Saúde

Médicos especialistas ameaçam fechar o Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, em Criciúma

Foto: Divulgação

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Os dias de crise e instabilidade dentro do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina – Hmisc ainda não encontraram um fim. Já com os serviços de pronto-atendimento paralisados, desde a greve deflagrada pelo corpo clínico, os atendimentos de urgência, emergência e voltados a Unidade de Terapia Intensiva – UTI também correm riscos de serem suspensos. Encerrou na terça-feira, 1º de novembro, o prazo estipulado pelos médicos que atendem especialidades para receberem do Instituto de Saúde e Educação Vida – ISEV seus salários atrasados.

Sem receber há três meses, a promessa dos profissionais é suspender todos os serviços até o término do dia de hoje, caso nenhuma medida seja tomada em favor dos trabalhadores. Conforme o cirurgião pediátrico, Christian Escobar, estão sendo atendidas apenas as crianças que ainda estão internadas na UTI, precisando de suporte. Os médicos cirurgiões, neurologistas e radiologistas não estão mais recebendo nenhum novo paciente encaminhado à instituição.

“Nos comprometemos em manter os serviços até quinta-feira (hoje). Sem repasses não será mais possível. Já não tem escala, nem plantões e eles (direção) já estão se programando para transferir os pacientes e fazer o fechamento do hospital”, afirma. O estado do Hospital Santa Catarina está tão crítico que as 40 vagas disponíveis para internação já estão praticamente sem utilização. Conforme Escobar, permanecem internadas na UTI cinco crianças, o que simboliza metade da capacidade máxima da UTI.

Os outros 29 leitos, destinados a enfermaria, já estão todos vazios. O médico ainda afirma que os especialistas ficaram esperando por algum repasse da Prefeitura Municipal de Criciúma para que o ISEV pudesse quitar os pagamentos. Mas, até o momento, nada foi depositado.

Prefeitura diverge do ISEV

Uma nova reunião para discutir a crise do Hmisc será realizada hoje pela manhã na Prefeitura. Participará a assessoria e direção técnica do ISEV, assim como o prefeito Márcio Búrigo, o secretário da Fazenda, Cloir Da Soller e o secretário da Saúde, Vitor Benincá. Mas, para o presidente do Conselho Superior de Gestão, Silvio Ávila, o encontro tem por objetivo acertar qualquer mau entendido que tenha ficado sobre o acordo recém feito entre os gestores.

Isso porque, na reunião da última semana com o ISEV, ficou definido que o hospital só atenderia casos de extrema gravidade e que seria repassado apenas R$ 800 mil ao ISEV nesses últimos dois meses de gestão. O contrato inicial prevê R$ 1 milhão 250 mil mais incentivos ao instituto. Ainda, o secretário afirma ter feito o repasse de R$ 150 mil para aquisição de insumos e pagamento de fornecedores. Mas, garante que os salários aos médicos especialistas não estava incluído no acordo.

“Depois daquela reunião foi nos dado a garantia de que mais nenhum serviço seria paralisado. O discurso está diferente agora na imprensa e vamos ter que esclarecer nesta reunião”, afirma. Por outro lado, o gerente do hospital, Francisco Paiva, explica que os R$ 800 mil garantidos mensalmente pela Prefeitura são insuficientes para o período. Conforme ele, o objetivo é tentar intermediar com o município o aumento deste repasse, além de reaver parte dos pagamentos destinados aos médicos especialistas.

“A nossa logística nos mostra que os R$ 800 mil são insuficientes. Essa época ainda tem o pagamento dos décimos terceiros dos funcionários, além de todas as pendências com os médicos. Se tiver tudo em dia, pode ser que a greve até mesmo possa ser suspensa”, acredita.

Medicamentos em dia

Na semana passada a situação ficou realmente precária no hospital quando medicamentos começaram a faltar. Porém, com o repasse de R$ 150 mil feitos pela Prefeitura, o estoque já foi posto em dia, normalizando a situação. Conforme Paiva, o valor consegue cobrir até 20 dias de serviços prestados. “Os remédios não chegaram a faltar, mas o estoque estava zerando. Antes que volte a faltar, as crianças serão transferidas. Mas, acredito que não chegará à isso”, enfatiza o gerente do hospital.

Com informações de Denise Possebon / Clicatribuna