Segurança

Na dúvida, não compartilhe

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Sexta-feira, 9 de outubro. Enquanto a família e amigos de Caroline, brutalmente assassinada em Morro da Fumaça, realizavam o velório e o enterro da jovem estudante, agentes da Polícia Civil da região prosseguiam com as investigações de quem cometeu o crime. Nas redes sociais, nas rodas de conversa, o assassinato era o principal assunto. Entre a comoção, várias perguntas sem respostas. A principal delas: quem matou a jovem? As redes sociais já tinham um culpado. O padrasto de Caroline. Quarta-feira, 14 de outubro. Uma mensagem que rodava diversos grupos do aplicativo WhatsAppdizendo que um bebê havia sido sequestrado durante um assalto no centro da cidade.

Os dois casos citados acima se tratavam de boato.  A investigação concluiu que o assassino de Caroline era o vizinho dela, após ele se entregar aos policiais no último final de semana. Já o caso do bebê, o boato, que na internet recebe o nome de “hoax”, circula há mais de um ano e, com freqüência, aparece em grupos, como que aconteceu na região de Criciúma na noite da última quarta-feira. Para a Polícia, casos como esse além de atrapalharem as investigações, podem causar consequências irreversíveis.  

O boato de que era o padrasto de Caroline o suspeito de cometer o assassinato atrapalhou as investigações da Polícia Civil. “Nós, desde o começo, estávamos com uma linha de investigação, que era certeira, mas o boato foi tão grande que chegamos a ponto de mudar o foco das investigações, mas logo depois foi descartado graças ao trabalho dos policiais”, afirmou o Delegado Regional de Criciúma, Jorge Koch.

Ainda de acordo com a autoridade policial, é preciso ter cuidado na divulgação de algum suspeito, antes de se ter alguma informação oficial. “É preciso muita cautela por parte da população. Antes de publicar qualquer coisa contra alguém, certifique-se do conteúdo. Sem querer, você acaba fazendo um desserviço, além de acusar de algum inocente”, afirmou Koch. No caso do assassinato, as consequências sobre os boatos poderiam ser maiores. “A  comoção era tanta que nós poderíamos ter um linchamento de um inocente. Ele poderia ser morto. Repito: muito cuidado com as informações da internet”, declarou.

Para o professor de Ciências Humanas da UNESC, João Batanolli, no ponto de vista social, os boatos replicados por parte da população, sem a verificação da procedência, seria uma auto-afirmação da sociedade.  “Esse assunto merece um aprofundamento. Mas percebemos que muitas pessoas têm um vazio interior, vazio de valores, envaidecido com o consumismo, imediatismo. E utilizam as redes sociais como parte deste imediatismo e principalmente como uma auto-afirmação. E disso saem conteúdos como os boatos, não apenas na esfera criminal. É claro que a internet há o outro lado, com pessoas que fazem disso, uma boa ferramenta, mas casos como esse chamam mais atenção”, comentou.

Segundo o professor, apesar do assunto ser bastante complexo, uma das formas para amenizar situações como essa passa por uma revolução na educação. “Tudo passa pela educação. Não na educação apenas técnica, mas na educação principalmente de valores. Com educação de valor, a sociedade tenderia a cometer menos erros nesse sentido”, concluiu.  

O Código Penal Brasileiro estabelece que se alguém acusar outra pessoa de um crime que ela não cometeu, inclusive pela internet, quem divulgou poderá responder por crime de calúnia, que pode pegar detenção de seis a 24 meses de detenção, além de pagar uma multa.

Com informações do Portal Clicatribuna