Segurança

Criciumense relata momentos de pavor em Paris

Capital da França teve o maior ataque terrorista de sua história

Foto: A BBC Brasil

Foto: A BBC Brasil

Paris, capital da França, passou nesta sexta-feira pelo maior ataque terrorista desde a 2ª Guerra Mundial. O total de mortos é de 128, e outras 250 pessoas ficaram feridas (números atualizados durante a madrugada deste sábado). O criciumense João Victor Bolan, que está na cidade há três meses, está bem e contou que viveu 40 minutos de terror.

Bolan estava no cinema quando os atentados tiveram início. Confira seu relato na íntegra:

“Ontem por volta da meia noite eu saí do cinema onde estava, em Les Halles. Quando eu saí do filme, dei de cara com a polícia encostada no muro em posição de ataque, mirando para alguma coisa. Depois disso, tentei pegar um táxi, mas não consegui. O metrô e ônibus estavam fechados, lógico. O único jeito foi voltar para casa a pé.

Andei 40 minutos até chegar na casa de uma amiga, que mora mais perto de onde eu estava. Foram 40 minutos de pavor. As ruas estavam vazias, e eu não sabia direito o que estava acontecendo. Ninguém sabia.

Estou há três meses em Paris. A cidade parou. Não tem ninguém na rua, os transportes estão fechados e ninguém sabe o que fazer. Agora eu estou na casa da minha amiga, esperando informações para ver se posso voltar para minha casa.”

Tiroteios e explosões aconteceram simultaneamente enquanto França e Alemanha disputavam uma partida no Estádio da França. Centenas de pessoas foram mantidas reféns na casa de shows Bataclan durante os ataques, e mais de 100 foram mortas dentro do local.

O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) confirmou que dois brasileiros ficaram feridos durante os ataques. Não se sabe, no entanto, se seriam turistas ou moradores da França.

O grupo radical Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados neste sábado. Em uma declaração oficial, eles disseram que os ataques foram cuidadosamente estudados.

"Oito irmãos com explosivos na cintura e fuzis fizeram vítimas em lugares escolhidos previamente e que foram escolhidos minunciosamente no coração de Paris, no estádio da França, na hora do jogo dos dois países França e Alemanha, que eram assistidos pelo imbecil François Hollande, o Bataclan onde se estavam reunidos centenas de idolatras em uma festa de perversidade assim como outros alvos no 10º arrondissement e isso tudo simultaneamente. Paris tremou sob seus pés e as ruas se tornaram estreitas para eles. O resultado é de no mínimo 200 mortos e muitos mais feridos. A gloria e mérito pertencem a Alá”, diz o comunicado.

A BBC Brasil divulgou a sequência dos acontecimentos

21h20: Primeiros ataques foram reportados em áreas boêmias não distantes da praça da República, uma das principais da cidade e palco frequente de manifestações políticas e populares.

21h30: Enquanto a seleção do país jogava contra a Alemanha no estádio Stade de France, no norte da cidade, a primeira de ao menos duas explosões foi ouvida. O presidente francês, que assistia à partida, foi retirado do local às pressas.

Segundo relatos ainda não confirmados, houve a ação de ao menos um homem-bomba e o ataque a restaurantes nos arredores da arena.

Após a partida, torcedores ficaram no gramado à espera de informações. Nos túneis, os jogadores das duas seleções assistiam aos desdobramentos da tragédia pela cidade – os alemães permaneceram no local pelo menos até as 2h30.

21:50: Disparos foram registrados em um café ao sul do local onde ocorreram os primeiros atentados. Segundo uma testemunha, dois homens abriram fogo em um café.

22:00: A casa de shows Bataclan se tornou palco do pior ataque. Com 1.500 lugares, o espaço estava com todos os ingressos vendidos para a apresentação da banda de rock norte-americana Eagles of Death Metal.

Homens com armas automáticas abriram fogo contra a plateia e fizeram reféns. Duas horas depois, a polícia invadiu o local. Cerca de 80 pessoas morreram.

Também houve relatos de ataques em outras áreas, como a avenida da República e o Boulevard de Beaumarchai, próximo à praça da Bastilha.

A França declarou estado de emergência após os ataques. Mais de 1,5 mil soldados estão nas ruas, e as fronteiras do país estão fechadas. Esta é a primeira vez que a França amanhece em estado nacional de emergência desde 2005. Com este decreto, as autoridades estão autorizadas a fechar espaços públicos, impor toque de recolher e restrições à circulação de pessoas e veículos.

Com informações do site Engeplus