Segurança

Vereador licenciado é preso em operação do Gaeco por suspeita de ‘rachadinha’

Segundo a Polícia Civil, vereador foi preso pelo Gaeco durante encontro exigido por ele para receber parte do salário de seu suplente

Foto: Divulgação

O vereador licenciado Jocimar dos Santos (DC), de Brusque, no Vale do Itajaí, foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Segundo a Polícia Civil de Brusque, houve uma denúncia do suplente do parlamentar contra o político licenciado, por uma suposta ‘rachadinha’.

O vereador licenciado foi preso na frente de uma agência bancária na área central do município, segundo apurado pela Rádio Cidade de Brusque.

A prisão do político foi confirmada pelo delegado Alex Bonfim Reis, da Divisão de Investigação Criminal, local para onde o político foi conduzido após ser detido pelo Gaeco. Ele foi preso em flagrante, na noite dessa quinta (30).

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Ao ND+, a assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Brusque informou que Jocimar dos Santos (DC) pediu uma licença de 30 dias para se ausentar temporariamente do mandato, válida até 20 de dezembro deste ano. Quem assumiu a sua vaga foi o suplente Eder Leite (DC), que agora é vereador em exercício.

De acordo com a Polícia Civil, o vereador licenciado combinou um encontro em uma rua de Brusque com o vereador em exercício, para que o suplente entregasse parte do seu salário a ele. O recebimento da quantia era uma “exigência do político licenciado”, segundo os investigadores.

Delegado afirma que suplente de vereador acionou Ministério Público para fazer a denúncia

“Segundo apurado, o vereador pediu afastamento e, no seu lugar, indicou um suplente. Só que já em conversas preliminares, ele exigiu que o suplente pagasse metade dos valores relativos ao seu salário, uma ‘rachadinha’. Num primeiro momento, o suplente aceitou até acreditando que isso não seria verdade, que isso não se concretizaria e por esse motivo aceitou e assumiu como vereador. Acontece que pouco tempo depois, o então vereador licenciado voltou a falar com ele e fez questão de receber então os 50% que era o que supostamente havia sido acordado. Diante dessa realidade, o vereador suplente procurou o Ministério Público de Brusque, que acionou o Gaeco para que fossem feitas as devidas diligências”, disse o delegado Alex Bonfim Reis à Rádio Cidade de Brusque.

Conforme o delegado, a equipe do Gaeco já tinha sido comunicada sobre a data e o local do encontro entre suplente e vereador licenciado. A força-tarefa inclusive filmou o momento em que o suplente iria entregar a quantia em dinheiro ao vereador licenciado, que foi preso na mesma hora.

“O vereador suplente então entregou o valor de R$ 1.750,00 que corresponderia a 10 dias de atividade. Ou seja, 50%. Ele recebeu R$ 3,5 mil por 10 dias e pagou os 50% ao vereador licenciado. No momento em que houve essa entrega de valor, os integrantes do Gaeco realizaram a prisão e condução do vereador para a delegacia de Brusque”, complementa o delegado.

O suplente ainda gravou a conversa que teve com o vereador antes da entrega do dinheiro. No entendimento do delegado, a gravação pode servir como prova que o suplente não tinha vontade ou interesse em colaborar com o ilícito.

Após prestar depoimento, o suplente Eder Leite foi liberado por volta das 21h30 desta quinta-feira (30), enquanto o vereador Jocimar Leite (DC) foi preso em flagrante.

Suposta ‘rachadinha’ foi entendida como crime de peculato

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Conforme o delegado Alex Bonfim Reis, o parlamentar licenciado foi preso em flagrante pelo crime de peculato, ou seja, desvio de dinheiro público. Segundo o artigo 312 do Código Penal Brasileiro, em caso de condenação, o político ou servidor público que pratica o ato está sujeito a uma pena de 2 a 12 anos de reclusão e multa.

Contrapontos dos citados

Procurado pelo ND+, o advogado Augusto José Wanderlinde disse que o escritório no qual ele trabalha foi chamado para atuar na defesa do vereador licenciado Jocimar dos Santos (DC) durante a audiência de custódia no Fórum da Comarca de Brusque.

Por telefone, ele confirmou a prisão do vereador mas disse que ainda desconhece as acusações. Após ter acesso aos autos do processo, o escritório de advocacia deverá emitir uma nota.

“Meu colega de trabalho, advogado Augusto Felippe Bianchini, está chegando a Brusque para conversar com o vereador. Pelo que nos chegou de informação, ele pernoitou na DP (Delegacia de Polícia) e deverá ser conduzido à UPA (Unidade Prisional Avançada de Brusque) ainda nesta sexta-feira. (…) Fiquei sabendo de toda esta operação através da imprensa e ainda não tive acesso aos autos do processo. Isso me impede de fazer qualquer consideração sobre a questão”, disse Augusto José Wanderlinde.

Em contato com o ND+, a assessoria de comunicação da Câmara de Vereadores de Brusque informou que a instituição optou por se manifestar preliminarmente através de uma fala do Presidente da Câmara, vereador Cacá Tavares (Podemos).

O parlamentar disse que ficou sabendo da prisão por pessoas da imprensa e “fontes extraoficiais”. Assim que a Câmara de Brusque for comunicada oficialmente do assunto, o presidente disse que iria emitir um novo posicionamento.

“De qualquer maneira, tenho certeza que falo pelo legislativo e que a gente repudia qualquer ato ilegal que alguém ligado a essa casa possa cometer. Repudio veementemente qualquer ato ilegal, mas repito: não sei do que se trata ainda a prisão do vereador Jocimar. Então essa é a minha posição oficial neste momento, como presidente do legislativo. Quando eu tiver todas as informações oficiais farei um outro pronunciamento”, afirmou Cacá Tavares.

O Ministério Público de Santa Catarina também foi procurado e, até o momento, não repassou detalhes sobre as circunstâncias da operação.

O ND+ ainda fez contato com o vereador em exercício Eder Leite, mas ele não atendeu às ligações em seu telefone pessoal. O espaço segue aberto caso o suplente envolvido no caso queira se manifestar.

Com informações ND+