Economia

Trabalhadores da ponte Anita Garibaldi movimentam a economia do município

Um movimento que era só percebido no verão e no carnaval, pode ser constatado no dia a dia. No supermercado, no banco, no trânsito, no ônibus, nos bares e restaurantes, no cotidiano da cidade. Os 1,3 mil trabalhadores da construção da ponte Anita Garibaldi transformaram a rotina dos lagunenses. Segundo o consórcio Camargo Correa, A.Terpa Martins e Construbase 90% dos funcionários vieram de outras regiões. Estados do nordeste e Minas Gerais são os principais pontos de migração dos trabalhadores em busca de salários acima de R$ 1.500, carteira assinada e benefícios.

“Eles andam em grupos e gostam muito de conversar e contar histórias”, brinca dona Adelaide Vieira, moradora do Mar Grosso, referindo-se aos novos vizinhos.

No entardecer, eles surgem com seus uniformes fluorescentes trazidos por veículos contratados pela empresa. Antes, gostam de tomar uma cerveja gelada, aguardente e lembrar da vida que deixaram. Grande maioria não trouxe a família. Quinhentos deles dormem no local de trabalho. A cada 90 dias tem o direito de visitar a cidade natal, com passagem paga pela empresa.

“Estou fazendo mais um pé-de-meia”, conta o mineiro Sérgio Silva, que já trabalhou em outras obras no Brasil.

Para manter o trabalhador até o final da obra, o consórcio oferece bônus de permanência e de metas.

O cardápio dos funcionários é preparado por uma empresa terceirizada, que adaptou a alimentação ás origens dos trabalhadores. Aipim, comida apimentada e muito feijão não ficam fora da lista.

São aproximadamente 700 funcionários diretos e mais 600 de empresas terceirizadas que moldam ferragens que sustentarão a estrutura de 2,8 quilômetros de extensão.

O antigo restaurante Estação, ao lado dos trilhos da Ferrovia Tereza Cristina, em Cabeçuda, foi desapropriado e foi transformado num refeitório para os operários da obra.

Imóveis

Calcula-se que mais de 150 apartamentos estão locados para os funcionários do Consórcio Camargo Correa, somente no Mar Grosso. Média de R$ 1.100 mil por mês. Diretores preferem a beira-mar com aluguel médio de R$ 2.000 e locação de um ano.

Outros estão morando nas regiões do bairro Portinho, Progresso e Cabeçuda, nas proximidades do canteiro de obras.

Comércio

O comércio da cidade está ganhando direto e indiretamente com a obra da ponte. A Uega Materiais Elétricos, está vendendo para as empresas que prestam serviços para o consórcio responsável pela construção.

O restaurante e hotel Atlântico Sul, no Mar Grosso, conquistou clientes vindos de várias partes do Brasil que trabalham na obra. De acordo com a proprietária Jane Vieira “estamos tendo um grande número de clientes”, salientou. O comércio, em determinados, casos está contratando trabalhadores para atender os funcionários da ponte.

Do setor de serviços, as farmácias são um segmento que está recebendo novos clientes. Acostumados com temperaturas altas, os trabalhadores do norte e regiões centrais do Brasil estão precisando de medicamentos para gripes e resfriados.

O consórcio já está providenciando balsas com coberturas para combater o frio. Um pedido dos operários nordestinos.

Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Laguna (Acil), Isaías Viana, nos primeiros meses do ano o movimento nas farmácias ultrapassam os R$ 30 mil.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Samir Haad a ponte a médio e longo prazo vai acelerar ainda mais o ritmo de desenvolvimento da cidade. “O empreendimento é positivo para o município”.

A CDL tem um convênio com o consórcio da ponte, onde fornece o Util Card, uma espécie de cartão de crédito para os trabalhadores. Neste mês, 600 funcionários já haviam solicitado o documento para efetuar compras com desconto no comércio local.

Rainha de Lucena na lagoa de Santo Antônio

Elas estão por toda a parte, a Fabiana, Angela, Marcela, Lígia, Geiza, Rainha de Babitonga, a Rainha de Lucena e outras, estão colorindo a lagoa do Santo Antônio.

Nomes femininos batizaram as balsas que trafegam do canteiro de obras até a estrutura de concreto. O trabalho é dividido entre o equipamento que carrega caminhões de concreto, homens e areia do fundo da lagoa transportada para o bota-fora. Mais de 50 balsas estão sendo utilizadas, elas são construídas no município por empresas terceirizadas.

Na área onde estão sendo erguidos os dois mastros principais, mais de 60 homens trabalham ao som do vento, do mar e dos veículos que trafegam pela BR-101. São centenas de homens dedicados à preparação da estrutura. No total, 106 delas vão sustentar a ponte estaiada.

Conforme o cronograma da obra até maio de 2015 a ponte estará pronta. De acordo com o engenheiro Luis Gustavo Zanim, do Consórcio, a obra está 26% concluída.

Impostos

O prefeito Everaldo dos Santos declarou que a obra da ponte Anita Garibaldi rende aos cofres do município R$ 600 mil ao mês de impostos, principalmente, Imposto sobre Serviço (ISS). As empresas terceirizadas da obra, também geram impostos, assim como, as prestadoras de serviços.

“Este recurso será revertido em pavimentação de ruas. Também na educação e saúde”, declarou.

Resumo da obra

Comprimento: 2.815 metros
Largura: 25,3 metros
Ponte estaiada: 400 metros (vão central com 400 metros + dois vãos laterais com 100 metros)
Distância entre os pilares menores: 50 metros;
Distância entre os pilares do vão central que sustentarão os mastros: 200 metros;
Mastros: 2 (Sul e Norte);
Pistas: 2, cada uma com duas faixas de tráfego de 3,6 metros em cada sentido, e mais acostamentos de 3 metros;
Cabos: o maior com mais de 100 metros;
Estacas metálicas: a mais profunda será encravada a 65 metros de profundidade sob o mastro Norte;
A parte mais alta da ponte é onde estará o mastro Norte, com 50 metros de altura de altura do mastro, mais 17 metros do pilar até a superfície da água.
Valor: R$ 597.190.345,20

Colaboração: Taís Sutero

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