Economia

Instabilidade e possibilidade de demissões preocupa setor cerâmico

Foto: Reprodução Internet

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A instabilidade econômica registrada nos dois últimos meses tem preocupado o setor cerâmico da região carbonífera. Como ocorreu há aproximadamente 10 anos, a possibilidade de demissões em massa de trabalhadores do ramo é uma alternativa a ser avaliada. A previsão é que, se dentro de três meses a economia não se estabilizar, demitir parte de seus funcionários deverá ser uma medida adotada pelas empresas locais, conforme alega o presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica da Região (Sindiceram), Otmar Müller.

Essa realidade será uma consequência de um quadro negativo, já registrando dentro do setor neste último trimestre. O impacto da crise gerou uma redução na produção das fábricas ceramistas locais. Diretamente, o setor emprega 5,5 mil profissionais e indiretamente mais 10 mil. “De certa forma o desemprego já começou, porque tem uma rotatividade de aposentados que não está mais sendo reposto. Nosso intuito é manter esses empregos, porque são mãos de obras qualificadas.

Mas, o grande problema é a falta de visibilidade do futuro. Estamos em uma conjuntura muito negativa devido a pouca confiança da população sobre a crise política”, diz o presidente. As fábricas não se encontram paralisadas, mas atualmente, seis fornos estão desativados na região, que conta com oito empresas voltadas ao ramo. Para fevereiro, a perspectiva é a mesma quando se trata de produtividade, uma vez que os fornos parados demoram pelo menos dois meses para voltaram a operar.

Queda de 20% na produção

Em 2015, o gerente técnico e economista do Sindiceram, Enio Coan, alega que houve aumento de estoques de produtos cerâmicos, mas também a diminuição nas vendas dos mesmos. Essa realidade apresenta uma queda de R$ 35 milhões ao mês em faturamento, conforme dados contabilizados pelo presidente. “Isso significa 1 milhão 600 mil metros de revestimentos cerâmicos que deixam de ser produzidos por mês, o que representa 20% da capacidade de produção de nossa região”, alega Müller.

Durante três anos o seguimento apresentou crescimento tanto na produção, quanto em investimentos, modernização e em rentabilidade. Mas, no segundo semestre do ano recente, os prejuízos decorrentes da economia nacional se tornaram evidentes. Em curto prazo, o setor encontra-se sem opções para contornar a queda, principalmente quando se trata das vendas para lojas e construtoras locais. “Infelizmente, nosso período de notícias boas já terminou, agora o que sentimos é uma queda na demanda. Temos que confiar na retomada do setor e torcer pelo consumo dentro do ramo de construção civil”, diz o presidente.

Crise amenizada por alta de Dólar

O setor cerâmico regional só não está mais afetado pela crise em decorrência do aumento do preço do Dólar. Os valores elevados da cerâmica importada acabam sendo um fator que impulsiona a aquisição daquelas que são produzidas em território brasileiro. “Não fosse esse fenômeno, nossa perda seria ainda mais intensa”, afirma Müller. Isso porque, outros fatores acabam culminando na redução da produção, devido ao alto custo da mesma.

Entre elas está o alto valor da energia elétrica, que impacta diretamente na produtividade da cerâmica. “Em um período de dois anos tivemos 120% de reajuste em energia, o que é um percentual muito expressivo”, alega. Outros fatores são o alto preço pago por produtos importados chaves para a produção. Entre eles estão o esmalte cerâmico, materiais de manutenção, polimento e de retifica.

“Por isso, a queda na aquisição de porcelanato chinês é benéfica, mas por outro lado existem outros ônus na economia. Sabemos que o Brasil compra gás com a Bolívia atrelado ao Dólar, por isso a compra tem saído mais barata, mas isso não é repassado ao consumidor, por exemplo”, diz Enio Coan.

Setor em negociação salarial

Este é um período do ano no qual todo o ramo cerâmico se encontra em negociação salarial dos trabalhadores. Com data base referente a janeiro, a categoria esta pedindo reajuste equivalente a inflação a cima de 11% mais 5% de salário real. Conforme o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ceramistas, Jair dos Santos, nenhuma proposta ainda foi acordada com o sindicato patronal. “Eles sugerem apenas 5,5% de reajuste. Nossa proposta foi encaminhada, mas esta aberta à negociação. O que eles alegam são as dificuldades para o ano de 2016, mas vamos ver até que ponto isso pode afetar os trabalhadores”, diz. Uma nova reunião para debater a negociação está agendada para a próxima sexta-feira, dia 22, no Sindiceram.

Com informações do site Clicatribuna