Política

Como o governo tentou comprar o voto do deputado Boeira

Para deputado do PP, Dilma usa do fisiologismo para escapar do impeachment

Foto: Divulgação

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Com algumas emendas para destravar e fazer evoluir, na busca de liberação de recursos, o deputado federal Jorge Boeira (PP-SC) vinha faz algum tempo tentando agenda na secretaria de Relações Institucionais, no Palácio do Planalto. Eis que, há cerca de duas semanas, veio a oportunidade.

"Na semana retrasada, me chamaram lá. Fui com a minha assessora e sentamos à mesa. A conversa já começou em outra direção no mesmo momento", contou Boeira, narrando na sequência o que foi, na sua avaliação, uma clara proposta de "compra de voto" contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Na conversa com o interlocutor, em vez de um retorno sobre as emendas, ouviu os seguintes argumentos. "Olha, o nosso objetivo aqui é que o PMDB saiu do governo, temos diversos cargos que podem ser acomodados, e você escolhe. Você indica o presidente da Eletrosul, o superintendente do DNIT em Santa Catarina, estamos precisando desses votos, você já esteve conosco em outras ocasiões".

Boeira relatou que não escondeu o incômodo com a abordagem. "Estive uma hora no Palácio do Planalto para tratar das minhas emendas e a conversa se desenrolou em cima da votação do impeachment. Eu respondi que não quero discutir cargos, quero discutir esse tema na política, e não na lógica fisiológica", resumiu.

Para o deputado catarinense, foi uma sondagem inescrupulosa a que recebeu em função do seu voto em plenário, que já está aberto à favor do impeachment. "Foi inescrupuloso. Eu nunca tinha participado de um momento como este. De certa forma, fiquei constrangido e impressionado com a forma e liberdade, não esperava isso daqueles que muitas vezes, como foi o caso do cidadão que me interpelou, convivi com ele no PT, andava de boina, ideológico, e agora se prestando àquele serviço de uma forma fisiológica, imaginando que todos são iguais a ele nesse momento", afirmou Boeira.

Para o parlamentar, a força política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está articulando a obtenção dos votos necessários para abortar o processo de impedimento de Dilma, está centrada no dinheiro. "O governo quer manter a presidente de qualquer forma, está negociando tudo. O Lula não tem mais força política, ele tem é grana e cargos para indicar", arrematou.

Colaboração: Denis Luciano / Rádio Eldorado