moraram nos últimos cinco anos.

Procuradoria do Estado pede reavaliação

A Procuradoria-Geral do Estado entrou com um recurso no TJSC na tarde desta sexta-feira para tentar rever a decisão. “658 alunos não são contestados. 53 são contestados, mas, se não há certeza e é preciso investigar com mais profundidade sobre se há ou não irregularidade, o correto me parece que seria permitir a sequência do curso e, ao longo do tempo, com as apurações concluídas, determinar se essas pessoas, aqueles 53 casos problemáticos, podem ou não persistir trabalhando na Polícia Militar”, afirmou o procurador-geral do Estado, João dos Passos Martins Neto. Não há previsão para que o recurso seja julgado.

Com informações do Jornal Diário do Sul