Esporte

Crianças conhecem o esporte pelo Programa Segundo Tempo

A alegria da menina Kailany Camargo ao pedalar a bicicleta que ganhou há pouco tempo pela Rua 576, no bairro São Francisco, contagia os vizinhos. Uma das diversões preferidas da aluna da Escola Osvaldo Hülse durante a tarde agora divide espaço com as atividades do Programa Segundo Tempo. Na companhia de aproximadamente 60 colegas, ela conhece e aprende a praticar diversas modalidades esportivas em três tardes por semana, período em que não está na sala de aula.

A segurança de deixar a netinha de 10 anos para brincar, correr e jogar com os amigos no núcleo do Segundo Tempo no bairro conforta o coração da dona Salete Camargo. A zelosa avó de Kailany deixa de lado as inquietações quando a menina está na própria escola ou no Centro Comunitário, locais onde os professores desenvolvem os trabalhos. “Ela está muito feliz porque realizou agora o sonho de aprender a andar de bicicletae fica ‘para cima e para baixo’ na rua. Isso a gente sabe que é muito perigoso.Aqui ela se sente livre, mas tem alguém fiscalizando e cuidando”, explica o motivo da tranquilidade.

Assim como no bairro São Francisco, outras 39 localidades classificadas como sujeitas a riscos sociais possuem um núcleo do Programa Segundo Tempo. Os olhos atentos do coordenador geral do projeto em Criciúma, Manoel Sisenando, acompanham o desenvolvimento das crianças por meio da prática esportiva. “Minha vida sempre foi no esporte. Nestes ambientes sadios, queremos que as crianças saiam daqui pensando em voltar no outro dia e principalmente assimilem os valores transmitidos pelo esporte, como respeito, disciplina, companheirismo, espírito de equipe e muito mais”, espera.

A trajetória de Sisenando e o exemplo do filho, o jogador de futebol Maicon, do Manchester City-ING, servem como exemplo a ser seguido pelas crianças, na avaliação do coordenador geral do Segundo Tempo. “Para conquistar os títulos que tem e os mais de 10 anos de seleção brasileira não foi fácil. O Maicon se criou na Vila Zuleima e enfrentou muita dificuldade para vencer na profissão. Em maio, quando estiver em férias aqui em Criciúma, vou trazê-lo para conversar com a meninada e contar a história dele”, revela.

As atividades do Segundo Tempo são desenvolvidas por um professor e um monitor em cada turma. O Governo Federal, através do Ministério do Esporte, concebeu o programa com o intuito de promover a inclusão social através dos esportes. Os recursos são repassados às cidades selecionadas para o custeio, enquanto os governos municipais se responsabilizam pela gerência. Cada aluno tem direito a uniforme e faz um lanche ao término das duas horas em que ficam nos núcleos.

Durante o ano os cerca de quatro mil alunos terão a oportunidade de aprender sobre diversas modalidades, sempre no período oposto ao que cumpre a carga horária da sala de aula. Os professores contam com a parceria dos técnicos das equipes de rendimento da Fundação Municipal de Esportes de Criciúma (FME). “Depois de conviverem com as modalidades, elas terão a opção de escolher a que mais gostarem para praticar e aprimorar. O objetivo em princípio está no social, mas também temos chances de futuramente ser representados por atletas oriundos deste projeto”, destaca o presidente da FME, Renato Valvassori.

Diz a sabedoria popular que “mente vazia é a oficina do diabo”. A diretora da Escola Osvaldo Hülse, Fátima Zappelini Pereira, confirma a máxima por conhecer algumas histórias de alunos perdidos por más influências. “Infelizmente nosso bairro tem muitos problemas, principalmente o tráfico de drogas e isso é facilitado quando as crianças estão na rua sem fazer nada. No Segundo Temposão horas em que elas se exercitam, fazem amizades e ficam saudáveis”, destaca a educadora.

João Pedro Alves/Decom Prefeitura de Criciúma

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