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Após um ano do fechamento do Colégio Energia, professores ainda não foram pagos

Cerca de 300 trabalhadores entraram com causas trabalhistas para tentar receber o que lhes é de direito

Foto: Rodrigo Medeiros/Clicatribuna

Foto: Rodrigo Medeiros/Clicatribuna

Há exato um ano, faltando menos de uma semana para o início do ano letivo, aproximadamente dois mil alunos e 300 profissionais do Colégio Energia de Criciúma receberam a notícia de que não teriam mais onde estudar e trabalhar, respectivamente. Na época, a dívida do aluguel do prédio que não era pago desde 2008 chegava aos R$ 3,8 milhões e, já sem alternativas de negociação, o oficial de Justiça cumpriu o mandado de despejo. Dias após o acontecimento abalar toda a cidade, novos capítulos começaram a se desenrolar.

Ao procurar por seus direitos trabalhistas, os professores e demais trabalhadores da instituição descobriram que o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não estava sendo depositado, assim como não havia dinheiro para pagar sequer o salário do mês de janeiro. Sabendo da situação, a maioria dos trabalhadores foi buscar os seus direitos na justiça, muitos, inclusive, entraram com ações coletivas. O pagamento desses direitos, entretanto, não foi realizado até hoje.

Daniel Goulart dava aulas na instituição há 11 anos e ficou sem ter onde trabalhar quando tudo aconteceu. “Um ano antes eu deixei a outra faculdade onde eu trabalhava e fiquei só no Energia. Na época foi difícil encontrar uma vaga, pois os colégios já estavam com o quadro fechado, mas um mês depois eu consegui um emprego fixo”, lembrou o professor durante entrevista para o site Clicatribuna. “Até hoje não recebemos nada dos nossos direitos e o que sabemos é que as pessoas responsáveis sumiram”, afirma Goulart.

Para Doriana Búrigo, professora de teatro, o baque foi duplo, pois além de trabalhar na instituição ela também era mãe de aluna. Na época, sua filha iria ingressar no segundo ano do Ensino Fundamental. “Consegui matricular ela em outra escola, mas sempre tinha que responder aquelas perguntas: ‘agora eu não vou mais ver meus amiguinhos?’, não vou ter mais aula com aquele professor?’. Foi bem complicado”, relata. Doriana ainda ficou cinco meses sem emprego fixo, sendo amparada pelo seguro-desemprego e por aulas que dava na Fundação Cultural de Criciúma como autônoma.

A professora Kenia Margarida, da Educação Infantil, comenta que além da incerteza sobre os direitos de cinco anos de trabalhos prestados à instituição, a lembrança do dia 7 de fevereiro de 2012 e dos dias seguintes ficará guardada na memória de todos que foram atingidos pelo fato. “Era uma equipe maravilhosa, por isso foi muito complicado. No dia nós nos reunimos na casa da diretora e parecia que haviam arrancado o nosso chão, parecia um velório. A cicatriz ainda fica, mas esperamos pelo menos receber os nossos direitos”, desabafa.

Sem dinheiro para as indenizações

Segundo informações repassadas pela Justiça do Trabalho de Criciúma, quase todos os funcionários que trabalhavam no Colégio Energia entraram com causas trabalhistas para tentar receber o que lhes era de direito, chegando a aproximadamente 300 trabalhadores. A maioria dos processos já foi julgada a revelia, pois os réus não foram encontrados para apresentar defesa. Ainda de acordo com a Justiça do Trabalho, os funcionários ganharam as ações, porém não há dinheiro para pagar tantas indenizações, que variam entre R$ 5 mil e R$ 90 mil.

Os bens do colégio foram leiloados e o recurso arrecadado está depositado em uma conta judicial para ser liberado após o julgamento de todas as ações. A justiça também bloqueou os bens dos réus, entretanto, eles não possuíam bens que pudessem suprir o valor da dívida trabalhista. O débito da instituição com os seus ex-funcionários ultrapassa a casa do milhão, enquanto o crédito arrecadado com o leilão e o bloqueio dos bens dos réus deve estar próximo a R$ 100 mil.