Segurança

Incêndio criminoso termina com dois mortos e três feridos

Um incêndio criminoso chocou Criciúma e região na noite desse domingo. A cena da Rua Manoel Jovino Patrício, no Bairro Vila Rica, era de choro, lamento e comoção. Luiza Luciano Borges, 46 anos, e a neta dela, Stefanie Luciano Leandro, de oito anos, morreram carbonizadas dentro da própria casa.

A avó chegou a sair do local, mas retornou para buscar a neta e não conseguiu mais sair. O fato foi registrado por volta das 22h e mobilizou a Polícia Militar, Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros.

A motivação do incêndio é o mesmo problema que assola milhares de famílias, majora a criminalidade e que leva a morte: as drogas. Até o momento, três jovens haviam sido presos pela Polícia Militar, nas proximidades onde houve o crime.

O incêndio ainda resultou em mais três pessoas feridas, entre elas: C.B.L., 22 anos, (filho e tio das duas vítimas fatais), a irmã dele F.B.L., 26 anos e a uma menina de dois anos. F. estava com uma queimadura no rosto, a menina com hemorragia nasal e C. com as pernas queimadas.

Segundo apurou a polícia, C. que é um ex-usuário de drogas estaria devendo a traficantes. Segundo o site Clicatribuna, também chegou a informação de que o rapaz estava sendo obrigado a comercializar entorpecentes para quitar a dívida no mundo do crime, e que ele não estava aceitando a traficar. O débito seria de R$ 6 mil ou mesmo uma moto.

Jovem tinha se livrado do vício

O jovem estava longe do vício há cerca de um ano quando saiu de uma clínica e trabalha como pedreiro. Na semana passada ele tinha sido agredido. O pai dele informou que também há alguns dias foi cobrado, sob ameaça de arma de fogo, da dívida do filho.

Segundo o oficial do dia, o capitão Ronaldo Cruz, C., consciente antes de ser encaminhado ao Hospital São José, comentou sobre a suposta dívida do tráfico, e apontou um dos autores, que já era conhecido no meio policial. “Com base nisso, grande parte do nosso efetivo, que se mobilizou por conta desse fato, conseguiu abordar M.M., 19 anos, já conhecido pela polícia”, relata o capitão.

Vizinhos escutaram discussão momentos antes. Enquanto C. era cobrado da suposta dívida, os outros, jogaram material combustível em volta da residência e atearam fogo. Como a casa era mista, as chamas se propagaram rapidamente.

O Corpo de Bombeiros chegou rapidamente ao local, mas o imóvel estava totalmente destruído. Luiza e Stefanie foram encontradas pelos socorristas já sem vida em um quarto com o corpos carbonizados. “Praticamente só os ossos”, acrescenta o capitão Ronaldo. A menina foi encontrada com a cabeça dentro de um armário, provavelmente na tentativa de respirar. A mulher estava próxima dela.

Para o sargento Nadir Jacinto José, experiente na corporação do Corpo de Bombeiros, há tempos Criciúma não registrava um incêndio com mais de uma morte.

“Uma cena muito triste, a qual nenhum bombeiro que fazer parte”, desabou. Familiares assistiam ao trabalho dos socorristas e da polícia aos prantos. Vizinhos também se mobilizaram com a dor. Muitos até diziam que já premeditavam alguma tragédia. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML). A perícia também esteve no local.

Trio sem nenhum arrependimento

Após ser abordado, M. informou onde estariam os dois comparsas. Foi questão de minutos para G.M., 18 anos e J.N.C., 20 anos, serem detidos em uma lanchonete.

“Esses dois não são tão conhecidos no meio policial, ao contrário de M.. Mesmo sabendo da morte da menina e da mulher, eles não esboçaram nenhum remorso. Totalmente frios”, caracterizou o oficial, que assim como todos os servidores que atuam com a segurança pública, mesmo acostumados com as mais diversas situações, não escondiam o sentimento de tristeza.

O trio foi encaminhado à Central de Plantão Policial (CPP) para os procedimentos. De acordo com o delegado de plantão, João Loss, eles serão autuados em flagrante por duplo homicídio duplamente qualificado, por conta do incêndio, e também pela tripla tentativa de homicídio, com agravante de duas vítimas serem menor.

A pena máxima para o homicídio com alguma qualificadora é de 30 anos. Eles deverão ir a júri popular.

Ordem pode ter vindo do presídio

A ordem para matar C. pode ter partido de dentro do Presídio Santa Augusta por dois irmãos que cumprem pena por tráfico de drogas. As polícias, Civil e Militar, não descartam essa informação.

“Vamos ouvir os depoimentos, que devem durar até de manhã, e colher mais informações. Nada está descartado”, conclui o delegado João Loss.

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