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Pela mudança: cerca de 10 mil pessoas vão às ruas em Criciúma

Movimento #VemPraRuaCriciúma concentrou os manifestantes no Parque das Nações Cincinato Naspolini e está em frente à rodoviária

Verde e amarelo, bandeiras nacionais, cartazes de protestos, caras pintadas, narizes de palhaço, gritos de mudança e disposição e indignação à prova de chuva. Assim caracterizou-se o movimento #VemPraRuaCriciúma, o qual concentrou manifestantes no Parque das Nações Cincinato Naspolini, no bairro Próspera, seguiu pela Avenida Centenário, fez uma parada em frente à Igreja Assembleia de Deus, na área central da cidade, ainda se concentrou em frente à rodoviária e partiu rumo a prefeitura de Criciúma, no bairro Santa Bárbara, onde foi encerrado, por volta de 21h10min.

A vontade de mudar o Brasil reuniu nesta quinta-feira cerca de 10 mil pessoas nas ruas de Criciúma, conforme estimativa da Polícia Militar. A concentração teve músicas de protesto e a execução do Hino Nacional, momento que marcou a saída do grupo. "Chega de silêncio, chega de conformismo. Esse basta é para esfregar na cara da corrupção que o teto é de vidro. Saímos de casa hoje para educar a política nacional", disseram os organizadores em cima do carro de som ao chamar os manifestantes para a rua. A chuva deu trégua quando iniciou a manifestação e só retornou quando as pessoas já estavam a caminho da prefeitura.

Inclusive, no Paço Municipal Marcos Rovaris, os manifestantes pararam na frente da entrada principal, onde colaram alguns cartazes nas vidraças. O local estava vazio, exceto pela presença de um guarda nas dependências internas da prefeitura. Segundo o Portal Engeplus, um dos vidros foi quebrado, mas o autor do ato de vandalismo não foi identificado e outras ações de depredação foram impedidas pelos próprios manifestantes. Pouco antes do término do ato público, o comandante do 9o Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Criciúma, tenente coronel Márcio José Cabral, avaliou como positiva, tranquila e pacífica a manifestação.

Entre as reivindicações críticas e bem humoradas mostradas nos cartazes estão pedidos pelo fim da corrupção em todos os setores, a desaprovação da PEC 37, não ao aumento da passagem de ônibus, críticas à inflação e aos políticos. Chamaram atenção entre os manifestantes aqueles que se cobriram com a bandeira do Brasil, os que juntaram crítica e humor para escrever frases de protesto em seus cartazes, além dos que cobriram o rosto com máscaras, entre elas uma das mais usadas pelos manifestantes ao longo do país: a do personagem "V", do filme V de Vingança, o qual é sinônimo de revolução.

"Sou contra as regras do sistema", afirmou um manifestante que usava essa máscara e preferiu não se identificar. O jovem também chamou atenção porque usava terno, gravata, uma cartola e empunhava uma bandeira nacional. Ele não é morador de Criciúma, mas trabalha como funcionário público no município. "É assim que eu trabalho todo dia, não se trata de uma fantasia", revelou o rapaz que tem acompanhado nas redes sociais as manifestações pelo país. Assim como ele, milhares de pessoas saíram de suas casas para reivindicar algo pelas ruas de Criciúma.

– "Além de toda a corrupção no nosso país, somos contra o preconceito, a homofobia, o racismo, o fundamentalismo religioso, a cura gay. Somos a favor do passe livre, da mobilidade urbana. Não temos e não somos a favor de nenhum partido. Hoje é apenas mais um dia de luta pelas nossas causas, pois estamos sempre mobilizados, como na última Marcha das Vadias e na primeira Parada Gay que deve acontecer em Criciúma", destacou Ivan de Souza, de 44 anos.

– "Quero mostrar para os meus filhos que a impunidade não pode prevalecer. Tivemos muitos gastos públicos com a Copa, para a construção de estádios, quem paga isso somos nós, mas para quê? Isso não trará nenhum benefício para educação e saúde, por exemplo", indagou Charles Fiamancini, de 40 anos. Ele foi acompanhado da filha Tainan, de 17 anos, e do pequeno Charles, de seis anos.

– "Os políticos foram eleitos pelo povo, mas não respeitam nossa dignidade. Eles roubam, os partidos roubam, tudo isso corrompe outros setores, como saúde, educação. Queremos o fim da corrupção, dizemos 'não' ao PEC 37 e também queremos o passe livre", afirmou o casal Rogério Baldessar, de 57 anos, e Regina Baldessar, de 56 anos, acompanhados do amigo Pedro dos Santos, de 60 anos. Ambos são moradores do bairro Comerciário e acompanharam pelas redes sociais os preparativos para a mobilização.

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