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Mudanças de humor repentinas podem ser sintomas de bipolaridade

Nesta quinta-feira (10), Dia Mundial da Saúde Mental, a data serve para conscientizar a comunidade sobre os transtornos mentais, entre eles, a bipolaridade

O dia inicia com euforia, uma agitação sem explicação, vontade de executar várias atividades ao mesmo tempo, muitas palavras por minuto, uma extrema sensação de poder. Depois vem a hostilidade, a tristeza, a angústia e a depressão. A primeira impressão é que as sensações são de duas pessoas diferentes, mas na verdade, trata-se do dia a dia de um portador de transtorno bipolar, doença psiquiátrica que atinge, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 8% da população. O alerta é lembrado nesta quinta-feira (10), Dia Mundial da Saúde Mental, data para conscientizar a comunidade sobre os transtornos mentais, entre eles, a bipolaridade.

Em Laguna, o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) acompanha, aproximadamente, 350 pacientes. Segundo a psiquiatra do programa, Vivian Comelli Alberton, a bipolaridade, muitas vezes, é percebida pelos familiares. “Através do convívio, os sintomas ficam mais claros para percepção. Geralmente, os pacientes são trazidos por membros da família, que notam a irregularidade de humor”, afirma.

A bipolaridade é caracterizada por oscilações abruptas de humor, com episódios de depressão, de mania (o oposto da depressão) e de e turbulência (forma mista). A doença tem grande influência genética, entretanto, é multicausal, podendo ser desencadeada através de fatores ambientais e sociais.

Sintomas e diagnóstico

Instabilidade, variações de sentimento, emoção em excesso, tristeza profunda, impulsividade e agressividade são uns dos sintomas da bipolaridade.  A doença pode se manifestar depois de muitos anos e não só com mudanças de humor. Somente através de um profissional especializado que se pode diagnosticar o problema.

Nem sempre os sintomas são claros. Segundo a psicóloga e coordenadora do Caps, Karina Birolo Teixeira Henrique, é complexo distinguir uma angústia comum da depressão, ou uma sensação aguda de alegria da euforia patológica. “Para concluir um diagnóstico de bipolaridade são necessárias várias avaliações, com diferentes abordagens. As sensações podem ser facilmente confundidas”, assegura. Os episódios de mania e depressão podem variar em dias, semanas ou até meses.

Tratamento

O transtorno não tem cura, mas pode ser controlado. Psicoterapia e reeducação de hábitos como exercícios físicos e rotinas pré-definidas para regular o comportamento são essenciais para controlar a oscilação de humor.

Em alguns casos, o paciente com bipolaridade necessita tomar medicamentos.

Segundo a psiquiatra Vivian, o transtorno bipolar é progressivo e leva à perda da função de neurônios, a medicação controla os desempenhos cerebrais. “Há casos em que o paciente precisa tanto do acompanhamento do psicólogo, quanto do tratamento por meio de medicamentos. Os remédios para bipolaridade tem a função de equilibrar a química do cérebro, reajustando e estabilizando o humor”, garante.

Banalização da doença

A bipolaridade é a doença mental que mais mata por suicídio. Hoje é comum ouvir pessoas afirmando ter bipolaridade enquanto o assunto é outro. “Confundem temperamento (particularidade do indivíduo ligada à forma de comportamento) com bipolaridade”, afirma Vivian.  Muitos médicos já se pronunciaram criticando a população pela banalização da doença perante a sua gravidade.

Segundo a psiquiatra, há uma grande diferença entre os dois temas. “Alguns pacientes passam dias sem dormir em seus estados de euforia. É diferente de sentir uma felicidade exasperada por exemplo. Além disso, a doença causa morte de células cerebrais, é grave e não deve ser usado como um termo qualquer”, ressalta.

Medicação e terapia para uma vida normal

O portador de bipolaridade pode ter uma vida normal. Por meio do tratamento psicológico e medicamentoso é possível instruir-se a reconhecer sinais, controlar e se habituar à doença.

De acordo com a psicóloga Karina, a partir do momento que o paciente se conscientiza sobre a bipolaridade e passa a aprender a controla-la ele tem uma vida normal. “A aceitação é o primeiro passo, através do tratamento o paciente aprende a viver com os sintomas”, esclarece.

Conheça o Caps

O Caps é um serviço aberto e comunitário do SUS, com a finalidade de oferecer atendimento e acompanhamento clínico psiquiátrico. O programa também trabalha a reinserção social dos assistidos pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Em Laguna, aproximadamente mil pessoas são atendidas. Dentre elas: dependentes químicos, casos crônicos psiquiátricos e familiares.

O programa funciona das 7h30 às 18h e fica na Rua Fernando Machado, atrás do banco Caixa Econômica.