Saúde

Médicos suspendem atendimento na emergência do Hospital de Laguna

Estão mantidos nesta segunda (17) apenas os serviços de urgência. Plantonistas reivindicam dois profissionais por turno e repasse de recursos.

Foto: Gabriel Felipe / RBS TV

Foto: Gabriel Felipe / RBS TV

Médicos do setor de emergência do Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos, em Laguna, começaram uma paralisação nesta segunda-feira (17). Estão mantidos apenas os atendimentos de urgência. Os demais pacientes com consultas agendadas e  problemas menos graves estão sendo orientados a procurar postos de saúde.

Os profissionais reivindicam aumento do repasse da prefeitura para ampliar a carga horária, de modo a ter dois médicos por turno, em vez de apenas um. “Em um plantão, um médico sozinho chega a atender 50, 60 pacientes. A gente não quer aumento salarial, apenas sensibilizar para essa questão”, diz o representante dos médicos da emergência, Roger Costa da Silva.

De acordo com Costa, o outro pedido é para que a prefeitura não atrase mais “sistematicamente” o repasse mensal de R$ 75 mil ao hospital, o que impacta o pagamento dos médicos – atualmente, dois estão com salários atrasados, segundo o Silva.

“Com R$ 130 mil, conseguiríamos aumentar a carga horária e ter sempre dois médicos”, diz Costa. Segundo o médico, o trabalho na emergência só volta ao normal quando houver acordo.

Reunião com a prefeitura

Na manhã desta segunda, a prefeitura, a direção do hospital e médicos se reuniram para debater a questão, conforme o site G1 SC. De acordo com a presidente do hospital, Regina Ramos dos Santos, a prefeitura se comprometeu a fazer, ainda nesta segunda, o repasse de um dos dois meses de atraso.

"A outra parcela ficou para o período entre os dias 5 e 10 de setembro. Também estudarão uma forma de repasse de R$ 48 mil referentes à operação do último verão", disse Regina.

Em relação ao segundo médico por turno, a presidente afirmou que a prefeitura ficou de estudar a questão e de enviar um posicionamento. Uma das saídas pode ser reforçar a cobrança sobre o município de Pescaria Brava, que tem uma demanda de cerca de 12% do atendimento do hospital, segundo Regina.

"São feitos cerca de 300 atendimentos mensais a pessoas desse município, que não contribui com nenhum valor e onera o sistema", explica presidente do hospital. O G1 procurou a prefeitura de Pescaria Brava e aguardava retorno sobre a questão até a publicação desta reportagem.

'Crise violenta'

Ao G1, o prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos, disse por telefone achar muito difícil aumentar o repasse. “O governo federal reduziu o fundo de participação dos municípios, e a Secretaria de Estado da Saúde não repassa recursos há cinco meses ao município. Falta o governo estadual pagar R$ 200 mil para o município e R$ 600 mil ao hospital”, afirmou o prefeito.

“Estamos buscando um entendimento, mas o país está numa crise violenta. Vamos procurar repassar as parcelas em atraso, mas não tem condições de dobrar o valor. O médico que faz um juramento tem o compromisso de atender o paciente”, disse o prefeito.

"Tem médico que acha que município está num mar de dinheiro. Quero ajudar, mas não podemos fazer milagre", complementou Santos. A reportagem do G1 entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde e aguardava retorno até a publicação desta reportagem.