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Família mantém tradição e investe na produção de cachaça artesanal

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Uma atividade que começou de forma simples há 40 anos pelas mãos do patriarca Moacir Borghezan Orben está voltando a ser o sustento da família, em Orleans. Na época, pai e filhos iniciaram uma pequena produção de cachaça, porém pouco tempo depois o sustento passou a ser oriundo da plantação de fumo, momento em que as cachaças foram deixadas de lado.

Em 2014, um dos filhos, Henrique Perin Orben, junto com o sócio, Clodoaldo de Souza, resolveu se qualificar e investir no ramo. Após realizar um curso de especialização em Minas Gerais o empresário voltou para a comunidade de Barracão, onde mora com toda a família, e colocou em prática tudo o que aprendeu. Com uma técnica diferenciada, a empresa começou produzindo 15 mil litros da bebida por ano e hoje já produz 35 mil, tendo a expectativa de aumentar o número para 50 mil litros em 2016.

O processo de fabricação é minucioso e feito com cuidado pelos oito envolvidos, desde o trabalho na roça com a cana até os últimos detalhes técnicos. Conforme Orben, nenhum tipo de produto químico é utilizado no processo além do fermento especialmente desenvolvido para a função. “É uma produção legitimamente artesanal. Nossa técnica é diferenciada e faz com que o resultado seja mais satisfatório. Tudo o que fizemos no processo é baseado no que aprendemos e nada do que já sabíamos. Isso para que fosse uma forma mais moderna e adequada”, comenta.

Todas as gerações se unem pelo propósito de levar a empresa adiante e fazê-la prosperar. Os planos dos Orben são audaciosos. Além de aumentar a produção, a família trabalha para que logo seja certificada pelo Ministério da Agricultura e possa comercializar o produto no mercado regional e, quem sabe, até exportar.

Conforme o gerente regional da Epagri de Urussanga, Fernando Damian Preve Filho, a estimativa da instituição é de aproximadamente 670 mil litros de cachaça sejam produzidos anualmente na região da AMREC. “Isso envolve mais de 70 produtores. Eles se dividem em famílias que produzem apenas dois mil litros por ano, por exemplo, até aqueles que alcançam 50 mil litros ou mais”, comenta.

A Cooperativa Familiar Agroindustrial Sul Catarinense (Coofasul), conforme o gerente, é uma das opções mais procuradas pelos produtores para tornar viável a fabricação e o enquadramento às normal do Ministério da Agricultura. “O investimento para se adequar a algumas normal é um pouco elevado, o que dificulta que cada família possa produzir individualmente. Com a cooperativa eles podem dividir alguns custos e todos acabam ganhando juntos”, explica.

Produção qualificada

Atualmente a família de Orleans conta com cinco hectares de plantação de cana. A intenção, no entanto, é logo aumentar para sete e o objetivo é chegar em 20. Para dar conta de todo o trabalho, três funcionários trabalham na roça e outros cinco ajudam no restante das funções. Quem supervisiona todo o trabalho é Henrique, já que ele foi qualificado para a função.

Processo realizado

A cana é trazida das plantações e moída, tendo os bagaços separados para utilização posterior. O caldo produzido após a moagem passa para uma decantação, onde todas as impurezas já são filtradas, antes de o líquido ser transferido para os barris de fermentação. Cada barril tem capacidade para 1,6 mil litros, sendo que 400 litros são ocupados pelo fermento que permanece no fundo do reservatório. Todo o líquido permanece no processo de fermentação por aproximadamente 24h, quando, por processo de gravidade, é transferido para a destilagem.

Nesta nova etapa, conforme Orben, o calor gira no destilador por aproximadamente quatro horas e, ao chegar aos 92 graus o líquido começa a evaporar. “Ao subir e ter um choque com a água esse vapor vai destilar e se transformar na legítima cachaça”, explica. O calor que faz o trabalho do alambique, diferentemente dos processos tradicionais, é trazido por meio de canos ligados a uma caldeira onde são queimados os bagaços descartados.

A cada processo, os produtores descartam o que chamam de “cabeça” e “calda”, que são os primeiros e últimos líquidos produzidos. “O primeiro é um álcool praticamente puro e o último é uma água mais fraca. Preferimos usar apenas o que é 100% cachaça, pois dessa forma o resultado não causa bafo nem dor de cabeça. Acaba sendo uma bebida de melhor qualidade”, completa o empresário. Os líquidos descartados são utilizados pela família para produzir sabão ou até como produto de limpeza.

A cada 1,2 litros de caldo da cana colocados no processo, aproximadamente de 10 a 12% se transformam na bebida alcoólica comercializada. Todos os produtos são mantidos em armazenamento em um espaço por tempo indeterminado em pipas ou em barris de madeira, dividindo-se em cachaça tradicional e carvalho. “Para melhorar ainda mais a qualidade e ter outras variedades estamos trazendo também barris dos tipos amburana, bálsamo e grappa, que farão com que tenhamos outros sabores”, salienta.

O próximo passo da empresa é montar um galpão especial para engarrafamento e até criar um espaço para receber visitantes e servir aperitivos.

Os interessados em conhecer o local e os detalhes da produção podem entrar em contato com a empresa Cachaças do Conde pelos telefones (48) 8806-1402 ou (48) 9941-1729. O emailcachacariaorben@gmail.com também está disponível.

Com informações do Portal Clicatribuna