Padre nasceu e foi ordenado em Lauro Müller, mas há 20 anos está em Porto Alegre, onde revolucionou as ações sociais na paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Restinga
Fotos: Reprodução Redes Sociais
O lauromullense Padre Claudionir Ceron completa dia 21 de dezembro, 25 anos de sacerdócio, e sua história de amor ao próximo vai muito além das orações. Em Porto Alegre o padre coleciona reconhecimentos pelos projetos sociais, que revolucionaram a paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Restinga, zona sul da capital. No local, famílias são beneficiadas, crianças são acolhidas e pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade social recebem ajuda.
Comemorações dos 25 anos de sacerdócio
No dia 21, data que marca os 25 anos de sacerdócio, o Padre disse que haverá uma missa e depois um almoço para comemorar essa trajetória. “Temos que agradecer a Deus por esses 25 anos, não sabemos do amanhã”, disse o padre.
Cidade Natal
Padre Claudionir Ceron disse que visita periodicamente Lauro Müller, onde ainda reside sua irmã. “Eu vou a cada quatro ou cinco meses, não perco o contato com minha terra”. O padre fez uma oração especial para os lauromulenses e catarinenses:
Trajetória
Claudionir Ceron, nasceu em Lauro Müller em 1969. Aos 10 anos, foi voluntário da área pediátrica de um hospital em Nova Veneza. Em 1984 estudou no Seminário e depois na Escola Toneza Cascaes, em Orleans, onde se formou em Análises Químicas. Fez o ensino médio no Colégio Mãe dos Homens de Araranguá e de lá mudou-se para Caxias do Sul, indo para Porto Alegre fazer estágio no Colégio Murialdo. Em 1994 foi para Londrina onde fez Teologia, se tornando padre com ordenação feita em Lauro Müller, dia 21 de dezembro de 1997.
Depois da ordenação, retornou a Porto Alegre e ao Colégio Murialdo. Foi lá que aceitou o desafio de ser pároco na Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Restinga, onde está há 20 anos. “Nos dois primeiros anos eu trabalhava fora para me sustentar como pároco. Fomos construindo, a cada passo, a cada dia, tudo que temos hoje”, explicou o padre. “Foram longos anos porque na época esse lugar era muito difícil, por causa das drogas, da violência. Aos poucos fomos construindo junto com a sociedade gaúcha e com os amigos, o projeto social, Padre Pedro Leonardo, que dá nome ao Centro Social, fundado em 2005”, completou. “São 20 anos aqui, cada pedra colocada, muitos calos nas mãos, muitos tombos, muitas feridas, mas muita vida, muitos filhos, muitas sementes que foram semeadas”, destacou o padre.
Ações que são exemplo
Os projetos sociais coordenados pelo Padre Ceron ganharam notoriedade pela transformação do local e pelo número de pessoas que são beneficiadas direta ou indiretamente. “Aqui no Centro Social nós temos contraturno escolar, mais de 200 crianças podem fazer duas refeições, além de atividades. Temos o Restaurante Solidário onde são servidos mais de 100 almoços diariamente para pessoas em vulnerabilidade social, desempregadas, em situação de rua”, destacou o padre. Segundo ele, os recursos que mantêm o local são provenientes de alguns convênios com o município, eventos, ajuda de parceiros, Imposto de Renda devido, coleta de tampinhas, e tantas outras pessoas que colaboram para manter.
Um pouco do trabalho desenvolvido pelo Padre Ceron
“Temos também o Complexo Cidade dos Anjos, Casas Lares, com projeto que terá investimento de R$ 4 milhões. São 24 crianças encaminhadas pelo Ministério Público e das quais eu sou o guardião legal, são todos meus filhos”, enfatizou o Padre Ceron. “Crianças, adolescentes, alguns são adotados, alguns ficam até os 18 anos. Hoje tem criança que passou no Centro Social que é educador, que tem sua carteira assinada. Uma menina que chegou na Casa Lar com seis anos e hoje tá com 19 anos, minha filha maior, já tem seu apartamento, já está trabalhando. Tem muitas histórias bonitas”, conta o padre, orgulhoso de “seus filhos”.
Padre skatista
Em 2015 o Padre Ceron coordenou a construção de uma pista de skate no local e que levou o nome de um colaborador morto pela violência. “O Ismael tinha mudado de vida, mas, infelizmente foi assassinado brutalmente”, lembra triste.
Colorado de coração
O Padre Claudionir Ceron não esconde sua paixão pelo Clube de Futebol Internacional. Diz que nasceu no ano em que o homem foi a lua e o Beira Rio (estádio do Inter) foi criado e não esconde de ninguém sua torcida, tanto que até Nossa Senhora Aparecida ganhou um manto vermelho, na cor do clube porto-alegrense. “Tenho uma Rural 1965, que é toda do Inter. Vou nos jogos com ela e lá ainda fazemos nosso trabalho social coletando doações”, conta o colorado, que recebe o apoio de jogadores do clube, como Dalessandro, que doou recursos para a construção do refeitório.
Apaixonado pelo esporte, o padre também é maratonista e coleciona medalhas, inclusive com participação em corridas na Serra do Rio do Rastro.
Reconhecimentos
Além da coleção de medalhas, o padre também tem muitos “títulos” concedidos por suas ações sociais. Ele ganhou o título de Cidadão de Porto Alegre e Cidadão 250 anos, concedidos pelo Legislativo Municipal e ainda a Medalha Cidade de Porto Alegre, entregue pelo Executivo da cidade.
Preparado para novos desafios
Com todo trabalho desenvolvido e resultados extraordinários, o Padre Ceron disse que está sempre preparado para novos desafios. “Temos que estar sempre atentos aos sinais do tempo, como diz o Papa Francisco, e sempre prontos para recomeçar, sempre novos projetos, novas realidades, são novos momentos dentro da igreja, dentro da sociedade, após a pandemia surgiram novas necessidades”, e emenda: “temos que deixar que o Espirito Santo nos ilumine e nos guie nas decisões, para que possamos estar sempre a serviço da vida”..
Por Simone Costa