Segurança

Tortura no asilo: suspeitas devem responder pelo crime

O inquérito deve ser concluído com o indiciamento das duas ex-funcionárias, suspeitas de maltratar os idosos.

Foto: PC de Laguna/Divulgação/Notisul

Foto: PC de Laguna/Divulgação/Notisul

Deverá ser finalizado hoje o inquérito policial sobre os crimes de tortura no Asilo Santa Isabel, em Laguna. O caso veio à tona no fim do mês passado quando a Polícia Civil esteve no asilo para investigar um crime praticado por uma freira que atuou no local, denunciado pelo Ministério Público.

“Pretendo fechar todo o material e encaminhá-lo para o MP. Pela gravidade deste crime, é pedido urgência para o término do inquérito e, como tenho indícios suficientes, vou pedir a prisão preventiva, por crime de tortura, da freira e da cuidadora”, informou o delegado responsável pelas investigações, Flávio Costa Gorla.

O delegado destaca que oficialmente foram três idosas agredidas. Número que pode ter alterações, caso algumas idosas tivessem condições de relatar os fatos ocorridos na época. Uma delas era amarrada com um lençol em uma cadeira de rodas e colocada em uma área isolada, quando tentava sair da ala feminina para ir a outro cômodo da instituição.

“Hoje (ontem) tentamos ouvir mais duas senhoras, de 76 e 92 anos. A mais velha, pela idade, não teve condições de comparecer. A outra senhora veio, acompanhada de uma assistente social do Creas, mas ao depor notamos dificuldade de se comunicar com lógica. Sendo assim, fecharemos o material e aguardaremos um posicionamento do MP”, completa Flávio.

A instituição

A freira e a cuidadora, suspeitas de agredirem os idosos, prestaram depoimento no início do mês e alegaram que não tinham desentendimento com ninguém dentro da instituição. “Além das funcionárias, ouvimos também a diretora da casa, que relatou que sempre que alguém lhe comunicava algo, ela perguntava às idosas, que nunca lhe confirmaram nada sobre as agressões. Sendo assim, ela disse que confiava no seu quadro de colaboradoras. Mesmo com estas informações, ela transferiu uma para outra instituição e demitiu a outra”, destaca Flávio. A instituição existe há mais de 70 anos e este é o primeiro registro policial no lugar. São 37 idosos que moram na instituição, onde trabalham 24 funcionários. A freira foi transferida para outro asilo, em Nova Veneza, no mês passado. Os casos de tortura ocorreram entre setembro último e janeiro.

Entenda o caso

A Polícia Civil de Laguna esteve no asilo no dia 25 último, em atendimento a uma solicitação do Ministério Público. A denúncia revelava que uma freira de 42 anos maltratava uma idosa de 66. No decorrer da investigação, mais vítimas surgiram. Surra de toalha molhada, chineladas no rosto, puxões de cabelo, tapas no rosto, entre outras, estão entre as torturas praticadas. Geralmente ocorriam quando as vítimas negavam-se a dormir ou outro tipo de desobedecimento, e faziam suas necessidades fisiológicas nas fraldas. Conforme o delegado, além da religiosa, há uma funcionária que a obedecia e, com isto, era conivente com a situação. Os maus-tratos ocorreram entre setembro do ano passado e janeiro último. As denúncias foram confirmadas por uma ex-funcionária, uma assistente social, uma cuidadora e outras testemunhas. As cinco idosas possuem entre 66 e 92 anos. Em depoimento à Polícia Civil, a freira negou todas as acusações.