Poder Legislativo

Orleanenses não recebem atendimento médico pelo SUS e precisam arcar com os custos

Foto: Ketully Beltrame / Sul in Foco

Foto: Ketully Beltrame / Sul in Foco

“O plano de governo deveria ser a espinha dorsal de um prefeito que foi eleito”. Desta forma, o vereador Mário Coan (PSDB) iniciou seu pronunciamento na Câmara de Vereadores de Orleans, durante a sessão ordinária de segunda-feira (29). O legislador aproveitou a oportunidade para apontar as promessas não cumpridas pelo Poder Executivo.

Entre elas, a que mais preocupa diz respeito à área da saúde. “No plano de governo, é citado o ‘Projeto Gente Saudável’, em que seria realizado um mutirão de cirurgia para catarata, varizes, hérnias e cirurgias ortopédicas, acabando com filas de espera”. Entretanto, conforme Mário, isso não foi colocado em prática.

“Tem gente com braço fraturado desde quinta-feira. No dia seguinte, para ser atendido, depois de percorrer as sete senhoras, pagou uma consulta particular com o doutor Boris, de fim de dia, para conseguir fazer uma primeira análise. Agora, essa pessoa está esperando. A cirurgia custa R$ 6 mil e ele é um funcionário de empresa que ganha em torno de R$ 1 mil por mês, consequentemente, não tem condições para pagar. Onde está o ‘Projeto Gente Saudável’ neste saco?”, indagou.

O vereador Osvaldo Cruzetta (PP), o Vá, complementou a informação com outros relatos. “Eu tive um funcionário que sofreu um acidente na empresa e teve uma fratura exposta. Ele foi atendido no pronto-socorro do nosso hospital e não lá tinha ortopedista. Foi encaminhado para Criciúma para receber atendimento e ficou lá durante três dias, internado no Hospital São José, e não fizeram a cirurgia. Aí me ligaram às 16 horas do terceiro dia, o rapaz já estava desesperado, para acertar o preço para fazer a cirurgia. Foi necessário pagar R$ 3 mil e eu autorizei fazer e pagar particular, porque, caso contrário, ele não seria atendido”, contou.

Entretanto, este não foi o único caso. “Meu outro funcionário, mecânico, cortou o pé com a roçadeira. Foi fora do ambiente de trabalho. Ele também foi encaminhado para Criciúma, bastante debilitado, perdendo muito sangue, e também não foi atendido, seis horas depois. Ele teve que ir para outro hospital e pagar para ser atendido. Veja o caos que estamos vivendo na nossa região, filas e filas de pessoas que não estão sendo atendidas. A saúde deve ser prioridade”, afirmou Vá.

O líder do governo na Casa Legislativa, vereador Valter Orbem (PSD), disse que irá averiguar a situação. “Em relação ao pagamento da consulta, nós aqui desta Casa sabemos que, no ano que passou, a Secretaria repassava à Fundação Hospitalar recursos para que se mantivessem o doutor Boris e um anestesista de sobreaviso. Esses médicos têm a obrigação, de segunda a sexta-feira, de fazer o atendimento caso alguém chegasse com fratura. Se o médico está recebendo, a fundação hospitalar deveria cobrar dele, pois é obrigação do profissional realizar o atendimento. Me chama atenção esse fato, irei entrar em contato amanhã com o secretário de Saúde para saber a situação em que se encontra”, garantiu.

Conforme Mário, o repasse não está sendo realizado. “Na verdade, os funcionários do hospital alegam que não estão recebendo. Inclusive, eu, como presidente da Câmara no ano passado, antecipei a devolução de R$ 30 mil para repasse à fundação hospitalar e me sinto traído, como legislador, de ter feito isso para garantir um atendimento que não existe, que é de péssima qualidade. Eles dizem que não atendem porque não recebem”.

Outros pontos foram elencados por Mário Coan, veja abaixo:

Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mama

“Aqui diz também apoio à ampliação de serviços prestados pela Rede Feminina, com atendimento multidisciplinar, incluindo suporte médico e psicológico. Estamos cansados de saber a verdade, a presidente tem vindo à Casa Legislativa reivindicar e prestar contas e nada tem sido feito”, disse.

Educação

“Na página 9 do mesmo plano, se fala sobre educação. Uma obra contemplaria uma escola integral na Barra do Rio Novo. Vocês deveriam ir lá ver a obra que está sendo feita em cima da única quadra que havia na localidade”.

Infraestrutura

“Outro projeto que consta no plano de governo, de infraestrutura, se chama 'Orleans 100%'. Aqui diz que iriam abrir a avenida no bairro Murialdo até a SC-438, até o Rio Belo, com correção do percurso do rio para evitar inundações. Tem até a planta do que eles iam fazer, mas não fizeram”.

"Administração Legal"

“Depois, nós temos também 'Administração Legal', em que existia um projeto que dizia que criaria 'oportunidade de promoção para que servidores se sintam motivados a fazer cursos e treinamentos, possibilitando crescimento profissional. Criar vale alimentação para os servidores públicos'. Nós aprovamos aqui na Casa e até hoje e os funcionários não viram os R$ 100 que, em minha opinião, são uma mixaria porque empresas pagam um valor bem superior”.

Condições das estradas

“Funcionários começaram a limpeza nos acessos de nossa cidade. Lá próximo à Copozan, o capim fez aniversário de dois anos. O buraco está tapeado também, meu funcionário tem ido lá e colocado terra quando está bem seco. Um assalariado cortou dois pneus de carro. É praticamente o salário dele colocado fora por conta de uma negligência do poder público. Assim como as ruas da nossa cidade, que estão em péssimas condições”.

Outros pronunciamentos

Angela Maria Fenilli Bratti (PP) – transporte

“Moradores do João Paulo segundo me procuraram e pediram para verificar a possibilidade de, além do ônibus que transporta as crianças, colocar um micro-ônibus também para os idosos e demais pessoas que trabalham aqui na cidade, pois há muitas crianças do ensino fundamental. Está perigoso, o ônibus vem lotado. Os idosos entram no ônibus e não têm onde sentar porque os lugares já estão todos ocupados. Então eles pediram muito que vissem a possibilidade da colocação do micro-ônibus”, solicitou.

Osvaldo Cruzetta (PP) – poda de árvores

“Nos deparamos com as árvores da praça sendo cortadas. Elas foram plantadas para embelezar a cidade e proporcionar sombra. Eu gostaria de pedir que não se fizesse mais isso. Alguém me disse que foi por conta das câmeras de videomonitoramento. Então, se for por isso, elas deveriam ter sido colocadas em outros locais, sem precisar cortar as árvores. Os postes das câmeras estão no meio da calçada, acho que teria outro local mais adequado para instalá-las”, afirmou.

O vereador Antonio Dias André (PMDB), o Geada, entretanto, disse que isso é de responsabilidade do Estado. “Culpar alguém do município é impossível, nem a Polícia Militar e nem a Prefeitura, porque o posicionamento das câmeras foi idealizado por técnicos que vêm de Florianópolis, da própria Secretaria de Segurança Pública. Porém, tudo pode ser revisto, desde que possamos reclamar para as autoridades competentes”.