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Moradores são contra construção de crematório em Içara

Crematório é construído no Parque Residencial Centenário, loteamento ao lado do bairro Liri

O crematório está sendo construído há alguns meses e os moradores são contra a viabilização. Segundo eles, a comunidade não foi consultada, mas a maior preocupação é a desvalorização dos imóveis da redondeza, bem como o mau cheiro causado pela combustão dos corpos. Para o proprietário do crematório Millenium, Paulo Sérgio Reichle, a construção vai ajudar a desenvolver a região, sendo que o empreendimento não irá oferecer mau cheiro e não vai desvalorizar o local.

“Bares e lanchonetes serão beneficiados. Com a construção no local, o fluxo de pessoas também irá aumentar na região e, consequentemente, o desenvolvimento será impulsionado”, aponta. De acordo com Reichle, a viabilização do crematório é autorizado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e os equipamentos utilizados para a cremação são fiscalizados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

“A construção possui todas as licenças da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e é bastante incisiva e cuidadosa”, comenta. A terraplanagem do empreendimento foi realizada e alguns pilares são erguidos no local. Para a construção do crematório, que terá três capelas serão utilizados mão de obra local, o que segundo Reichle, é mais um benefício para a região. Conforme matéria do Portal Satc, a expectativa de inauguração é para março de 2014.

De acordo com a moradora e uma das integrantes da associação de moradores do bairro, Cristiane Pizzetti, a comunidade não foi consultada antes da construção do crematório. “Nós ficamos sabendo por acaso, depois que o proprietário nos procurou, mas nosso maior problema com a construção do crematório é a questão da desvalorização dos imóveis, pois tudo que ressalte o fúnebre desvaloriza”, explica.

Ainda conforme Cristiane, a região já é prejudicada por causa da SC-445. “O movimento intenso da rodovia e mais os cortejos fúnebres, levando em consideração que a expectativa é de 40 cremações por mês, ou seja, pelo menos uma por dia, é que a movimentação fique insustentável”, completa. Outra questão levantada pelos moradores é a questão do cheiro. “Não há quem nos garanta que o crematório não libere odores. Pesquisamos em outra cidade e percebemos que o crematório provoca cheiro”, pontua.

Um abaixo-assinado é realizado no bairro e uma reunião com o prefeito Murialdo Gastaldon será marcada. Técnicos também serão ouvidos e laudos e pareceres contra a construção serão viabilizados. Caso a situação não resolva, a comunidade irá recorrer à Promotoria Pública. “Como em todos os bairros, sempre há os moradores inertes, mas 95% dos moradores são contra. Lembramos que não somos contra a construção do crematório, mas sim o lugar que ele será construído. Içara possui outros lugares que podem receber este tipo de empreendimento”, destaca a moradora.

O processo

O crematório possui algumas particularidades exigidas através de leis federais. Para que uma pessoa seja cremada, ela pode deixar esse desejo em vida através de um documento ou duas testemunhas de primeiro graus (pai  e mãe, por exemplo) podem assinar um documento relatando que esse era o desejo da pessoa.

A cremação é revestida por alguns mitos. Um deles é o tempo da cremação. Muitos pensam que o processo leva horas, mas de acordo com o proprietário do crematório, o tempo de cremação dura em média duas horas.

Necessidade do crematório

Reichle acrescenta que o crematório mais próximo da região é em Porto Alegre e em Balneário Camboriú. “Eu que trabalho com funerária desde a década de 70 percebi essa necessidade. Muitas vezes, a família acaba não escolhendo essa opção, pois ela tem que percorrer em média 300 quilômetros até o crematório mais próximo e pelo desgaste físico e emocional essa opção fica de lado”, comenta.