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Santo Antônio inspira paixões e histórias de amor

Nos pés da imagem do Santo Antônio, na igreja matriz, pedidos e agradecimentos integram a decoração.

Nestes dias 12  e 13 de junho, o desejo de ter alguém para casar é o principal tema dos “bilhetinhos” deixados para o santo casamenteiro.

Dona Zelir Teixeira Mattos, 74 anos, que o diga, são 20 anos trabalhando ao lado de Santo Antônio. É ela a guardiã dos recados e objetos deixado por fiéis.

Todos os dias, antes de fechar a igreja, recolhe os pedidos, também rosários, sementes de girassóis, flores vermelhas e muitas cartas de amor. Tudo é guardado e deixado aos cuidados do padre da paróquia, Pedro Damásio.

Milhares estão guardados como  relíquias. Todos recebem as bênçãos.

São raros os dias que não aparece ninguém para agradecer ao santo por uma graça alcançada, e casamento faz parte da lista de agradecimentos. “Senhoras de idade vêm dizer muito obrigada, pois Santo Antônio ajudou”, conta ela Zelir.

As jovens são mais tímidas e não dispensam as simpatias. Muitas chegam envergonhadas e, rapidamente, colocam seus pedidos ao redor da imagem.

“Estou solteira há muito tempo, quero encontrar um homem decente”, deseja Ana, 34 anos, que prefere ficar no anonimato. “Sofri muito com o meu ex-namorado devido ao álcool. Só peço uma pessoa do bem”, lamenta.

Nesta quinta-feira, dia de Santo Antônio, a igreja de Laguna deverá receber a visita de muitos fiéis.

Namorados famosos

Uma história de amor fez Laguna ficar famosa em todo o mundo. Foi uma troca de olhar entre o capitão Giuseppe Garibaldi e Ana Maria de Jesus Ribeiro, que culminou no casamento rodeado de batalhas, luta armada e romance.

Por  todo o centro, a história é lembrada. No Museu Anita Garibaldi a estátua de bronze da guerreira é o ponto tradicional da cidade. Na Casa de Anita utensílios e móveis levam o visitante ao século 18. “Casais de namorados costumam bater fotos, até book de casamento foi feito na frente do museu”, diz a moradora Ana Léia Moraes, 78 anos,

Romance

Nascida em Laguna, já na adolescência Ana Maria de Jesus Ribeiro (1821-49) demonstrava amor pela liberdade desafiando os costumes da época: andava a cavalo e tomava banhos de mar.

O combatente italiano Giuseppe Garibaldi (1807-82) estava exilado em Santa Catarina depois de colher os louros da Revolução Farroupilha.

Vivia em uma escuna ancorada na baía de Laguna quando viu pela luneta uma jovem. Seu caminhar altivo e os cabelos negros soltos ao vento o cativaram de imediato: “Mi ha colpito come um fulmine (“me atingiu como um raio”, teria dito). Ana, que ele chamava pelo diminutivo em italiano, Anita, tinha na época 18 anos; ele, 32.

O namoro começou enquanto ela fazia exercícios de tiro instruída por ele. Os dois atuaram em batalhas no Uruguai. Anita carregou canhões, foi enfermeira, aprendeu a falar italiano, espanhol e francês.

Instruía-se e fortalecia seus ideais de igualdade e justiça social. Garibaldi vibrava ao vê-la lutar: “De pé sobre a popa, no cruzamento dos tiros, surgia ereta, calma e altaneira como uma estátua de Palas”.

Fonte dos apaixonados

No início da colonização do município, uma das fontes de água era a da Carioca, localizada ao lado da Casa Pinto Ulysséa. No pé do morro, a fonte é abastecida de água mineral, já comprovada por geólogos.

Antigamente, apenas uma pequena bica jorrava água. No ano de 1863, uma estrutura foi construída por escravos, muito comum na época, pois eles realizavam o trabalho braçal.

Foi denominada Carioca, que em tupi guarani significa casa branca ou oca.

A água da fonte foi por muito tempo, canalizada para prédios públicos e também para uma fonte ao lado do antigo Mercado.

Conforme o historiador Antônio Carlos Marega, o local se tornou um dos pontos turísticos da cidade, levando a fama de Fonte dos Namorados.

O motivo eram as idas e vindas das famílias até à fonte, uma atração para os visitantes.

Durante o passeio, os jovens solteiros trocavam olhares, muitos namoros começaram no trajeto até à fonte. A água da Carioca era levada pelas famílias que visitavam os lagunenses.

Foram nessas idas que casamentos iniciaram originando a fama do lugar.