Política

Governo baseado em seriedade e conhecimento promete mudanças para Orleans

Foto: Ketully Beltrame / Sul in Foco

Foto: Ketully Beltrame / Sul in Foco

A coligação “Governo Sério, Muda Orleans”, de Jorge Koch e Mário Coan, foi eleita com 8.503 dos votos, sendo a escolha de 54,65% dos eleitores. Para se dedicar à administração do município, o prefeito eleito Jorge Koch (PMDB) se afastou do cargo de delegado regional, o qual exerceu por mais de dez anos.

Em entrevista ao Portal Sul in Foco, ele falou sobre as prioridades elencadas para a próxima gestão, tendo em vista as reivindicações ouvidas por ele e a equipe durante a campanha eleitoral. Além disso, contou sobre o processo de transição e sobre o critério de seleção para a nomeação dos secretários.

O prefeito comentou também sobre as reuniões e encontros já realizados e os assuntos neles abordados. Ainda segundo ele, o governo estará aberto para ouvir a população e o conselho político que será montado, unindo ex-prefeitos e lideranças da cidade. O objetivo é a criação de um planejamento estratégico para nortear decisões futuras.

Na oportunidade, Jorge Koch contou que o trabalho junto ao vice-prefeito Mário Coan (PSDB) será de fundamental importância para o desenvolvimento do município. “Principalmente, por ele ser um administrador de empresa e professor universitário. Ou seja, tem a teoria na universidade e a prática na empresa que administra há mais de 30 anos. Ele cuidará da área administrativa e eu da área política, de busca de recursos em Florianópolis e em Brasília”, explicou.

Acompanhe abaixo a entrevista completa:

Qual o balanço da campanha realizada?

Foi uma campanha positiva.  A eleição do dia 2 de outubro culminou com a nossa vitória, da coligação “Governo Sério, Muda Orleans”. Foram 8.503 votos, 4.567 de diferença do segundo lugar, que é o atual prefeito Dr. Marco e o ex-prefeito Jacinto Redivo. Nós atribuímos isso à nossa proposta de governo sério. Eu e o Mário Coan, vice-prefeito eleito, fizemos campanha o tempo todo falando sobre o significado de um governo sério, de um governo que não roube e que não deixa roubar. Por isso, se, por acaso, alguém botar a mão no dinheiro público, o caso deve ser apurado por meio de um processo administrativo, seja demitida e seja dado exemplo.

Nós passamos a campanha toda dizendo que nós queríamos um governo de transparência. A transparência nada mais e nada menos é do que arrecadar todos os impostos que são pagos por mês pela população e deixar clara a forma como ele foi gasto, através de outdoor, dos meios de comunicação e do Portal da Transparência, para que essa mesma população tenha conhecimento de tudo aquilo que ocorre na Prefeitura. Nós falamos a campanha inteira sobre nepotismo. Nós somos totalmente contra governo de família. Nem prefeito, nem vice-prefeito e tampouco secretários poderão contratar parentes.

São essas as propostas que entendemos que a população aceitou e, por consequência, acabou elegendo a nossa coligação.

Quais as reivindicações da população mais ouvidas por vocês?

Não tenho dúvida nenhuma, a saúde é a área mais sensível do nosso município. Em todas as casas, em todos os bairros e localidades do interior, o que mais ouvimos da nossa população é a falta do médico no nosso postinho, é a falta de medicamento de uso continuado, é a falta de exames requisitados pelos médicos. As pessoas tem que esperar um ou dois meses para fazer esses exames e retornar ao médico. Então, o que percebemos é a falta de um sistema de saúde. A nossa população está muito doente e tem procurado todos os dias os postos de saúde e o hospital. Eu tenho percebido que não há um retorno satisfatório para esta população. Então, a saúde foi o grande problema que encontramos durante a campanha.

Outro problema é a falta de pavimentação em diversas ruas dos bairros e do interior e, principalmente, a revitalização de ruas do centro da cidade. Quando andamos pela área central, constatamos que o asfalto está todo depredado e cheio de buracos, sem revitalização há tempos. Além disso, há muitas ruas nos bairros Nova Orleans, Santista e loteamento Tototo que estão precisando de revitalização para que acabe com a poeira que tem feito muito mal aos moradores. Sendo assim, a falta de pavimentação é também um sério problema que teremos que enfrentar a partir do ano que vem. Nosso plano de governo contempla 20 quilômetros de asfalto, de lajota e de paralelepípedo. Por isso, creio que daremos conta de resolver uma grande parte da falta de pavimentação.

Tendo em vista as reivindicações, quais são as prioridades elencadas?

Primeiro, a saúde. Segundo, a pavimentação. Em terceiro, seria uma reforma administrativa para que possamos pegar os funcionários efetivos da Prefeitura Municipal, chama-los para a responsabilidade e convida-los para compor o nosso quadro de cargos comissionados e de gratificações para não precisarmos trazer muitas pessoas de fora para dentro da Prefeitura. A prioridade também é reduzir dramaticamente a folha de pagamento. Ela está agora em torno de 52% mensalmente e não podemos admitir que a folha de pagamento, a partir do ano que vem, já nos três primeiros meses, ultrapasse os 46%, para chegar aos 43% no fim do ano. Então, a redução da folha, sem dúvida nenhuma, também é uma prioridade para o ano que vem.

Como está o processo de transição?

Nós tivemos uma reunião na última quinta-feira com o secretário de Administração Eduardo Bertoncini. Eu e o Mário já fomos à Prefeitura e fomos recebidos pelo secretário, que colocou as informações e números para nós e não passou disso. Combinamos que voltaríamos com uma equipe um pouco maior, com o procurador, advogado da nossa equipe, e dois contadores.

Então a transição ainda está iniciando. Não encontrei dificuldade com o Eduardo, que foi o único que esteve presente na primeira conversa. Espero realmente que a atual administração continue de portas abertas e não coloque nenhum entrave, pois precisamos conhecer a situação econômica, financeira e de pessoal da Prefeitura para que logo no início da gestão possamos decidir algumas medidas imediatas que devam ser tomadas.

Como será a relação e o trabalho junto ao vice-prefeito?

No momento em que o prefeito e o vice são eleitos, pressupõe-se que eles possuam uma sintonia pessoal e política partidária. Eu e o Mário Coan somos amigos há muitos anos. Resido em Orleans há 27 anos e, desde então, sou amigo dele. Em 2000, fui vereador juntamente com ele. Tivemos uma boa relação politicamente. Depois, dos últimos anos em diante, eu presidente do PMDB e ele do PSDB, sempre mantivemos uma relação de amizade institucional e partidária.

A presença dele na Prefeitura é de fundamental importância, principalmente, por ele ser um administrador de empresa e professor universitário. Ou seja, tem a teoria na universidade e a prática na empresa que ele administra há mais de 30 anos. Ele cuidará da área administrativa e eu da área política, de busca de recursos em Florianópolis e em Brasília para que possamos dar um retorno positivo para o povo que acreditou em nossa proposta. Eu não tenho dúvida nenhuma que faremos uma grande parceria.

Qual a avaliação das primeiras reuniões e contatos realizados?

Eu já estive em Florianópolis em algumas oportunidades nos últimos dias, falando com o vice-governador e mostrando para ele, principalmente, a falta de policiais civis e militares em Orleans. Eu disse a ele que não poderia assumir a Prefeitura no ano que vem e ficar o tempo todo gastando energia com a falta de efetivo de policiais civis e militares. Ele captou bem essa mensagem, entrou em contato com o chefe da Polícia Civil e com o comandante da Polícia Militar e explicou a situação. Eles assumiram o compromisso de logo, talvez até o fim do ano, mandar um número muito grande de policiais civis e militares. Para a Polícia Civil, temos certeza que virão três novos profissionais para a nossa delegacia para se somar aos seis que já trabalham conosco. Na Polícia Militar, é muito baixo o efetivo, acredito que virá um grande número de policiais militares.

Fora isso, também estamos acompanhando todos os procedimentos e reuniões da Amrec, reunião com a Caixa Econômica Federal e, de 7 a 9 de novembro, recebemos o convite da Confederação Nacional dos Municípios para que todos os prefeitos eleitos da região Sul estejam em Brasília para um seminário sobre gestão moderna e recursos destinados aos municípios. Então, nestes dias estaremos lá buscando conhecimento, pois temos muito a aprender nesta caminhada.

Já existe tratativa para a revitalização da SC-390, entre Orleans e Lauro Müller?

É uma verdadeira vergonha o estado desta rodovia, principalmente tendo em vista que ela leva para a Serra do Rio do Rastro, um dos cartões postais de Santa Catarina. Infelizmente, o governo atual não conseguiu buscar essa revitalização. Os dois prefeitos atuais do PSD, de Lauro Müller e de Orleans, não conseguiram sensibilizar os governos para realizar essa obra. Eu espero de coração que eu e o Valdir Fontanella, prefeito eleito em Lauro Müller, possamos cada vez mais estar juntos e irmos para onde for necessário para conseguirmos fazer a revitalização desse trecho.

Qual a sua relação com os vereadores eleitos?

Na vida, nós vamos aprendendo. A atual administração de Orleans virou as costas para a Câmara de Vereadores e isso fez com que os vereadores, cada vez tivessem reuniões ou qualquer problema na Câmara, não fossem uma boa parceira do prefeito municipal porque ele, na verdade, virou as costas para a Câmara.

Eu já fui vereador. O Mário Coan também foi vereador por três legislaturas. Então, nós sabemos da importância de cada vereador e da Câmara de Vereadores. Vamos trabalhar para que haja uma parceria e sintonia entre o prefeito e os vereadores. Eu quero cada vez mais estar presente na Casa Legislativa. Sempre que posso, estou na Câmara de Vereadores nas reuniões de segunda-feira e, como prefeito, não será diferente.

Sem dúvida alguma, seremos parceiros. Além do papel de apresentar as reivindicações da população, os vereadores possuem também a função de fiscalizar, que tenhamos humildade e sabedoria para aprender com as críticas dos vereadores e, assim, acertarmos os possíveis equívocos que possamos vir a cometer.

Os secretários já foram escolhidos? Qual o critério de seleção?

Para a seleção dos secretários, serão adotados os seguintes critérios: ficha limpa, conhecimento da área na qual irá assumir, seriedade, competência e que não coloque nenhum parente junto à secretária. Este será o perfil de nossos secretários. Contudo, não foram vistos ainda nenhum nome. Neste mês de outubro, estamos tratando do resultado final das eleições, fazendo a prestação de contas para a Justiça Eleitoral e fazendo algumas viagens para conhecer o processo a partir do ano que vem. A partir do dia 15 de novembro, talvez comecemos a montar a nossa equipe, convidando um e outro secretário para que se inteire dos processos e problemas que já estão tramitando na Prefeitura. Até hoje, não há nome ou cogitação, apenas especulações. Ninguém foi convidado e ninguém está autorizado a citar qualquer nome sem a minha presença e a do Mário.

Quais estratégias serão adotadas para superar os obstáculos advindos da crise?

Muito trabalho e seriedade, além da redução dos gastos da máquina pública, principalmente na folha de pagamento. É necessário que todos, até o dia 31 de dezembro, cargos comissionados, terceirizados e contratados, estejam demitidos pela atual administração para que, a partir dos dias 1 e 2 de janeiro, a gente possa assumir uma folha limpa, com somente os efetivos da Prefeitura. Na segunda etapa, eu e o Mário teremos a responsabilidade de chamar pouquíssimos cargos comissionados para ocupar apenas funções necessárias para o funcionamento da Prefeitura. Nossa responsabilidade é com uma gestão enxuta, com a contratação mínima de pessoas comissionadas.

O que a população pode esperar de você?

Muito trabalho. Sou uma pessoa que gosta de trabalhar. Enquanto delegado regional, em 12 anos que trabalhei em Criciúma, eu nunca faltei ao trabalho. Cumprirei rigorosamente o horário que iremos estabelecer a partir do ano que vem. Sempre na prática, como prefeito, demonstraremos a mesma seriedade que tive enquanto delegado. Tentarei cada vez mais acertar. Quando tiver qualquer equívoco ou problema, que nós tenhamos a humildade de saber arrumar este equívoco, que tenhamos a humildade de aceitar alguns equívocos da administração e que possamos buscar alternativas. Iremos ouvir muito, principalmente, pessoas do conselho político, que nós iremos montar a partir do ano que vem, com ex-prefeitos e lideranças da cidade, para que, unidos, possamos fazer um planejamento estratégico que possa nos indicar o caminho que Orleans irá tomar a partir do próximo ano. Ou seja, trabalho, seriedade, dar ouvidos às alternativas propostas e humildade nos momentos em que estivermos errados.