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Pesquisa inédita de geração de energia tem bons resultados em Santa Catarina

Estudo desenvolvido no Sul do Estado busca tecnologia viável economicamente para realizar a captura de dióxido de carbono em indústrias de geração de energia a base de carvão

Foto: Jacson Botelho

Em Capivari de Baixo, na sala que comanda o maior complexo termelétrico a carvão da América do Sul, Jorge Lacerda, todas as etapas do processo de geração de energia são acompanhadas 24 horas por dia. Um controle rigoroso feito pelos painéis de análise de cada fase e pelas câmeras instaladas em diversos pontos da usina. O processo começa com o carvão extraído de minas de toda região Sul que passa por uma queima, gerando calor.

A elevada temperatura aquece caldeiras que exalam vapor em alta pressão, realizando o movimento de turbinas que, ao se moverem, acionam geradores que geram a energia elétrica que vai para a subestação. É a subestação de energia elétrica que leva a eletricidade pela rede abastecendo todo o Brasil com um volume de energia equivalente a 25% da necessidade do Estado de Santa Catarina.

A geração de energia a partir da queima do carvão, assim como diversas outras atividades, faz com que dióxido de carbono seja liberado para a atmosfera. Um gás de efeito estufa que contribui com o aquecimento global e, que por isso, vem sendo o motivo dos esforços de todas as cadeias produtivas para reduzir os níveis de emissão.

Pensar em alternativas para que as atividades industriais continuem acontecendo, mas de forma menos impactante ao meio ambiente, vêm sendo o objetivo de diversas pesquisas no mundo todo. Em Santa Catarina, há oito anos, uma dessas pesquisas passou a testar a captura de CO2 (dióxido de carbono).

Dentro da Satc (Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão), em Criciúma, uma proposta inédita no Brasil vem dando bons resultados. A partir de um acordo com um laboratório americano, uma tecnologia foi indicada para ser escalonada e testada pelos pesquisadores. Thiago Fernandes Aquino, coordenador do Núcleo de Energia Satc, explica que o projeto foi dividido em fases.

“Numa primeira fase desse grande programa de captura de CO2 nós construímos uma estrutura física que é um laboratório, sintetizamos um material capaz de retirar esse CO2 de gás de térmica e também contratamos o projeto para implantação dessa tecnologia”, detalha Aquino.

A tecnologia foi testada inicialmente numa escala menor, dentro de um laboratório. Em seguida foi ampliada para uma grande estrutura física. “Numa segunda etapa otimizamos a zeolita, que é o material sólido capaz de absorver o CO2 e implantamos a tecnologia nessa planta piloto. Nessa segunda etapa testamos o abatimento de CO2 e atingimos uma remoção de 30% a 50% de gás exausto. Isso significa que há um potencial de tecnologia para ser aplicada no mercado”, ressalta o pesquisador.

Zeolitas de carvão produzidas em Santa Catarina

O CO2 é capturado nos poros das micro bolinhas chamadas de zeolitas. São minerais que podem ser encontrados na natureza, mas que também podem ser produzidos em laboratório. Na Satc, os pesquisadores passaram a fabricá-las para usar na planta de captura utilizando cinzas do próprio carvão. Um projeto viabilizado pela Diamante Energia.

Vanessa Olivo Viola, engenheira química e pesquisadora, explica que as zeolitas são formadas principalmente de silício e alumínio, assim como o carvão. “As cinzas de carvão são compostas majoritariamente por silício e alumínio, que é a composição das zeolitas, então percebemos que fazendo a reestruturação dessa estrutura por fusão e reação hidrotermal era possível compor as zeolitas”, explica Vanessa.

Antes de fabricar as zeolitas em laboratório elas eram importadas das China. Mas a receita da sintetização das zeolitas feita pelos pesquisados se mostrou, na prática, tão eficiente quanto as que vinham do exterior. “Em relação à captura de CO2 ela tem uma capacidade equivalente a uma zeolita comercial”, afirma a engenheira.

Nova fase pela frente

O projeto de captura de CO2 da Satc está em fase de transição, entrando numa nova etapa. A planta está passando por modificações para chegar num teor de abatimento acima de 90% para que seja viável economicamente. Segundo Thiago, a captura de CO2 é um problema que tem solução, o gargalo está na questão econômica. “Existe um número que se quer chegar para viabilizar essa tecnologia que é 30 dólares por tonelada de CO2 o custo da captura”, revela o coordenador do Núcleo de Energia Satc.

A nova fase da planta piloto deve entrar em funcionamento nos próximos seis meses. Os testes acontecem por 18 meses. No final de dois anos será possível ter uma resposta concreta se a tecnologia é viável economicamente para ser implantada nas unidades térmicas de geração de energia para, então, essa pesquisa virar realidade e fazer a captura de CO2.

Com informações do ND+

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