Economia

Dívidas: segurar gastos é a melhor solução

Foto: Divulgação / Diário do Sul

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As festas de fim de ano passaram e muitas famílias já voltaram ao trabalho e a uma realidade que pode ser dolorosa – a constatação de que gastaram mais do que deviam e ainda têm as contas extras de início de ano para colocar em dia.

Além dos gastos mensais da família, os primeiros meses do ano trazem outras preocupações – como pagamentos de impostos, compra de material escolar e, para muitos, as dívidas acumuladas com os presentes e festas de fim de ano.

Apesar de a desorganização financeira ser um problema grave, que pode ter consequências sérias e precisa ser olhado com atenção, a dica para quem está nessa situação é não entrar em desespero.

“A situação não vai melhorar se a pessoa não olhar para o problema. Então a primeira dica é fazer um levantamento detalhado de todas as dívidas, as contas que precisam ser pagas mensalmente, o quanto se recebe e a partir daí elaborar um planejamento para tentar sair do vermelho. Se a pessoa já está endividada, talvez esse planejamento tenha que ser para o longo prazo”, pontua a economista Vera Lúcia Ochs.

Outro fator essencial que ela indica é colocar todos os envolvidos a par da situação. “Sair do endividamento é um problema e um caminho que precisa ser percorrido pela família que está na situação. Logo, é importante reunir todos, até mesmo as crianças, e mostrar a planilha com as contas. Elas devem saber para onde o dinheiro vai, de quanto a família precisa e saber que precisam colaborar na melhora da situação”, explica.

Assim, cortar gastos fica sendo uma meta de todos e não sobrecarrega apenas o(s) chefe(s) da família. Vera aponta que existem contas que não podem deixar de ser pagas – como aluguel, luz – por isso os cortes serão normalmente no lazer, na alimentação e em áreas que podem ser reduzidas.

“É importante priorizar. Se você deixar de pagar o IPVA do carro, por exemplo, ele pode ser apreendido e gerar custos muito maiores. Então é fundamental ver aquilo que não pode ser atrasado, o que pode resultar em problemas mais sérios. Recorrer ao limite do cheque especial, cartão de crédito ou empréstimo bancário é um problema e deve ser última opção, em especial em épocas de juros altíssimos”, orienta.

Dica é buscar descontos no pagamento de dívidas

O economista Jailson Coelho aponta que, para quem fez as contas de janeiro e percebeu que está em situação de endividamento, a primeira opção é recorrer a reservas. “Muitas vezes a pessoa tem uma poupança e não quer mexer nela. Acontece que os rendimentos da poupança estão baixíssimos e os juros para contratar um empréstimo, por exemplo, são muito mais altos. Ou seja, é melhor utilizar a reserva, pois isso será uma grande economia, já que os juros das contas vencidas também são altos”, ensina.

Caso a pessoa não disponha de nenhum recurso, é preciso tentar negociar as contas com o máximo de desconto que for possível, e, se for realmente necessário um empréstimo, buscar as menores taxas. “Quem toma um empréstimo tem que saber exatamente o que vai pagar de juros. Estamos em um momento de juros altos e que devem subir ainda mais. O cartão de crédito, por exemplo, não é uma opção, pois, quando se paga o mínimo, se tem uma das mais altas taxas do mercado”, completa.

E para quem está no vermelho, não tem jeito: vai ser preciso apertar o cinto. “A pessoa vai ter que abdicar de algumas coisas. Se você gastou demais no ano-novo, talvez tenha que esquecer o carnaval. O que digo é que vale mais a pena abrir mão por um tempo de certas coisas para se organizar financeiramente do que aumentar os problemas com gastos que podem ser evitados”, observa.

Problema maior

A economista Vera Lúcia Ochs comenta que participou recentemente de uma pesquisa que constatou que os trabalhadores em sua maioria não têm orçamento organizado, recorrem a vales (antecipação de salário) e empréstimos.

“A verdade é que a educação financeira não é priorizada em nossa sociedade. Creio que isso passa por um trabalho nas escolas, inserindo essa disciplina, e também nas empresas, pois os empregadores que auxiliarem seus funcionários a se organizar financeiramente terão trabalhadores mais motivados e produtivos”, argumenta.

Vera ressalta que a falta de dinheiro e o endividamento são problemas que refletem na perspectiva de vida da pessoa, gerando frustrações e problemas sociais, já que influenciam na saúde, na harmonia familiar e no desempenho profissional.

 Com informações do site Diário do Sul