Saúde

Criciúma recebe primeira leva de medicamentos revolucionários para hepatite C

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

Foto: Mayara Cardoso/Clicatribuna

Depois de ter vencido um câncer e já ter enfrentado duas tentativas sem sucesso de vencer a Hepatite C, o aposentado Roberto Luiz Vilain, de 25 anos, tem muito a comemorar. A partir da próxima semana ele iniciará um novo e revolucionário tratamento e as expectativas são as melhores possíveis. Chegaram ao Programa de Hepatites Virais de Criciúma dois tipos de modernos medicamentos importados que prometem ser uma revolução nos tratamentos da doença. Os remédios Sufosbuvir e Daclatasvir já eram utilizados na Europa há aproximadamente dois anos, mas só no final de outubro chegaram ao Brasil, e na última semana em Criciúma, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o que era considerado um sonho distante devido aos seus altos preços. A chance de cura dos pacientes agora praticamente será dobrada, ultrapassando os 98%.

As primeiras caixas dos medicamentos em Criciúma serão destinadas aos pacientes com casos considerados mais graves. Por enquanto apenas cinco pessoas poderão iniciar o tratamento, mas, conforme a coordenadora do Programa de Hepatites Virais de Criciúma, Fabiana De Brida, pelo menos 80 novos pedidos já foram encaminhados e continuarão sendo até que mais pacientes em tratamento possam ser contemplados. O fato é considerado um grande marco, de acordo com Fabiana, porque, além de serem mais eficazes, os medicamentos recebidos oferecem apenas ínfimos efeitos colaterais. “Os tratamentos utilizados até agora causavam dezenas de efeitos que faziam as pessoas sofrerem muito, fosse no sentido emocional, que também era afetado, ou, é claro, nas dores físicas. Não dá nem para comparar a diferença. É um sonho”, comenta.

Para o médico que atua no Programa de Hepatites Virais, Luiz Augusto Borba, o fato significa um salto de qualidade. “Até o tempo de tratamento é menor, sendo no máximo seis meses. Estamos muito felizes por poder oferecer um remédio seguro, completo e com alto índice de cura”, afirma.

Alto investimento

A expectativa é de que a cada semana novos pacientes sejam contemplados com o novo tratamento. “Vamos receber os pacientes para o atendimento, solicitar a abertura dos processos, mandar para a farmácia judicial e para a Regional de Saúde de Florianópolis, que analisa os documentos para deferir ou não os pedidos”, explica.

O Governo Federal garante que até o final do ano o tratamento será disponibilizado para 30 mil pacientes do SUS. O investimento federal é de R$ 1 bilhão na importação dos remédios, que são fabricados no Canadá, Estados Unidos e Holanda.

Paciente comemora

De acordo com Vilain, o bem estar que os novos medicamentos poderão lhe proporcionar é uma grande esperança, já que outros tratamentos resultaram em muitos efeitos colaterais. “Eu enfrentei tudo até aqui, mas o pior de tudo é o lado psicológico. Tem remédios que nos deixam pra baixo e colocamos nossa família pra baixo também”, declara.

O aposentado, que trabalhou durante anos como mecânico hidráulico, garante que nenhuma doença deve ser encarada como “bicho de sete cabeças”. “Temos que enfrentar e recebemos muito apoio das pessoas. Os médicos, por exemplo, são muito atenciosos e realmente humanos. Nesse momento eles lutaram por essa evolução no tratamento e estão felizes como se fosse pra eles mesmos”, afirma.

NÚMEROS SOBRE A DOENÇA

350 a 700 mil pessoas morrem por ano no mundo pela doença

Há 13 anos começou a ser oferecido o tratamento da doença no Brasil

10 mil novos casos são diagnosticados por ano

15.821 tratamentos foram realizados pelo SUS em 2015

R$1 bilhão é o investimento federal na importação dos remédios fabricados no Canadá, Estados Unidos e Holanda.

R$2 mil é o preço médio estimado para cada comprido do tratamento

Com informações do Portal Clicatribuna