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Calor excessivo dá desfalque em avicultores

Altas temperaturas provocaram a morte de milhares de frangos em Lauro Müller e Meleiro

Foto: Reprodução/Correio do Sul

Foto: Reprodução/Correio do Sul

O calor excessivo continua causando prejuízos na região Sul catarinense. Primeiro foi em Lauro Müller, onde milhares de frangos morreram em razão das altas temperaturas registradas nos últimos dias. Agora a mesma cena se repetiu em Meleiro. O Natal teve gosto amargo para os avicultores.

Ontem a tarde os produtores Eli dos Santos Manenti e José Manenti, ainda contabilizavam o prejuízo que tiveram com a morte de mais de sete mil aves. O aviário localizado na comunidade de Sapiranga, em Meleiro, com capacidade para 15 mil aves é uma das principais fontes de renda do casal, que antes dedicava-se à lavoura de fumo e arroz, mas que apostou na avicultura como atividade principal. O olhar de tristeza somado ao desânimo diante da grande perda demonstrava o clima de desolação. Segundo Eli, nos 14 anos que se dedica à atividade nunca havia presenciado mortandade tão grande quanto essa. "Já perdi aves em dia de forte calor, mas o prejuízo nunca foi como este agora. É desanimador saber que tivemos uma perda tão grande," comentou a agricultora em entrevista ao jornal Correio do Sul.

Segundo ela, os termômetros marcavam 48 graus durante a tarde de terça-feira dentro do aviário e nem os 16 ventiladores e a água que era lançada pelo sistema de nebulização conseguiram resfriar as aves e evitar as mortes. Eli conta que as aves já passavam dos 35 dias e deveriam deixar o aviário no próximo dia 10 de janeiro prontas para o abate, quando uma nova remessa de 15mil aves chegaria ao local. O prejuízo, de acordo com as contas de José, deve ultrapassar os R$8mil. "É muito para quem já tem um lucro reduzido. Nem que todas estas aves que ainda restam vivas consigam sobreviver, teremos condições de pagar a conta," lamenta. Até ontem à tarde o trabalho era intenso na granja da família Manenti. O casal e três funcionários trabalhavam pesado para recolher todas as aves mortas. Com auxílio de um trator, os frangos eram retirados e colocados em um grande buraco para serem enterrados. A estiagem também assusta os avicultores. Segundo a criadora, as aves bebem diariamente cerca de cinco mil litros de água e outros três mil são utilizados para refrescar o aviário e manter a temperatura ideal. Ontem a prefeitura de Meleiro auxiliava as granjas atingidas levando água para abastecer os reservatórios. "Esperamos que chova logo, pois nossa atividade já está comprometida," dizia o casal.

Segundo informações dos técnicos da empresa Agrovêneto repassadas ao casal, estima-se que a perda em aviários da região possa ultrapassar as 100 mil aves. O cálculo ainda parcial é resultado do calor intenso do final de semana, no entanto, a situação mais caótica foi registrada no feriado de Natal, quando os termômetros marcaram na maioria das granjas cerca de 42 graus.

Para um frango, o calor acima de 36 graus celsius é uma sentença de morte. As temperaturas elevadas dos últimos dias têm obrigado a avicultura mudar de rotina. A família Manenti já estuda técnicas ou alternativas para tentar driblar o calor. No aviário eles afirmam que controlam a temperatura, mas ficam impossibilitados de reagir diante de uma tragédia como essa. "Nem os ventiladores e os nebulizadores conseguiram evitar a perda. O banho de água até ajudou evitar que o prejuízo fosse maior," contam. A temperatura corporal de um frango é de 41º a 42º C – 5 graus a mais que a do ser humano. Cobertas de penas e desprovidas de glândulas de suor, as aves sofrem aquecimento sempre que o ambiente esquenta rapidamente e ultrapassa os 30º C. Dois graus de elevação na temperatura corporal podem levar um frango à morte, explicam os técnicos.