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Empresário de São Joaquim tem 5 filhos na linha de frente da guerra entre Israel e Hamas

Produtor de maçãs, que vive entre SC e Israel, teve cotidiano transformado pelo conflito que completa o primeiro mês nesta terça-feira, 7

Foto do exército israelense na fronteira com a Faixa de Gaza, em 31 de outubro de 2023 – Foto: Arquivo/Yuri Cortez/AFP/Divulgação

O empresário e produtor de maçãs Yariv Kalujny, que vive entre Israel e São Joaquim, tem enfrentado dias difíceis desde o início da guerra entre o país em que nasceu e o Hamas.

Seus cinco filhos, com idades entre 23 e 45 anos, estão na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, lutando pela causa israelense no conflito deflagrado no dia 7 de outubro. A guerra completa seu primeiro mês nesta terça-feira, 7.

“A preocupação é constante, não consigo dormir. Estamos com muita agonia, dor e raiva”, afirma Kalujny, que viveu boa parte dos seus 72 anos no Brasil. Os pais imigraram para cá ainda em 1956, quando ele tinha apenas cinco anos.

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Hoje, pelo menos duas vezes ao ano, Kalujny vem à Serra, especialmente nos períodos de poda e colheita – a última vez que esteve em São Joaquim foi na Páscoa, em abril deste ano. Ele comercializa as frutas no interior do país. Nos demais períodos do ano, vive com a família em uma cidade litorânea no entorno da capital de Israel, Tel Aviv.

Desde o início da guerra, Yariv passa os dias cuidando dos netos e acompanhando os desdobramentos do conflito. A última vez que esteve em SC foi na Páscoa – Foto: Arquivo Pessoal

Com o início do conflito, o produtor viu a família seguir um roteiro comum dos períodos de guerra: os homens adultos pegaram em armas, enquanto mulheres e idosos permaneceram em casa, trabalhando e cuidando dos pequenos.

“Apesar de termos um sistema no qual o alistamento é obrigatório, as pessoas querem lutar. Estamos com muita raiva. Essas atrocidades nos lembram do Holocausto e não aceitamos mais, vamos lutar”, enfatiza o produtor. O serviço militar obrigatório, em Israel, dura três anos para os homens e dois anos para as mulheres.

O reencontro com os filhos depende das concessões de folga do exército israelense. “Nos falamos muito pouco pelo celular. Uma vez por semana, ou a cada duas semanas, eles recebem um dia de folga”, conta Yariv.

Além de cuidar dos netos, Yariv passa boa parte do dia acompanhando os desdobramentos do conflito. “Ficamos no celular, grudado nas notícias, é tudo muito fluído. Não conseguimos fazer outra coisa”, conta o produtor. Não é só pelo celular e pela televisão que Yariv consegue ver a guerra: os aviões em direção à Faixa de Gaza, por exemplo, passam por cima de sua casa.

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“Ontem [dia 31 de outubro] ocorreu uma batalha muito dura e soubemos que 15 israelenses morreram. Isso dói muito, eram jovens com idades entre 19 e 22 anos. Cada um é um mundo inteiro”, afirma Yariv. “Não queremos essa guerra”, finaliza.

O primeiro mês da guerra

O estopim da guerra em Gaza foi o ataque de 7 de outubro realizado por membros do Hamas em Israel. A ação foi responsável pela morte de mais de 1.400 pessoas, a maioria civis – entre as vítimas também estão 300 militares. O grupo também sequestrou 240 reféns.

O governo de Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e, desde então, bombardeia sem trégua o território controlado pelo movimento palestino.

O exército israelense contabiliza 30 soldados israelenses mortos em território palestino desde o início da operação terrestre, em 27 de outubro. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, mais de 10 mil pessoas morreram em Gaza – quase dois terços crianças, adolescentes e mulheres.

Por Felipe Bottamedi/ND+