Saúde

Socorristas do Samu não aprovam proposta do governo estadual de centralizar atendimentos

Foto: Divulgação

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A proposta do Governo de Santa Catarina de criar uma Central Estadual de Regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu, com o objetivo de cortar custos, tem gerado insatisfação dos funcionários e preocupação da população. Com o novo projeto, as oito centrais regionais, que recebem os chamados e distribuem o atendimento, serão extintas.

A tendência, com a medida, é que o tempo de espera aumente para quem necessitar de atendimento. A proposta será debatida no 6º Encontro do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina – Cosems, em Laguna, nesta quinta-feira (23). Se aprovado, a intenção é que entre em prática em outubro, com economia de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões.

O técnico de enfermagem Marlon Rabello Amancio, do Samu de Lauro Müller, é contra a proposta. Ele questiona quanto vale as vidas que, conforme ele, serão perdidas com a mudança prevista. “Eles alegam que será economizado, mas quanto vale vidas perdidas? Serão muitas ligações centralizadas em um único local e isso irá prejudicar o tempo de resposta, que é o tempo que nós temos para chegar até a vítima”, defendeu.

Para ele, haverá queda na qualidade do serviço. Conforme informações de Marlon, as oito centrais possuem 40 linhas disponíveis de acesso para o número 192. “O Estado alega que irá manter o número de linha, mas é sabido que vai cair para 30. Será um número muito grande de pessoas ligando e dificilmente irá suportar”. Ainda de acordo com ele, as centrais regionais possuem três médicos o dia todo, totalizando 24 em Santa Catarina.

“Com a centralização irá cair para 13 durante o dia e nove à noite. A população irá ter um serviço do atendimento, mas não irá conseguir entrar em contato”. O técnico de enfermagem defende ainda que um operador de Florianópolis não será capaz de conhecer tão bem cada região de Santa Catarina quanto um operador regional.

“O Estado irá disponibilizar mapa eletrônico, mas nós temos uma região de interior muito grande, que não é mapeada. Será difícil informar e localizar o endereço desses lugares. Nós contamos muito mais com o conhecimento do operador da regional do que com o GPS, que é a forma como eles querem implantar para nos localizarmos. O operador da região, por exemplo, sabe que o bairro vizinho de Forquilhinha demorará mais se for atendido pelo Samu de Criciúma, mesmo que pertença a este município”, argumentou.

O coordenador do Samu de Orleans, Romildo Ataíde, por sua vez, acredita que só será possível afirmar se a mudança será positiva ou negativa quando a proposta funcionar na prática. “Na unidade básica de Orleans não irá afetar. Entretanto, deve haver uma central bem adaptada, com estruturada capaz de dar um suporte rápido. Ainda não é possível afirmar se o tempo de espera irá aumentar ou não”, afirmou.

Socorristas de algumas unidades de Santa Catarina estão protestando com faixas pretas nas ambulâncias. Vereadores de cidades do Sul do estado reuniram-se na tarde de terça-feira para discutir o assunto. Um documento de repúdio à centralização será encaminhado ao Governo do Estado. As centrais do Samu atualmente ficam localizadas em Joinville, Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Joaçaba, Florianópolis, Lages e Criciúma.