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Além dos derivados do petróleo, alimentos básicos ficarão mais caros

Pão francês pode custar até R$ 20 o quilo por conta da guerra na Ucrânia.

Divulgação

A elevação dos preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha não será sentida apenas na hora de abastecer o veículo ou de ligar para a tele-entrega do botijão. Nas próximas semanas, os impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia deverão chegar também às prateleiras dos supermercados e panificadoras. O próprio pão francês tem grandes possibilidades de receber um reajuste que doerá no bolso de cada um. Especialistas apontam que o valor do quilo poderá custar até R$ 20, caso o atual cenário no Leste Europeu se mantenha.

Outros alimentos básicos já estão sob os efeitos da geopolítica internacional. Os supermercados já vinham trabalhando com a inflação em alta desde o primeiro trimestre de 2020, com o início da pandemia. A maior parte das commodities segue a cotação do dólar.

“Sim, a guerra na Ucrânia já vem impactando em alguns preços, até porque o valor dos combustíveis já está sendo bastante sentido desde a última semana. Outro impacto importante para o nosso segmento é o preço dos grãos. A Rússia e a Ucrânia são grandes produtoras de trigo, e no mundo todo o produto está alterado. O valor do trigo para os brasileiros ainda não aumentou todo o potencial que possui. Mas, em médio prazo, deverá sim haver um aumento no valor tanto da farinha de trigo, quanto do pãozinho. Os dois países são os responsáveis por quase metade do trigo no mundo. O Brasil não compra diretamente deles, o nosso vem mais da Argentina e do Canadá, mas é cotado a preço internacional. Já aconteceu um impacto em 2020 e 2021, com a pandemia e a valorização do dólar, e agora temos o aumento da commodity em si. Em relação ao valor de até R$ 20 no quilo do pãozinho, podemos afirmar que, se a guerra se postergar, é possível sim”, detalha Ricardo Althoff, vice-presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats) Regional Sul.

Os fertilizantes utilizados nas produções dos agricultores brasileiros vêm, sobretudo, da Rússia. Não está descartada a hipótese de o conflito externo causar uma queda na capacidade de plantio e colheita de grãos no país. “Não só os grãos podem estar caros agora, pelo preço internacional, mas pode ser que o Brasil não consiga produzir a quantidade que vinha produzindo por falta de fertilizantes”, alerta.

O acréscimo no valor dos grãos, principalmente do milho e do trigo, influenciará também na elevação do custo de produção das carnes. Os novos preços devem ser observados já nas próximas semanas. “Esses grãos, além de farinha, servem de ração para os animais. Então também é possível sentirmos os reflexos no custo das carnes, sejam bovinas, suínas ou de frango que demandam a compra de milho e trigo”, comenta Althoff.

O vice-presidente regional da Acats reforçou que, com o diesel em alta, automaticamente todos os bens de consumo também passam por correção monetária. “O aumento do preço dos combustíveis chegou de uma maneira mais rápida, por conta do petróleo, que é o responsável por transportar todos os produtos que a gente consome. Isso vai começar a ser sentido daqui para frente, quando o valor do frete começar a pesar”, destaca.

Consumidores insatisfeitos

Não está fácil ir fazer compras no supermercado. Os consumidores observaram um aumento substancial dos preços nos últimos dois meses, ainda antes de a guerra entre a Rússia e a Ucrânia explodir. O ressentimento está grande pelos corredores dos estabelecimentos.

O aposentado Francisco Batista estava comprando bananas no centro de Criciúma quando parou para dar entrevista. “Aumentou tudo. Não tem um item que podemos dizer que abaixou. Estou gastando R$ 300 a mais só de supermercado em relação há dois meses atrás. Os preços já vinham crescendo demais, a guerra foi só o empurrãozinho que faltava. Percebo que existe muita ganância. Isso eu falo até de quem é o dono dos supermercados. O quilo da banana custaria no máximo R$ 2,50, hoje já está quase a R$ 6. As frutas e verduras estão num preço assustador. A cenoura, que há três meses atrás eu comprava o quilo por R$ 1,50, está custando quase R$ 10. Até o ovo, que se pagava R$ 14, já está perto dos R$ 20. Complicado”, contesta.

Na mesma seção estava o também aposentado Nilson Mazzuco, que compartilhou uma opinião parecida. Ele costuma fazer uma pesquisa de preços antes de ir às compras, porém, nos últimos meses, tem encontrado dificuldades até em eleger os lugares mais baratos.

“Parece que todo dia tem aumento. Num dia está um preço, no dia seguinte já está outro. Acho que tem gente se aproveitando da situação. Quem é assalariado acaba prejudicado, não temos o que fazer. O governo deveria fazer uma fiscalização maior para evitar esses valores abusivos. Quando o gás tem um reajuste, o que resta no estoque continua com o preço antigo. Demora um tempo até o preço mudar. Já nos supermercados parece que todo dia aumenta. Eu procuro ir pelas promoções para pagar mais barato, não costumo comprar sempre no mesmo local. Onde tiver um preço melhor eu vou, mas ultimamente está difícil de achar preços bons”, externa.

Supermercados não veem vantagens em aumentar preços

Ricardo Althoff esclareceu que os proprietários dos estabelecimentos repassam os valores que recebem, e que não enxergam com bons olhos o fato de o cidadão comum ter menos poder de compra para gastar.

O setor já espera por uma queda mais vertiginosa nas vendas neste mês. “Já estamos trabalhando com a inflação acelerada por conta da pandemia e a cotação do dólar. Em cima disso, tivemos reajustes nos combustíveis e em commodities que pesarão ainda mais aos clientes. É importante que se diga que os supermercados em geral não têm interesse nenhum em aumentar os preços. O interesse está em vender mais, que o cliente tenha capacidade de consumir mais. O que os supermercados fazem é repassar um custo que aumentou a eles. Não há como represar os custos. Sabemos que uma família que está gastando mais com a gasolina, terá menos renda disponível para gastar em supermercado. É algo que reflete em toda a cadeia econômica”, pontua.

Com informações do site TNSul

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