Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna
A dificuldade de se encontrar mão de obra qualificada tem sido queixa frequente, de muitas empresas em todo o Brasil. De um lado as salas de aulas de universidades e faculdades aparecem abarrotadas de alunos e do outro, empresários e RH´s reclamam da carência de profissionais que atinjam os requisitos necessários para as vagas de trabalho.
De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional de Domicílio (PNDA) do IBGE, na última década, o número de matrículas no Ensino Superior no Brasil dobrou. Somente entre 2011 e 2012, 867 mil brasileiros receberam um diploma no país.
Preguiça Mental
Segundo a coordenadora de RH da Canguru, e também diretora de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (IBRH) Regional de Criciúma, Stelamaris Giassi, a impressão é a de que “estamos vivendo uma preguiça mental”.
“A universidade nos dá os mecanismos, mas os alunos precisam ir além da sala de aula na busca do conhecimento. Até mesmo na sala de aula percebemos que são poucos os alunos que se interessam, por exemplo, em bibliografias extras dadas pelos professores”, opina.
Diferencial faz falta para contratação
E são esses diferenciais que podem fazer muita falta lá no mercado de trabalho. Na visão da especialista, o problema ainda é mais profundo, inicia no ensino fundamental e médio. “Muitos chegam ao nível superior sem uma boa base da escola fundamental. Muitos estudantes de engenharia não conseguem realizar contas de matemáticas básicas”, coloca Stelamaris.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 90% dos novos empregos gerados no país exigem ensino médio completo. No entanto, 40% dos trabalhadores não completaram o ensino fundamental e 16% são analfabetos funcionais, ou seja, embora saibam ler, não conseguem interpretar um texto ou fazer operações matemáticas básicas.
Conforme matéria especial do site Clicatribuna, a seleção de profissionais tem se tornado cada vez mais difícil. Um currículo cheio de diplomas não é sinônimo de vaga garantida.
Na Betha Sistemas, a analista de RH, Fernanda Soares Justino, comenta que enfrenta duas realidades na escolha dos profissionais.
“Para as vagas de técnico de suporte encontramos muitos profissionais com bastante experiência, mas sem a escolaridade exigida. Nesses casos, incentivamos que essas pessoas busquem a escolaridade também”, explica.
No outro caso, para vagas de desenvolvimento, Fernanda explica que chegam as suas mãos currículos muito interessantes, com diplomas além da graduação e da pós-graduação, mas sem a experiência.
“Para essas vagas mais avançadas precisamos de profissionais com maior experiência, que não vem com odiploma. Somente a teoria da faculdade não preenche a necessidade. Buscamos, é claro, o profissional que alie as duas coisas, mas a experiência conta muito”, frisa Fernanda, que revela está sempre com vagas disponíveis em diversas áreas de atuação.
Produtividade vinda com mão de obra qualificada
Uma mão de obra de qualidade que resulte em aumento de produtividade é o ideal para as empresas, mas isso não vem ocorrendo.
O vice-presidente da Regional Sul da Fiesc, Diomício Vidal, também vice-presidente da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC), diz que tanto a região, como o estado e o Brasil estão entre os últimos do mundo em índices de produtividade, perdendo até para a vizinha Argentina. “Isso é alarmante”, menciona Vidal.
A situação pode ser comprovada em apenas um dos dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com confederação, a indústria de transformação, teve um aumento de produtividade de apenas 1,1% entre 2001 e 2012.
“Os profissionais precisam entender que a universidade é apenas uma base, e que a atualização precisa ser constante, principalmente, nos dias atuais que a evolução da tecnologia é constante. Nunca se está, totalmente preparado, a busca do conhecimento precisa ser diária tanto para os profissionais de chão de fábrica até aos níveis mais superiores de uma organização”, conclui.