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‘Eu só senti o impacto’, diz garoto que perdeu visão em briga de torcidas

Jovem diz que ferimento foi causado por disparo de bala de borracha da PM

Foto: Reprodução / RBS TV

Foto: Reprodução / RBS TV

Um curativo quase do tamanho da palma da mão cobre metade do rosto do garoto de 14 anos, torcedor do Joinville. Ele perdeu o olho direito após uma briga entre torcidas de JEC e Corinthians e Polícia Militar na parte externa da Arena, no Norte de Santa Catarina, antes do confronto entre os times, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, na noite de sábado (6).

O jovem relata que o ferimento grave foi causado pelo disparo de uma bala de borracha, no momento em que policiais tentava contornar o confronto entre os torcedores. "Quando fecho o olho parece que está vindo bala na minha cara", conta.

O adolescente, que frequenta a torcida organizada do time da casa, relatou que não estava próximo da briga. Torcedores do Corinthians tentaram adentrar ao estádio por meio do acesso principal dos joinvilenses. Foi quando iniciou o conflito, uma vez que deram de frente com os tricolores. A Polícia Militar interveio e no momento que foi disparado um tiro para o alto, o garoto correu para afastar uma amiga e foi ao encontro de um amigo quando ocorreu o incidente.

"Estávamos bem distantes da briga, foi quando o policial atirou. Não sei se foi porque quis, mas pegou em mim, foi uma bala. O médico disse que quando entrou no fundo do olho, ela explodiu.  Eu só senti o impacto. Não doeu muito. Botei a mão e vi o sangue escorrendo e não tinha nada. Aí me levaram para outro lado da rua e tirei a camisa para tampar o ferimento. A ambulância foi chamada, que demorou a chegar porque não tinha como passar por causa da confusão", relata.

A Polícia Militar vai abrir inquérito para verificar se o ferimento que tirou a visão do olho direito do torcedor do Joinville foi por conta de disparo de bala de borracha. A PM não conseguiu informações no dia seguinte ao confronto. Após contornar a briga entre torcedores, os policiais foram confrontados pela torcida do time da casa, que teriam atacado com paus, pedras e arremesso de cadeiras.

O jovem foi encaminhado ao Hospital São José em Joinville e liberado na tarde de domingo (7). Ele se recupera em casa e espera a cicatrização para que seja colocada uma prótese. O adolescente não poderá mais enxergar pelo olho direito, mas a esperança dele e da família é que o ferimento seja imperceptível na aparência.

De acordo com a mãe, quando o médico chegou ao hospital e examinou o garoto, falou que o ferimento foi causado por bala de borracha. "Ele disse: 'Mãe, ele não tem mais olho. Explodiu. Não tem mais o que fazer'. Agora é recuperação, aconselharam procurar um psicólogo para ele. Ele não viu o ferimento, não quer ver. Um dia me perguntou se eu o amaria se ficasse feio (chorando). Qual a mãe que acha o filho feio?".

Conforme o site G1 SC, a marca que vai ficar para toda a vida, porém, parece não influir o sentimento do adolescente torcedor do Joinville. Quando recuperado, espera voltar a ver o JEC atuar. A opinião que pode mudar com o episódio é a impressão que tem sobre confronto entre torcidas.

"Como já tinha visto outras brigas na tevê, não tinha medo. Mas perder a visão foi difícil saber. Quando eu estiver melhor, vou voltar. Não vou por causa de amigo, mas porque gosto de ver o JEC jogar, uma paixão que surgiu na minha vida. Não pretendo largar, minha mãe quer que eu largue, mas não quero largar", assegurou.