Segurança

Unesc vira cenário de simulação de acidente (com vídeo)

Imagine se um avião caísse aqui na região de Criciúma? Como proceder? Como seria o feito o resgate? Com o objetivo de aferir o tempo de resposta das entidades que podem ser acionadas em situações de tragédia, uma grande operação simulou um acidente aéreo com marcas de realidade, ação, sincronismo e trabalho em equipe. A simulação envolveu cerca de 200 pessoas e atraiu milhares de curiosos no início da noite de sexta-feira (13), na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).

A simulação começou exatamente às 19h24min. O avião, semelhante à aeronave que faz os voos comerciais no Diomício Freitas, levanta voo. Um dos motores dá pane, a aeronave perde altitude e acaba caindo no terreno da Unesc. Na torre de comando, no aeroporto, os funcionários percebem que não conseguem mais contato com a aeronave. É aí que se intui que um grande acidente aconteceu. Então, o Centro de Operações de Emergências (COE) é acionado.

A primeira equipe que chega ao local, em cinco minutos, é da Seção de Combate ao Incêndio (SCI) do aeroporto. Em um raio de cinco quilômetros, a respon-sabilidade por acidentes aéreos é deles. São 70 vítimas em meio ao fogo e aos destroços do avião. Na simulação, as vítimas foram deslocadas para setores de atendimento da Unesc, mas, para dar ainda mais realismo, uma delas foi conduzida ao Hospital São José e outra para o Hospital São Donato, em Içara. "A primeira hora após o acidente é o momento decisivo. É quando se define um prognóstico fundamental para sobrevivência", comentou Mágada Passmann, coordenadora de Extensão da Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde (Unasau) da Unesc.

Todas as possibilidades imaginadas

Uma a uma, sob gritos de socorro, as vítimas eram retiradas. O suor e o fôlego dos socorristas davam o tom de seriedade à operação. Mas e os parentes das vítimas? Os curiosos? A imprensa? Tudo isso também foi planejado. Equipes do Exército faziam o bloqueio da área para que apenas socorristas pudessem fazer o resgate, evitando que uma imensidão de curiosos se aproximasse. Uma equipe de psicólogos da universidade amparava os parentes da vítima pelo trauma que presenciaram. A Guarda Municipal e a Polícia Militar faziam o controle do tráfego para aumentar a fluidez do resgate.

As vítimas que participaram da simulação eram estudantes e profissionais da área de saúde e também do curso de Artes Visuais. Uma delas era a enfermeira Adriana Ribeiro, que estava embrenhada e deitada na mata, gritando por socorro. Mesmo com 20 anos de experiência na área, para ela, a simulação foi de extrema importância. "A gente tem o conhecimento teórico e prático, mas são situações como essas que aprimoram ainda mais. Acho muito válido", comentou. Ela afirma também que sua profissão exige certo preparo para situações de risco que possam surgir. "Mesmo com o volume de pessoas que atendemos, nunca passamos por situações mais graves. O que mais se aproximou disso foi o acidente com o ônibus que transportava idosos de Lauro Müller, mas o caso clínico não era muito grave", comentou.

Quem também estava todo ensanguentado e caracterizado para a simulação era o estudante de Odontologia Juliano Ribeiro. "É bom receber essa instrução, pois, quando ocorrer de verdade, eu não vou me sentir culpado por não poder ajudar", afirmou o acadêmico.

Para os bombeiros que atuam no aeroporto, a operação foi bem-sucedida. Segundo o tenente Sandro Corrêa, comandante do Batalhão dos Bombeiros do aeroporto, nos últimos anos, estima-se que cerca de 300 pessoas tenham sido preparadas para atuar em situações de resgate, entre voluntários e profissionais.

A simulação é uma exigência da Infraero e acontece anualmente, conforme o porte do aeroporto, em municípios com bases aéreas. Essa foi a segunda simulação em Criciúma, sendo que a anterior aconteceu em 2013. "Para a Infraero, a simulação é uma obrigação e deve ter o apoio de várias pessoas. É uma preparação para a gente agir como se fosse de verdade.

Quanto mais estivermos preparados, mais vidas salvaremos. Outro diferencial dessa operação especial é que é a segunda vez que a simulação ocorre fora de aeroportos no Brasil", afirmou a superintendente da Infraero em Forquilhinha, Márcia Santos. Agora, será feita uma análise apontando erros e acertos e um relatório será enviado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O treinamento é uma realização da Infraero em parceria com a Unesc e com outras entidades. Foi realizado, ainda, durante toda a semana, o curso de Corpo Voluntário de Emergência (CVE), também promovido pela Infraero, que serviu de preparação para a simulação.

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