Geral

São as águas de março fechando o verão

Foto: Divulgação / Notisul

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Esta frase extraída de um grande clássico de Tom Jobim nos lembra de que o mês três é um “divisor com águas”, pois, nesta época do ano, no hemisfério sul da América do Sul, parece que o céu desaba sobre a região.

“A grande enchente de 1974 foi provocada por um fenômeno chamado cataclisma. As massas oceânicas foram empurradas para o continente pelo vento leste, que bateu na Serra do Rio do Rastro e não conseguiu se dispersar, ocasionando a forte precipitação pluviométrica, ocorrendo uma tromba d'água”, afirmou Amadio Vetoretti, historiador e diretor do Arquivo Histórico de Tubarão.

Ocorrida em 23 e 24 de março de 1974, esta enchente foi devastadora, varrendo praticamente as margens do Rio Tubarão, da nascente às encostas da Serra Geral em Rio Bonito Alto e Rocinha, onde nascem os dois afluentes que se juntam na Praça Henrique Lage, no centro de Lauro Muller até sua foz, bem como todos os seus demais afluentes como os Rios: Oratório, Laranjeiras, Braço do Norte e o Gravatal. Destruiu parcialmente a cidade de Tubarão e todo o ramal ferroviário que ligava a Cidade Azul ao Berço Histórico do Carvão Nacional – Lauro Müller.

No interior de Orleans e Lauro Müller, os prejuízos foram incalculáveis, lavouras foram destruídas, rebanhos dizimados e as estradas e pontes simplesmente desapareceram.

Em Orleans, a usina hidrelétrica, pioneira no sul do estado desde 1937, teve destruídos a barragem, o canal e a casa de máquinas. O município perdeu as pontes da ferrovia, a paralela que servia de acesso a Lauro Müller e a de concreto, que dava acesso a Urussanga. Casas modestas situadas ao longo das margens do rio foram levadas pelas águas.

Lauro Müller, que nem bem havia se recuperado da enchente de 1971, voltou a vivenciar o mesmo pesadelo em 1974, quando sofreu com os estragos causados pela segunda grande enchente. Apesar de, felizmente, ter havido apenas seis mortes em 1971, os danos imensuráveis daquela época ainda estão na cabeça daqueles que presenciaram a catástrofe.

Em uma chuva de poucas horas, diversas famílias viram seus lares sendo carregados pelo rio que se transformou de uma forma violenta, como nunca antes vista. Pela escassez de linhas telefônicas na época e, como também, pela falta da energia elétrica, muitos se encontravam incomunicáveis e desesperados pela falta de contato com parentes que não estavam próximos de suas residências.

Enchente de 1974 foi a pior de Santa Catarina

Tubarão foi o município mais castigado pela enchente de 1974. A força das águas deixou 199 mortos e 65 mil desabrigados. O rio, que dá nome ao município, subiu 10,22 metros depois de dois dias de chuvas ininterruptas. A água baixou apenas dois dias depois e 90% dos moradores perderam tudo o que tinham.

Colaboração especial Sul in Foco: Júlio César Cardoso / Instituto Histórico e Geográfico das Terras do Conde – Encostas da Serra Geral