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‘Foi erro na construção’, diz delegado sobre casa que desmoronou em Criciúma

Foto: Denise de Medeiros/RBS TV

Foto: Denise de Medeiros/RBS TV

O Instituto Geral de Perícias concluiu o laudo sobre o desabamento de uma casa que deixou três mortos em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, em maio. O documento entregue à Polícia Civil nesta segunda-feira (10) aponta problemas na construção. "Foi erro na construção", disse o delegado João Loss, responsável pelo caso.

O desabamento aconteceu no bairro Maria Céu por volta das 2h da madrugada do dia 6 de maio. Morreram o casal Daiane Osório, de 32 anos, e Adriano de Souza, de 41, além de Valdete de Souza, de 65 anos, mãe de Adriano.

"Não havia licença da obra e nem responsável técnico. Houve utilização de materiais indevidos. A espessura das ferragens utilizadas era inferior ao que a obra exigia. Foi uma soma de fatores", afirmou o delegado.

Segundo Loss, a obra tinha projeto arquitetônico, mas foi executada por uma pequena construtora. "Um engenheiro tinha que fazer cálculo estrutural. Não teve este responsável técnico e não há registro da obra na prefeitura", diz.

O laudo do IGP apontou problemas que podem ter feito a casa ruir. "Foi constatada uma descontinuidade em uma das colunas, pequena, mas que pode ter provocado infiltração e corrosão da ferragem. A emenda de cimento na coluna não ficou bem feita. Também havia marca da batida de carro em uma das colunas", afirma o delegado.

Conclusão do inquérito

Com a entrega do laudo do IGP, a Polícia Civil deve ouvir a construtora responsável pela obra nos próximos dias. "Não sei se será nesta semana, mas iremos ouvi-los em breve e concluir o inquérito. Já tivemos acesso ao contrato para construção da casa", diz o delegado.

Perícia

O laudo entregue nesta segunda-feira (10) à Polícia Civil é resultado de uma perícia realizada por engenheiros engenheiros civis do IGP da Grande Florianópolis que estiveram no local. Eles fizeram um levantamento fotográfico e conversaram o dono da casa, Élio de Souza, de 70 anos, pai de Adriano.

Os peritos da capital pegaram documentações do imóvel no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura, Agrônomia (Crea), sobre a execução das obras para a construção da casa, e na prefeitura. Segundo a coordenadora de Defesa Civil de Criciúma, Ângela Melo, existe a matrícula do imóvel na prefeitura. Porém, não há registro de habite-se ou alvará da residência.

Os peritos também acompanharam a etapa de remoção dos entulhos da casa, em maio.  Segundo o IGP, o laudo foi concluído na quarta-feira (5).

'Não deu tempo para nada'

"Não deu tempo para nada. Eu perdi a minha família. A minha casa. Tudo", contou Élio de Souza, de 70 anos, que sobreviveu ao desabamento. O homem perdeu o filho, a nora e a mulher. Um adolescente de 15 anos, filho da nora, também sobreviveu.

No momento da queda, Élio estava no banheiro da residência, devido a um problema de saúde que o faz levantar diversas vezes na madrugada. O local fica próximo a uma edícula e não foi atingido pelos escombros.

"Tinha muita poeira, não dava para ver muita coisa. Eu ouvia gritos", disse. Elio escutava a voz do adolescente de 15 anos, que teve apenas ferimentos leves, no tornozelo. O menor estava em um quarto nos fundos da casa.

A residência, que fica em uma região plana, era de alvenaria com dois andares. O segundo andar da casa desmoronou sobre o primeiro. A construção tinha quase 7 anos, conforme o delegado Loss. Nenhuma outra residência da região foi afetada.

Adriano trabalhava há 18 anos na Cooperativa de extração de carvão mineral dos trabalhadores de Criciúma (Cooperminas) como supervisor de superfície na mina 2, que fica em Forquilhinha. Já Daiane era manicure e atendia em um salão de beleza no Centro de Criciúma, que era de propriedade dela e de outras duas irmãs.

Com informações do site G1 SC