A família de Lages, na Serra catarinense, passou por cirurgia no Vale do Itajaí
Dar a vida duas vezes para a mesma pessoa não é algo comum, mas essa é a história da Eliane Aparecida dos Santos, moradora de Lages, na Serra de SC. Exatos 29 anos após o parto do filho, ela doou um rim para ver acabar o sofrimento dele com as hemodiálises. O transplante ocorreu em Blumenau na última semana.
Não poderia ter sido numa data mais especial. A cirurgia aconteceu em 2 de março, quatro dias antes de Eder dos Santos Oliveira completar três décadas de vida e exato um ano e um mês da primeira hemodiálise dele.
— Gratidão, muita alegria e deve cumprido por permitir esse transplante — comemora Eliane.
O diagnóstico de insuficiência renal crônica atingiu em cheio a família em fevereiro do ano passado. A mãe, de 52 anos, conta que o tratamento começou no dia seguinte à confirmação da doença. O sofrimento do filho com o tratamento, as restrições alimentares, a dificuldade para urinar e os medos atormentavam Eliane.
— Quando o médico falou que ele ia precisar de um transplante, no mesmo momento eu falei: “Vou ser a doadora” — relembra.
A confirmação de compatibilidade para o transplante intervivos, como é chamado o procedimento, veio em outubro. A partir daí começou a bateria de exames e a expectativa pelo dia da cirurgia. O momento era tão esperado que teve até contagem regressiva feita com adesivos no veículo de Eder até chegar à última hemodiálise.
A mãe teve alta na sexta-feira (4). O filho — único e xodó de Eliane — deve sair do Hospital Santa Isabel nesta segunda (7). Os dois vão permanecer em Blumenau por um período por causa das consultas de acompanhamento pós-transplante. A ideia é tentar evitar o desgaste de uma viagem de quatro horas entre o Vale do Itajaí e Lages.
Quando voltarem para casa, será uma nova fase:
— Não é a cura, mas é uma qualidade de vida muito melhor. Ele vai poder tomar líquidos agora, não vai ter aquela restrição de não poder comer várias coisas — explica a mãe.
Sobre a cirurgia
O Hospital Santa Isabel é referência em transplantes em Santa Catarina, com mais de 3,8 mil procedimentos.
Em um transplante renal entre pacientes vivos, o órgão, desde que esteja saudável, é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de uma cirurgia, o órgão é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.
Diferente dos demais transplantes, os rins do paciente não são retirados. Ele é posicionado ao lado dos já existentes — a menos que estejam causando infecção ou hipertensão.
O doador precisa levar em consideração que ele passa a ter um órgão fazendo o trabalho de dois, por isso terá cuidados especiais para o resto da vida. O paciente transplantado com frequência deve fazer exames, que ao longo da vida passam a ser anuais.
Com informações do NSCTotal