Segurança

Mais da metade dos homicídios de 2016 em Criciúma ainda não foram solucionados

Foto: Arquivo/Clicatribuna

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Dos 13 homicídios consumados em 2016 em Criciúma, sete ainda não foram solucionados pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil. Conforme o delegado responsável pelos casos na cidade, André Milanese, o principal fator que interfere na agilidade dos inquéritos é a falta de denúncias das ocorrências, somada ao acúmulo de funções que os servidores da área possuem. Outro dado que chama a atenção é que 11 desses assassinatos, o que representa 84,6% dos crimes, possuem relação com o tráfico de drogas.

Como a grande maioria dos casos ocorre em bairros de maior vulnerabilidade social, a polícia tem dificuldade em buscar informações, denúncias para o prosseguimento das investigações. "Eles (moradores dos bairros) têm medo de informar, pois nesses locais ocorre muito tráfico de drogas e a comunidade tem medo de denunciar. A informação que chega à polícia vem, muitas vezes, incompleta, o que não materializa uma prova.", comentou Milanese.

Outro problema enfrentado é a conhecida falta de efetivo que o setor enfrenta. Para solucionar todas as tentativas de homicídio e homicídios, a DIC de Criciúma conta hoje com quatro agentes e um escrivão, embora não haja uma divisão específica para os casos de assassinato. Em Joinville, que registrou mais de 40 homicídios este ano, o Governo do Estado assinou um decreto em fevereiro que cria a Delegacia de Homicídios, responsável exclusivamente pelos assassinatos. A autoridade policial local defende a criação de uma delegacia para Criciúma. "Ano passado foi praticamente um homicídio por semana. Começa-se a investigar um, já tem outro. O número elevado de óbitos registrado ultimamente na cidade justificaria a criação de uma delegacia para os assassinatos", afirmou Milanese, que, além de cuidar dos homicídios, é responsável pelos crimes relacionados ao tráfico de drogas. "Se tivesse um delegado apenas para cuidar dos homicídios, os índices, com certeza, iriam melhorar", pontuou.

As vítimas dos crimes que possuem relação com tráfico de drogas, de modo geral, são usuárias de drogas ou agem como pequenos comerciantes. "São traficantes que comercializam nas ruas, que atuam na ponta do esquema. Que brigam por espaço, furtando drogas de um esconderijo, que não pagam a dívida e são jurados de morte", informou. No Cristo Redentor, a Polícia Civil já identificou o líder, que está foragido, apontado como mandante dos homicídios. "Ele incita os adolescentes a praticarem o assassinato, mas está junto", comentou.  No Renascer, disputas entre pequenas facções que realizam o comércio de entorpecentes são os principais motivadores para que os delitos ocorram.

A Polícia Civil investiga os outros sete casos, porém ainda não tem previsão de conclusão de inquérito, mas em todos eles há suspeitos apontados. "As investigações prosseguem para confirmar os suspeitos", relatou Milanese. Os outros dois homicídios registrados, que não possui relação com o tráfico de drogas, foram motivados por desavenças entre vizinhos. Um deles ocorreu em outubro do ano passado, quando um morador reclamou de som alto à Polícia Militar. Ele foi alvejado no ano passado pelo vi-zinho, mas o óbito ocorreu, conforme a Polícia Civil, em janeiro deste ano. O outro caso também foi uma rixa entre vizinhos, ocorrido no Bairro Laranjinha, em janeiro deste ano. Os dois acusados pelos crimes estão presos.

Como soluções para os problemas, a autoridade policial cita políticas públicas para os bairros menos favorecidos e também reforça a importância da denúncia. "A comunidade tem que ter mais participação. Se presenciou, testemunhou, tem que fazer seu papel de cidadão, para que nós solucionemos os crimes. A comunidade estará livre desses criminosos quando colaborar", concluiu. O número da Polícia Civil para denúncias é o 181. Não é necessário se identificar.

Com informações do site Clicatribuna