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Presidente da Celesc, Cleverson Siewert, concede entrevista exclusiva e fala sobre as novidades do setor energético em SC

O presidente da Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC), recebeu a reportagem da AECODI/SC para falar sobre as novidade do setor energético em Santa Catarina.

Foto: Paulo Luís Cordeiro/Portal da Ilha Digital

Presidente da Celesc, Cleverson Siewert, concede entrevista exclusiva e fala sobre as novidades do setor energético em SC

AECODI – De que forma o senhor avalia o setor de distribuição energética atualmente em Santa Catarina? Já existe uma avaliação prévia de como será 2017?

Cleverson Siewert- O setor de distribuição de uma forma geral, pensando primeiro em termos de Brasil, tem se transformado bastante ao longo dos últimos tempos, basicamente porque nós estamos falando cada vez mais de geração própria perto do centro de carga, e segundo lugar porque nós estamos fazendo cada vez mais, ou falando cada vez mais em utilities, que seria a junção de água, saneamento, esgoto, energia, tudo isso no conceito de inteligência, utilizar a inteligência no conceito macro de smart cities.

Então esse processo de transformação fez com o setor de distribuição no Brasil e aqui em Santa Catarina também tivessem que inovar, passar por novas regras e novas lógicas. De outro lado, é um setor que precisa prestar um serviço cada vez melhor a um custo cada vez menor, então esses desafios fazem ou exigem com que as distribuidoras tenham que se adequar em premissas cada vez mais adequadas do ponto de vista do custo e do ponto de vista de entrega de serviço.

AECODI – Como a Celesc está buscando tecnologia para novos modelos de geração de energia? Que tipo de matriz energética podemos ter a disposição no futuro próximo?

Cleverson Siewert- A Celesc busca , na verdade, tecnologia como sendo seu ponto principal do seu negócio, cada vez mais, como eu disse anteriormente, a gente vai precisar entregar melhor por um preço cada vez menor, e não há outro jeito de fazer isso do que tecnologia. Então a gente tem procurado absorver tecnologia seja na área de distribuição de energia ou da geração de energia de uma forma bastante constante.

Em relação à geração, o que a gente enxerga é cada vez mais matrizes vinculadas à energia renovável, sim, o Brasil é bastante pródigo em relação a isso, nós temos cerca de 80% da nossa matriz renovável, porém ela proeminentemente é hídrica, cerca de 70% é hídrica, então o que a gente precisa na verdade é estar diversificando essa matriz, em Santa Catarina não é diferente, de forma com que a gente não sofra tanto quando, por exemplo, existe falta de chuva, e aí com falta de chuva você tem uma escassez de energia hídrica, tem que gerar muito mais energia térmica, é muito mais caro, você tem os crescimentos de tarifas, como a gente vem vivenciando ao longo dos últimos anos, e nesse momento também está acontecendo isso.

Então a tendência é novas matrizes, energia solar é uma delas, painéis solares, assim como a energia eólica, são as duas fontes que tem a premissa grande, por conta da ANEEL, da própria empresa de pesquisa energética, do Ministério de Minas e Energia, e não é diferente aqui em Santa Catarina, que deve ter a sua proeminência pros próximos anos.

AECODI – A utilização de energia fotovoltaica será uma realidade Catarinense? De que forma a Celesc pretende apoiar essas iniciativas?

Cleverson Siewert- Ela já é uma realidade, na Europa, nos Estados Unidos é muito forte, no Brasil isso tem crescido de forma bastante exponencial ao longo desses últimos meses, eu diria. Hoje nós temos cerca de 8 mil desses sistemas já instalados no Brasil como um todo, isso é quase nada, mas é um começo. Aqui em Santa Catarina são cerca de 400 desses sistemas já instalados. Recentemente nós fizemos um movimento forte, importante, onde nós lançamos um projeto de eficientização energética, em que vamos subsidiar a instalação de mil desses sistemas, pra mil residências aqui em Santa Catarina com 60% de desconto, ou seja, Santa Catarina, além de já ser um Estado que tem per capita bastante desses equipamentos frente ao todo do Brasil, será um que vai ter também no todo, porque serão cerca de 1400 desses equipamentos instalados até o final do ano, 400 já existentes, mais mil, o que vai permitir com que não só a Celesc, o Estado de Santa Catarina, mas o Brasil como um todo entenda esse sistema, as suas consequências, a sua relação entre a geração de energia, o cliente, a forma de utilização e dali podem surgir novidades importantes do ponto de vista da utilização e da tecnologia existente pra desenvolvimento aqui no nosso país.

AECODI – A Celesc se destaca em projetos de pesquisa e desenvolvimento e eficiência energética. Quais as novidades nesse setor?

Cleverson Siewert- A Celesc recentemente teve uma conquista importante no final de 2015 com a renovação do nosso contrato de concessão da distribuição de energia, o nosso negócio hoje 98% é distribuição de energia, então naturalmente o foco da empresa continua sendo esse. Dentro da distribuição nós temos dois grandes indicadores a cumprir, um técnico, que é o nosso indicador de horas sem energia ao longo do ano e vezes sem energia ao longo do ano. Isso é medido pela qualidade do nosso sistema.

Entre 2011 e 2016 nós reduzimos 25% um dos indicadores e 27% o outro. Isso significa que nós melhoramos 4% ao ano desde 2011 até 2016 todos os anos a produtividade da empresa. Normalmente costumo dizer que eu desafio qualquer indústria que não seja da tecnologia que melhore 4% ao ano sua produtividade isso é fruto de todos os investimentos que a empresa vem fazendo, são mais de 300 milhões de reais por ano em investimento no sistema elétrico, de uma lado é isso, de outro lado é fazer frente às questões financeiras da empresa, continuar buscando a nossa adequação, em termos de custos, em termos de nova lógica processual interna, novos procedimentos, novos processos, muita tecnologia, então esse é um desafio importante.

De outro lado é entender também que não só da distribuição a gente vive, nós precisamos de novos negócios, novas oportunidades e aí a geração continua sendo uma frente importante, geração solar, eólica e outros tipos de geração, sempre com um cunho renovável , assim também como oportunidades hoje existentes aqui , por exemplo, telecomunicações, nós somos donos em Santa Catarina do maior parque de fibra ótica o maior backbone do Estado é nosso e a gente está imaginando explorar isso economicamente de alguma forma, fornecendo e oferecendo um serviço bom pra sociedade, mas também rentabilizando esse ativo da companhia.

A Celesc hoje não tem uma comercializadora, ou seja, nós só trabalhamos dentro da distribuição com os nossos clientes cativos, mas todos os clientes industriais, os grandes clientes, hoje eles compram energia de comercializadoras de fora do Estado, então a gente também quer abrir uma comercializadora pra comprar e vender energia, isso é um sistema importante, hibrido, existente, e a gente está imaginando que possa entrar também nessa frente. É mais uma opção assim como outros negócios que a gente está podendo olhar. Então de um lado, distribuidora, oferecendo serviço bom com um preço cada vez menor e também por outro lado diversificando a nossa matriz de oportunidades pra sociedade.

AECODI – A Celesc se destaca em projetos de pesquisa e desenvolvimento e eficiência energética. Quais as novidades nesse setor?

Cleverson Siewert- É verdade. Nós temos nesses últimos anos feito muitos projetos ligados a eficientização energética, hoje a Celesc pode ser considerada uma referência nacional, pra se ter uma ideia, de 2011 pra trás a gente investiu cerca de 5 milhões por ano em projetos de eficiência energética, hoje são cerca de 50 milhões por ano, então a gente entendeu com essa sendo uma matriz de sustentabilidade importante pra companhia, tanto pra nós quanto pra própria sociedade e aí a gente vem diversificando esses nossos projetos, projetos ligados a indústrias, aos hospitais, a clientes residenciais, a clientes de baixa renda, ao campo, a cidade, enfim, nas suas varias frentes.

E um deles, que teve muito sucesso foi o bônus eficiente, que permitia a troca dos nossos eletrodomésticos, com bônus de 50% de desconto. Esse projeto, inclusive em 2015, chegou a ganhar um premio, como melhor projeto de eficiência energética do Brasil. A gente já repetiu ele por 3 vezes e a tendência é que nós façamos uma quarta. Nós estamos ainda orçamentando tudo isso, compondo a nossa linha interna, mas a tendência é que nós levamos também no ano de 2017 ter mais uma etapa desse projeto.

AECODI – Quais os projetos para 2017? Bônus eficiente poderá ser reativado em SC?

Cleverson Siewert- A gente continua fazendo, de um lado, investimentos muito grandes na área de distribuição de energia, são cerca de mais quase 400 milhões de reais esse ano em investimentos em sua maneira em distribuição de energia, mas também temos investimentos em novos negócios de geração, como eu falei.

Obviamente a gente não deve repetir os 685 milhões do ano passado, que foi o maior investimento histórico dos 60 anos da Celesc, mas devemos ter um nível bastante alto de investimento por um lado, e de outro lado, de novo, reforçando essa lógica nossa de buscar inovação, tratar o tema sustentabilidade e inovação dentro do nosso aspecto mais amplo, foco no desenvolvimento social, ambiental e econômico, e aí as novas frentes são algo fundamental pra gente.

Nós não podemos esquecer também de duas outras lógicas importantíssimas, uma a transparência, a Celesc reforça a cada ano o seu compromisso com a transparência, nós temos hoje uma série de, eu diria, procedimentos instrumentalizados na companhia, desde a gente ter um comitê de ética ligado ao nosso conselho de administração, um portal da transparência com todos os nossos convênios e contratos, inclusive, a partir agora do mês de maio, os nossos salários publicados, várias políticas estabelecidas, relacionamento com fornecedores, investidores, uma política anticorrupção bem estabelecida, uma política de riscos bem estabelecida. Tudo isso permite com que nós possamos, ao identificar os problemas, poder atuar de uma forma mais direta e objetiva.

Por outro lado, também os nossos projetos ligados ao voluntariado, a Celesc entende que não é só fornecer o serviço de energia, mas sim fornecer melhor qualidade de vida pra todos aqueles que se envolvem com a empresa, desde funcionários até os nossos clientes. Nós temos uma série de projetos, como os projetos ligados a eficientização energética, como o projeto Jovem Aprendiz, que a cada 2 anos traz cerca de 200 jovens carentes pra dentro da empresa pra ter a sua primeira oportunidade de emprego, mais de 1400 jovens já foram aqui formados.

Temos também o nosso projeto chamado Celesc Voluntária, que nos finais de semana permite que os funcionários vão pra creches, asilos, escolas e nós mesmos fazemos a reforma , interagimos com a sociedade local, com as pessoas daquele entorno pra dar a nossa contribuição livre e espontânea pra uma construção de uma melhor qualidade de vida pra todos. Esses compromissos todos fazem com que a Celesc se engrandeça e engrandeça principalmente aqueles que orbitam ao nosso redor e que precisam da nossa energia pra cada vez produzir mais emprego e renda e termos melhor qualidade de vida.

Colaboração Paulo Luís Cordeiro/Portal da Ilha/AECODI

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